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quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Charge

A PEC 241 e a volta ao passado.

Latuff. Como sempre, genial.


quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Porque a PEC 241 é péssima para todos nós.

Tornamo-nos o país do Fla-Flu. Ou do Ba-Vi.

Aqui, se não torcemos por um lado, então necessariamente torcemos pelo outro. Obviamente, não é necessário que eu desenvolva um único milímetro de raciocínio para que percebamos que esta lógica é totalmente desprovida de fundamento.

Mas é assim que as coisas estão. Se não está com o governo, está com a oposição. Se não está com o PT, está com o governo golpista. Se não apoia o governo, está querendo a volta do PT.

Será mesmo que não há mais do que duas cores neste matiz?

Então, venho provocar os estudantes, os “meus” estudantes, de Ciência da Computação, a uma reflexão sobre a PEC 241, a famosa “PEC do Fim do Mundo”, ou “PEC da Salvação do Brasil”, a depender de que lado do Ba-Vi você está.

A PEC prevê que, por “necessidades especiais da Economia”, será necessário congelar os gastos públicos por 20 anos.

sábado, 8 de outubro de 2016

PEC 241: licença para Matar o Estado


A PEC do congelamento está sendo "defendida" com o argumento do controle de gastos públicos, e que isto será bom para todo mundo.

Mas é uma falácia.



Claro que é bom haver controle dos gastos. O problema é encerrar a discussão nesta afirmação truísta.

Experimentaremos, nos próximos anos (talvez a partir de 2018) uma forte recuperação da economia. Os indícios apontam isso, e é o que costuma acontecer com países que enfrentam recessão: suas economias disparam em seguida.

O PIB e a arrecadação aumentarão muito. E muito acima da inflação. Serão alguns anos como os do governo Lula e o primeiro governo Dilma.

Então, tolamente, quando esses dias chegarem, desejaremos mais hospitais, mais investimentos sociais, mais escolas, melhoria nos programas sociais, etc.

Mas a PEC estará lá, tornando Lei a eterna má vontade de nossos governos: não usarão a arrecadação mais generosa para melhorar a vida das pessoas e ainda usarão a desculpa da Lei para isto.
Terão, literalmente, Licença para Matar o Estado.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Aos vencedores, a inveja

Rui Tavares.
Original aqui.

Os vencedores do golpe parlamentar no Brasil não fazem a mais pálida ideia do que fazer com a vitória.

Os vencedores mais avisados do golpe parlamentar no Brasil já devem, por estas horas, invejar Dilma Rousseff. Invejam-lhe a serenidade com que se defendeu no Senado Federal, a firmeza com que expôs os seus argumentos, o respeito que ganhou no Brasil e mundo fora pela distinção que há entre ela e os seus grotescos adversários no Congresso.



quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Eis o Golpe


Pronto.

Golpe consumado.

Estou triste. Mas orgulhoso.

Fiquei do lado da Democracia. Não aplaudi o Golpe de Estado.

Golpe que começou com uma chantagem, foi conduzido pelos políticos mais corruptos com os interesses mais escusos, e culminou com a entrega do poder àqueles que, no voto, não o conseguiram. Mas agora estão lá, implementando uma agenda política que foi recusada nas urnas.

Golpe na Forma e no Conteúdo.

Não lhes guardarei ódio. Porque, afinal, vi o quanto o ódio consegue cegar as pessoas e fazê-las mutilarem a si mesmas sem sequer perceber isto. Apenas ansiosas por sentir o gosto de sangue.

E estarei ao lado dos mutilados que, hoje, comemoram o sangue nas suas bocas. Sei que estaremos juntos em breve, lutando pelo que eu já luto hoje.

Perdi eu, os brasileiros, a Democracia. Mas não faz mal.

Amanhã olharei os meus filhos nos olhos e contarei a eles que, apesar de tudo, permaneci do Lado certo da Luta. Estaremos, eu e eles, orgulhosos disso.

Sem culpa. Sem mágoa. Combati o bom combate. Como disse Darci Ribeiro, estava do lado derrotado, mas foi melhor assim.

Não ficaria feliz de estar ao lado dos que venceram.

domingo, 7 de agosto de 2016

Então não é Golpe?

O impeachment começou por causa de uma vingança movida por um crápula, à qual a presidenta não cedeu. Motivação nada republicana.

O impeachment foi sustentado por políticos que precisavam tirar Dilma para "estancar a Lava Jato". E esses caras vão julgá-la!

O "crime" atribuído à Presidenta é negado pelos juristas, pelos professores e estudantes de direito, pela auditoria do Senado e pelo MPF. Mas incrivelmente ela será condenada assim mesmo. E pior: pelos políticos que eu mencionei no parágrafo anterior. Aqueles, que estão interessados que ela saia para se livrarem da Justiça! Como ver isto como algo republicano?

Como resultado do impeachment, chega ao poder central um grupo político que não vence as eleições desde o século passado. E eles chegam implementando uma agenda da Direita, que havia sido RECUSADA NAS URNAS.

Se isto não é um Golpe de Estado, então eu não sei que nome se dá.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

As eleições de 2018 e o "risco Lula"



por Marcos Villas-Bôas
Original aqui.

Como nos últimos 13 anos, o futuro do Brasil e da esquerda está nas mãos de Lula, agora mais do que nunca. O país vive um grave momento de inflexão e, até o final de agosto, decidirá o impeachment da Presidente Dilma Rousseff, o segundo em menos de 30 anos.



Os próximos 35 dias serão decisivos para o Brasil, que continuará em crise até 2019 se um novo Presidente, mais preparado e que não tenha relação com as investigações em curso, não assumir antes disso.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

O que estará em jogo no julgamento do Senado

Roberto Amaral
Original aqui

Reuniu-se no Rio de Janeiro, em 19 e 20 de julho, o "Tribunal Internacional pela Democracia no Brasil", iniciativa que deita raízes no Tribunal Russell-Sartre sobre os crimes de guerra dos EUA no Vietnã, seguidamente reunido para julgar os crimes das ditaduras na América do Sul ('Tribunal Russel II', Roma 1974, Bruxelas 1975, Roma 1976), e que culminou, por suposto, com a condenação do regime militar brasileiro.



Sobre o Tribunal do Rio em si, ouviu-se o silêncio sepulcral de nossa grande imprensa, "dopada com tranquilizantes", como observa Jânio de Freitas. Nem uma só palavra sobre a presença, entre nós, de juristas europeus, norte-americanos e latinos. E, por óbvio, nem uma linha, nem um segundo de rádio ou de televisão.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

"Defender" o PT?

Amigos que me cobram estar defendendo o PT, e seu governo tão corrupto. Cumpre, muito educada e respeitosamente, esclarecer.

Sim, o PT prometia um discurso de mudança. E este pecado, o da traição, deveria ser sua maior dívida. Mas precisamos ver com clareza.

O PT não foi diferente no quesito corrupção. Ponto. Isto deve ser denunciado e cobrado. Mas na medida certa: não mais do que cobramos dos outros corruptos.

É o que eu faço. Errado é querer atacar mais o PT do que os demais partidos e governos, como se o PT fosse pior do que os outros neste quesito. Não é. E estão aí as delações, as listas e as planilhas para comprovar.

Então, por favor, não confundam minha cobrança de que a Justiça chegue aos demais assim como chega ao PT com "defender o PT".

É o contrário: quem se regala e se conforma em ver a Justiça agir apenas contra o PT é que está defendendo os demais corruptos.

Outro ponto é além da corrupção. O PT prometeu que seria diferente, e foi diferente, sim.

Por favor, olhe para sua cidade, seu estado, seu país, e responda para si mesmo.

Aí tem SAMU? Aí Universidade Federal? Aí tem Escola técnica? Aí tem Farmácia Popular? Aí tem Minha Casa Minha Vida? Tem Mais médicos? Tem bolsa família?


Volte aos tempos anteriores ao PT e se pergunte: quantas dessas coisas eram sequer pensadas em existir 15 anos atrás?

Então, sim. O PT prometeu coisas diferentes e sim, ele cumpriu. Não na medida em que desejávamos, evidentemente. Mas muito além do que qualquer um dos seus antecessores.

Todavia, amigo, por fim, mas não menos importante, vem a questão da legalidade.

Não é defender o PT quando se defende o respeito aos votos que Dilma recebeu. É defender a Democracia.

Não é defender o PT quando se defende que Dilma não pode ser afastada sem crime comprovado contra si. É defender a Legalidade.

Não é defender o PT quando se defende que Dilma deve ter o direito de arrolar testemunhas, apresentar perícias, e o que for necessário para exercer sua ampla defesa. É defender o Estado de Direito.

Esta opinião é do planeta inteiro: juristas renomados, estudantes e professores de direito, imprensa (internacional, é claro). Intelectuais, artistas, o escambau.

E tudo isso está sendo jogado no lixo agora. Porque a sede de sangue das pessoas precisa ser saciada, e a conveniência é que seja o sangue de Dilma, de Lula, do PT. Para que esta sede seja aplacada, e para entregar o Planalto ao grupo que não conquista o poder pelo voto desde o século passado, estamos jogando fora décadas de conquistas democráticas.

Conquistas que eu vou defender sempre.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Sobre Impeachment, ADUSC e Golpe

O momento atual da política brasileira vem colocando a todos nós individualmente, e às nossas mais diversas organizações sociais e sindicais, um desafio: posicionar-se ou não frente ao processo de impeachment que está em curso no Parlamento. Com a ADUSC, portanto, não poderia ser diferente. Afinal o momento chegou. Estamos chamados a nos posicionar, enquanto Sindicato ou Associação, a respeito deste momento histórico.

Parece que há um entendimento, já discutido em nível de ANDES, de que a opção é não se posicionar. Os argumentos são numerosos, mas em linhas gerais dão conta de que nem o governo anterior, protagonizado por Dilma Roussef, nem o governo atual, protagonizado por Michel Temer, merecem qualquer aplauso do Movimento Docente. O que é um fato. Parece ingenuidade esperar que algum desses atores se aliem a nós na defesa da Universidade Pública, Gratuita e Socialmente referenciada que queremos.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

O Golpe ficou por um fio

Não há dúvidas que a decisão de Waldir Maranhão não tem fundamento. Mas a falta de fundamento a que se alude refere-se à sua extemporaneidade.

De fato, com o processo já tramitado na câmara, não há sentido em revogar parte dele. Renan Calheiros tem razão. Aliás, a condução do processo no Senado, por parte dele, é irretocável.

Mas que Maranhão deu um baita susto na turma do golpe, lá isso deu.

Porque de fato houve flagrantes vícios na condução do processo na câmara. Coisa que até o anti-PT mais aguerrido, se lhe sobrar alguma serenidade, precisa reconhecer.

Eduardo Cunha atropelou o impeachment na câmara garantindo seu resultado

sábado, 7 de maio de 2016

Dia das Mães

Não tenho duas vidas. E mesmo que tivesse, não seriam comparáveis aos meus tesouros.

Porque cada um deles é muito maior do que eu, e do que minha vida.

Eles são o que de mais precioso Deus me concedeu.

Infinitamente protegidos. Cada um com sua guardiã.

Mãe.

Por quem, e por que, eu sou e sempre serei infinitamente grato.

Obrigado, Vânia.

Obrigado, Rosa.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

E depois do Impeachment?

O impeachment é inevitável.

O STF não o deterá, seja por fidelidade à independência do legislativo, seja por covardia, seja por alinhamento político, ou por qualquer motivo. E o Senado permanecerá de ouvidos moucos aos argumentos, por mais fortes e coerentes que sejam. Porque, salvo (duvidosas) exceções, o interesse ali não é apurar a validade das acusações. Muito pelo contrário: trata-se de defender a retomada do poder a qualquer custo.

Quem não perde no voto desde o século passado, perderá por outras vias. Qualquer uma serve.



Com alguma culpa, é importante que se diga. O governo e o PT cometeram pecados graves tanto na leniência com a corrupção quanto no relacionamento com o Congresso Nacional. Erros oriundos de pouco pragmatismo, de alguma arrogância, de muita ingenuidade. Erros que os livros de História estudarão nos anos vindouros.

sábado, 23 de abril de 2016

Miguel de Cervantes e o Brasil

Urariano Mota
Original aqui

Neste sábado, completam-se 400 anos do falecimento do gênio Miguel de Cervantes.  É claro que só no sentido do corpo físico dizemos que falece um artista máximo da humanidade. O fundamental é que no mundo inteiro hoje se lembra a continuação viva de Cervantes em sua obra-prima, o Dom Quixote. Sem dúvida, o maior e melhor romance já escrito, digno de ser prova da existência do homem, quando mais nada existir.


Perdoem o que pode parecer uma orquestra de clarins. Se assim parece, compreendam. Um clássico da altura de Miguel de Cervantes é sempre moderno, para nós ele acaba de escrever agora mesmo, nesta hora. Assim, penso não ser um abuso a relação que estabeleço entre o Dom Quixote e o Brasil destes dias, quando uma presidenta honesta sofre impeachment comandado por um desonesto notório. Se não, observem na primeira parte da obra:

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Carta aos Ministros do Supremo

Luis Nassif
Original aqui.

Como é que faz, Teori, Carmen Lúcia, Rosa Weber, Celso de Mello, Luís Barroso, Luiz Fachin? Como é que faz? Não mencionei Lewandowski e Marco Aurélio por desnecessidade; nem Gilmar, Toffoli e Fux  por descrença.

Antes, vocês estavam sendo levados por uma onda única de ódio preconceituoso, virulento,  uma aparente unanimidade no obscurantismo, que os fez deixar de lado princípios, valores e se escudar ou no endosso ou na procrastinação, iludindo-se - mais do que aos outros - que definindo o rito do impeachment, poderiam lavar as mãos para o golpe.

Seus nomes, reputações, são ativos públicos. Deveriam  ser utilizados em defesa do país e da democracia; mas, em muitos casos, foram recolhidos a fim de não os expor à vilania.

Afinal, se tornaram Ministros da mais alta corte para quê?
Os senhores  estarão desertando da linha de frente da grande luta civilizatória e deixando a nação exposta a esse exército de zumbis, querendo puxar de novo o país para as profundezas.

Não dá mais para disfarçar que não existe essa luta. Permitir o golpe será entregar à selvageria décadas de construção democrática, de avanços morais, de direitos das minorias, de construção de uma pátria mais justa e solidária.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Fracassar e Vencer

Muitas vezes perdemos.

Ontem perdeu o Brasil.

A legião mais corrupta da política brasileira atuou com velocidade e destruiu um governo que, em tudo, até mesmo no quesito corrupção, é muito melhor do que seus algozes.

Venceram os ímpios. 

Perdeu o Brasil.

Perdi eu.

E perderei de novo, todas as vezes que eles vencerem.

Mas, assim como Darcy Ribeiro, prefiro assim.

Detestaria estar do lado desta laia de vencedores.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

No day after, Lula

Wagner Iglecias
Original aqui.

Vamos lá, a mais um exercício de futurologia: se eventualmente aprovado o processo de impeachment na Câmara no próximo domingo deverá recomeçar no minuto seguinte a caçada ao ex-presidente Lula. Seja para cassar seus direitos políticos ou para efetivamente recolhe-lo a algum presídio.



Se para uma parcela importante da sociedade, formada pelos grandes meios de comunicação (e a classe média que serve de caixa de ressonância para suas teses e interesses), pelo mercado financeiro e por instituições patronais como Fiesp, Firjan e CNI, o governo Dilma não tem mais condições políticas de continuar, para outra parcela importante da sociedade, formada pelas esquerdas, pelos movimentos sociais, pela intelectualidade e pela mídia independente o governo Temer não reúne condições políticas, éticas e jurídicas sequer para começar.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Xadrez?

É como um jogo de xadrez.

As Brancas avançaram com as Torres-Imprensa e com os Cavalos-Polícia enquanto as Pretas, acovardadas, apenas faziam movimentos evasivos.

O Bispo-Juiz, sempre guardado por um ou mais Cavalos, e com apoio das Torres, foi avançando e capturando as principais peças Pretas. Uma a uma.

Mas o Bispo não sabe que, na estratégia do jogo, não é ele quem importa.




Mais alguns movimentos, Cavalos e Bispo acusam Xeque. Quase!

quinta-feira, 17 de março de 2016

Quando um Juiz vai além

Os grampos divulgados ontem, dia 16 de Março de 2016 na Globo apontam para rumos bastantes incertos no Brasil.

O resultado político é óbvio: primeiro, deu mais um chute no cachorro morto, que é o Governo Dilma. Sim, precisamos dizer a verdade: desde domingo Dilma não governa mais o Brasil (leia aqui).

Segundo, deu um grande golpe no embrionário governo Lula. Sim, o governo que se inicia, ou que estava se iniciando, era comandado pelo Presidente Lula.Se já estava em maus lençóis, agora está encalacrado de vez.

Postas as obviedades de lado, o ponto é outro.

Há alguém que ainda defenda a idoneidade do Juiz Sérgio Moro?

Um dos exercícios mais elegantes que conheço na Ciência é a demonstração pelo absurdo. Para provar que uma hipótese é falsa eu inicialmente assumo que é verdade. Então mostro que a lógica me conduz a um absurdo.Este resultado demonstra que a hipótese que eu supus verdadeira, na verdade não pode sê-lo. É falsa.

Vamos imaginar que o Juiz Moro seja um grande paladino da Justiça. Aquela moça bonita, que é cega. E que, por isso, desce sua Espada apenas ao sabor da Balança.

Até anteontem, dia 15 de Março de 2016, restavam perguntas difíceis para o Juiz Moro responder. Se a Justiça dele é cega, porque insistentes vazamentos aconteciam, sem serem devidamente apurados e repreendidos? E porque estes vazamentos sempre pendiam contra um partido e um governo, havendo tantos opositores igualmente envolvidos? Se a Justiça dele é cega, como explicar que as delações e as suspeitas diversas que recaiam sobre políticos da oposição eram sistematicamente ignorados, enquanto os do governo eram investigados a fundo, resultando em processos e prisões?

Tudo isso já era difícil de responder. Parecia que a Justiça dele não era cega, mas caolha. Tinha um olho bem aberto, que olhava por um dos lados.

Esta tese, apesar de robusta, sempre foi combatida com o argumento de que os políticos da oposição seriam investigados "depois". Além de pueril, esta ideia não se sustenta frente à lógica: porque investigar depois o que pode ser investigado agora? Como ignorar que esta decisão, a de investigar a oposição "depois" tem um resultado político imediato, que favorece francamente a oposição?

Mas ainda assim a Tese sobrevivia. Se fosse vivo, Francis Bacon diria que as pessoas se agarrarão nela porque preferem esta verdade àquela que os Fatos apontam.

Só que agora não há mais como sustentar. Após divulgar os grampos (possivelmente criminosos) feitos na presidência da República, o Juiz Moro conseguiu alcançar alguns objetivos políticos importantes para a oposição: inflamar ainda mais as pessoas contra o governo, impor mais uma saia justa à presidenta Dilma, dificultar o início do governo de Lula, que doravante terá imensa dificuldade em se articular com os demais poderes. Foram muitos os objetivos que o Juiz Moro, sabido como ele só, conseguiu alcançar com o vazamento dos grampos. A pergunta é: algum deles é jurídico?

A motivação de Moro, escancaradamente política, está efetivamente evidenciada agora. Provavelmente ainda haverá quem insista em negar o óbvio. Naturalmente. E uma imensa quantidade de pessoas vai se apegar às suas crenças e negar o óbvio. Naturalmente. Estes, que Francis Bacon os tenha.

Porque a lógica tem esta vantagem: ela se impõe mesmo que insistamos em não vê-la. E a Lógica, neste caso, é implacável. O Governo Dilma acabou, o Governo Lula não começou. E a oposição, mais o Juiz Moro, conseguiram seus objetivos claramente políticos: acuaram o PT. Mas o custo pode ter sido muito alto.

O nosso Estado Democrático de Direito.

domingo, 13 de março de 2016

O último

Frente às manifestações deste domingo, 13 de Março de 2016, a constatação é inegável, por mais dolorosa que possa ser:  O governo Dilma acabou.

Acabou sem nunca ter começado de verdade. Acabou sem nunca ter tido sequer a chance de errar e acertar. Acabou dentro de, entre outras coisas, uma enorme injustiça. Mas acabou.

Porque um governo popular, que se volta para necessidades das pessoas, é capaz de resistir aos ataques da imprensa que lhe faz oposição sistemática, tendenciosa e, muitas vezes, verdadeiramente mentirosa. Também consegue resistir a um judiciário partidário, que prescinde de provas para condenar, que investiga, pune e prende de maneira seletiva, que permite "vazamentos" sempre nocivos ao governo. Também pode resistir ao ódio insuflado pela oposição, desonesta e oportunista, que faz circular boatos sem fundamento, faz as acusações mais esdrúxulas impune e sorrateiramente, que não demonstra a menor responsabilidade com as consequências de sua insanidade.

Mas um governo popular não pode resistir à impopularidade. Principalmente se, além dos fatores citados no parágrafo anterior, esta impopularidade também for causada por escolhas do próprio governo, que simplesmente virou as costas para as bandeiras que o elegeram. Para um governo assim, simplesmente não há possibilidade.



A culpa do fim do governo Dilma é da Imprensa, que levará anos para recuperar sua imagem arranhada. É da Justiça, flagrante e repetidamente demonstrando sua parcialidade. É da Oposição, e sua campanha irresponsável de ódio. Mas é do governo Dilma também. Porque escolheu conviver com os abutres, afastando-se dos que eram verdadeiramente seus. Esta é, talvez, a grande lição que vai ficar para a História.


segunda-feira, 7 de março de 2016

A Jararaca não morreu. Ela vai viver?

"Se tentaram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo. A jararaca tá viva, como sempre esteve"

Esta frase emblemática do Presidente Lula vai para a História.



Aliás, é isto o que estamos vivendo neste momento: a História sendo escrita. Daqui a muitas e muitas décadas os relatos deste momento ocuparão parte das páginas mais importantes dos livros de História.

O desfecho da operação Lava-Jato pareceu ter sido finalmente alcançado na sexta-feira, dia 04 de Março de 2016. A imagem da Polícia Federal e de procuradores de Justiça cercando  o Presidente de todas as maneiras foi muito forte. Residência, Instituto, e nem mesmo um depósito foram poupados.

Por um bom tempo pareceu que o objetivo - sim, ninguém que tenha qualquer senso crítico ainda duvida do verdadeiro objetivo da Operação Lava-Jato, que é devolver o poder ao grupo que não o conquista pelo voto desde o século passado - estava alcançado. Excluído Lula do jogo de Xadrez, é só deixar Dilma continuar a sangrar até o desfecho final.

Mas não aconteceu.

domingo, 6 de março de 2016

A Lava Jato atravessou o Rubicão

Luis Nassif
Original aqui.


A Lava Jato atravessou definitivamente o Rubicão, com a história da condução coercitiva de Lula para prestar depoimento.


A nota de Moro – transferindo a responsabilidade do pedido ao Ministério Público Federal, conclamando por tolerância e compreensão “em relação ao outro lado” mostra o risco de se colocar a estabilidade política do país na dependência de um grupo de investigadores provincianos, conduzidos pelas cenouras do Jornal Nacional.

Mas fornece elementos que levam a um desfecho imprevisível para nosso jogo de xadrez.

Peça 1 - A estratégia dos vazamentos

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Com a palavra, os idiotas

 As redes sociais são veículo fundamental para diversas causas, mas libertaram uma fúria reacionária que pode gerar efeitos preocupantes


de Carta Capital
 Original aqui.

"As mídias sociais deram a palavra a uma legião de imbecis que antes só falavam numa mesa de bar depois de uma taça de vinho, sem causar qualquer prejuízo à coletividade". A frase do escritor italiano Umberto Eco, morto na semana passada, não poderia ser mais certeira para o atual momento brasileiro. Em tempos de crise sobram ódio e oportunismo nas redes e falta racionalidade política.

A frase de Eco pode até soar como ideia antiquada de um vovozinho que não entendeu o rolê, que não sabe como as redes deram voz a quem nunca conseguiu falar. Que foi pelas redes que os jovens pediram mais mobilidade urbana, que os LGBTs disseram a que vieram, que as mulheres se organizaram em um novo feminismo. Tudo isso é verdade, mas Eco também tinha sua razão.



A prova é o triunfo cada dia mais eminente de Donald Trump, o fanfarrão perigoso que corre o risco de ser o candidato republicano e até mesmo o próximo presidente dos Estados Unidos. Para quem acompanha de longe, Trump é apenas uma piada de mal gosto, o cara que quer construir um muro entre o México e os Estados Unidos e expulsar os muçulmanos do país.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

O tempo político de Dilma está se esgotando

Luis Nassif.

Original aqui.

Uma análise realista dos possíveis cenários futuros indicam que, em breve, o impasse político-econômico será rompido, ou com um governo de coalizão, ou com o caos.

As peças que compõem esse jogo são as seguintes:



Peça 1 – O tempo político de Dilma Rousseff encurtou consideravelmente.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

O Zika, a Microcefalia e as teorias "zica".

É impressionante a quantidade de teorias da conspiração que surgem quando algum assunto se torna notícia. Em tempos de Internet e Redes Sociais, então, isto ganha proporções épicas.

O caso dos bebês com Microcefalia associados a gestantes que contraíram o Zika vírus é o exemplo mais recente e, com certeza, um dos mais emblemáticos.



As teorias são, ninguém pode negar, surpreendentemente criativas: a causa da microcefalia seria um agrotóxico, ou então a vacina contra HPV, ou rubéola. Ou então uma exposição a agentes radioativos... provavelmente muitas outras "teorias" virão a reboque.

Mas é importante não perdermos o foco e mantermos, serenos, o pensamento o mais cético e o mais racional possível.

Uma rápida visita sobre os fatos que se desenrolaram dão mais clareza ao cenário.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

A Bomba H da Melhor Coréia é uma ameaça para o mundo?

Por Carlos Cardoso
Original aqui.

Ontem sismógrafos detectaram um tremor de 5,1 localizado na Melhor Coréia, na região onde eles realizam testes nucleares subterrâneos. A confirmação veio em um anúncio em rede nacional na TV de lá, teria sido detonado com sucesso o primeiro dispositivo termonuclear norte-coreano. A internet, como sempre, entrou em desespero. Gente honestamente em pânico achava que o mundo ia acabar, que iriam atacar os EUA, que os EUA iriam atacar a Coréia, que havia pânico em Seul, blá blá blá.


Mais uma vez a memória de peixinho dourado da internet é a principal fonte de pânico. Ninguém lembra que reagiu da mesma forma com a bomba de 2013, com a de 2009 e com a de 2006. Ninguém lembra que ter uma bomba é legal mas se você não tiver como levar até o alvo, ela é um belo objeto decorativo e nada mais.