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domingo, 14 de junho de 2009

O BLOG da Petrobrás

Está havendo uma grande celeuma na imprensa a respeito do Blog da Petrobrás. Basicamente o argumento é o de que a empresa estaria violando o trabalho dos jornalistas, ao mostrar uma versão dos fatos que é diferente da versão "oficial" que pauta a imprensa escrita, falada e televisada.

Jornais como Folha de São Paulo e O Globo, além da própria ANJ, acusaram o blog de “intimidar e impedir a liberdade de imprensa” (leia aqui). Em O Globo, acusaram a empresa de estar atuando ilegalmente.

Que pena que eles ainda pensem assim. Por vários motivos.

O primeiro, óbvio, é que não há nenhuma ilegalidade no que a empresa está fazendo. Ela está mostrando o material colhido nas entrevistas segundo um ponto de vista diferente do que os jornais usam. Nem melhor, nem pior. Apenas diferente. Se os jornais não gostam, que o denunciem, o contestem, o desmascarem. Mas não aleguem haver ilegalidade nisso.

O segundo, mais sutil, é a fragilidade percebida. Notem que o velho "jornalzinho", as "notas de imprensa" e anúncios televisivos, para citar alguns dos outros meios de divulgação que a empresa pode usar, não foram alvo das críticas. Apenas o Blog. Percebe-se aí um certo temor da grande imprensa frente ao poder da mídia desorquestrada, caótica, sem dono, mas de alcance cada vez maior: a Internet.

Com efeito, o poder dos grandes meios de comunicação, não obstante ainda seja muito grande e digno de respeito, vem sendo forte e, a cada vez mais, decisivamente minado pela comunicação não pautada, não dirigida, e portanto mais democrática, da Internet.

O primeiro exemplo que tenho notícia disso foi no plebiscito do desarmamento. A Rede Globo encampou a campanha pelo desarmamento (eu também!). Todo o seu elenco atuou ali. E eles começaram na frente nas avaliações dos institutos de pesquisa. Mas o debate prosseguiu e mesmo apoiados pela principal emissora de televisão do país, no final foram vencidos pela outra proposta (infelizmente).

Em 2006 o então candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, teve apoio quase declarado da emissora. Além do de muitos outros membros da grande imprensa como Folha de São Paulo, O Estadão, etc. Todavia, apesar de conseguir emplacar um improvável segundo turno naquelas eleições, acabariam desistindo ao perceberem que a batalha estava perdida.

Porém, não desistem de acumular notícias ruins contra o governo federal, tentando diminuir sua popularidade.

Até a queda do avião da TAM foi apresentada como o fato de que "esse governo assassinou 199 pessoas".

E, apesar de tudo isso, a popularidade do presidente persiste.

Acho importante ressaltar aqui que eu, pessoalmente, preferia que a escolha fosse pelo desarmamento. E também acho que o Presidente Lula (que não foi meu candidato no primeiro turno de 2006), apesar de ter sido muito melhor do que seus antecessores, não mereçe os índices de aprovação que atualmente possui.

Mas gosto de saber que a grande imprensa não está mais pautando a opinião pública da mesma forma que já fez outrora. Gosto que as pessoas se informem pela Internet. Que não tem uma só opinião, um só dono, uma só ideologia política. A Internet, a "blogosfera", é o lugar do plural, onde todos podem dizer o que desejam. Onde o debate acontece, portanto, da maneira mais franca, transparente, esclarecedora.

Por isso, embora acredite que toda e qualquer denúncia a respeito da conduta da Petrobrás mereça ser investigada, e entenda que essas investigações servem a todos os brasileiros, verdadeiros donos que somos da petrolífera, também não posso deixar de apoiar a iniciativa da empresa de mostrar a sua própria versão dos fatos, o contexto em que as entrevistas foram feitas, as interpretações alternativas que podem ser feitas de tudo o que é dito em entrevistas, e de todos os fatos que surgem.

Porque isso é o contraditório, elemento fundamental do debate. A grande imprensa não tem do que reclamar.

Parece que eles estão tendo um pouco de dificuldade em lidar com as novas formas de comunicação em massa. Precisam se acostumar com a Internet. Com a "blogosfera". Com a pluralidade de opiniões e de expressões.

Com a democracia.

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