O impeachment é inevitável.
O STF não o deterá, seja por fidelidade à independência do legislativo, seja por covardia, seja por alinhamento político, ou por qualquer motivo. E o Senado permanecerá de ouvidos moucos aos argumentos, por mais fortes e coerentes que sejam. Porque, salvo (duvidosas) exceções, o interesse ali não é apurar a validade das acusações. Muito pelo contrário: trata-se de defender a retomada do poder a qualquer custo.
O STF não o deterá, seja por fidelidade à independência do legislativo, seja por covardia, seja por alinhamento político, ou por qualquer motivo. E o Senado permanecerá de ouvidos moucos aos argumentos, por mais fortes e coerentes que sejam. Porque, salvo (duvidosas) exceções, o interesse ali não é apurar a validade das acusações. Muito pelo contrário: trata-se de defender a retomada do poder a qualquer custo.
Quem não perde no voto desde o século passado, perderá por
outras vias. Qualquer uma serve.
Com alguma culpa, é importante que se diga. O governo e o PT
cometeram pecados graves tanto na leniência com a corrupção quanto no
relacionamento com o Congresso Nacional. Erros oriundos de pouco pragmatismo,
de alguma arrogância, de muita ingenuidade. Erros que os livros de História estudarão
nos anos vindouros.
Qualquer tomada de poder abrupta, rompendo com a normalidade
democrática – o que em muitos dicionários (esses autores “comunistas
bolivarianos”) pode aparecer como definição de Golpe – deixa seqüelas em
vencedores e em vencidos.
A rejeição ao governo que se instalará será grande. Claro
que haverá um grande esforço da mídia e de centros organizados do empresariado (leia-se
FIESP) para dar uma agenda positiva e reverter o quadro. Mas não será fácil.
O governo Temer será povoado, em níveis de poder, com o que há de mais podre na política
brasileira, restando saber se o pior deles está na postura conservadora ou na folha
criminal. O “Novo” governo estará, assim como esteve Dilma, sob ameaça constante
do Congresso e da Justiça.
Além disso, os movimentos sociais estão se preparando para
uma longa batalha. Haverão passeatas, vias bloqueadas, greves, manifestações,
invasões, o escambau. Estarão agindo insistentemente em todo o Brasil. Sem tréguas.
Dentro ou fora da Lei, pouca diferença fará para eles. Estarão lá, fazendo de
tudo para desestabilizar o governo.
Dentro deste cenário caótico – sim, o país estará mergulhado
no caos político e administrativo pelos próximos meses – o cenário econômico não
tende a melhorar rápida ou espontaneamente. Tampouco rapidamente. O governo Temer será
portador de medidas amargas e de efeito lento, talvez incipiente.
Este cenário, não sugere que o governo Temer corre o risco
de fracassar. É certo que ele fracassará. Serão meses – no limite de dois anos
e meio – em que o rancor do lado que perdeu, somado à ilegitimidade flagrante
do lado que venceu, tornarão a vida dos dois lados, e de quem não tem lado também,
cada vez mais difícil.
O único alento é que este golpe tem prazo de duração. Novas
eleições virão em 2018 e, apesar do cenário ter sido artificialmente alterado,
espera-se que alguma normalidade nos visite a partir de então.
Mas daqui até lá muita água ainda vai passar debaixo da
ponte.
Esgoto puro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente aqui