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domingo, 30 de agosto de 2009

Pressionar a COELBA

Eis que a COELBA aparece a dar explicações a respeito da qualidade do serviço de fornecimento de energia elétrica que presta à cidade de Ilhéus. Finalmente! Leia aqui e aqui para ver que a COELBA se explicou à câmara de vereadores, à prefeitura e, indiretamente, a uma série de representantes da sociedade organizada da cidade.

Mas é pouco. Muito pouco mesmo quando se vê que o serviço de péssima qualidade que a empresa presta na cidade vem afetando praticamente a totalidade das pessoas do município. UESC e Universidades Particulares, CEPLAC, Escolas públicas e particulares, comércio, indústria, hotelaria, restaurantes, residências. É indistinguível o grupo de cidadãos que vem sendo prejudicados pelas mazelas no fornecimento de energia prestado pela COELBA.

Que não se acuse, portanto, a empresa de ser sectária ou preconceituosa. Isso seria uma injustiça. A COELBA presta um serviço com qualidade abaixo do mínimo a todos os segmentos da cidade. Ilhéus como um todo, indistintamente, recebe o mesmo péssimo serviço de fornecimento de energia elétrica.

Dessa forma, acho que não cabe mais à empresa estar dando explicações a grupos específicos. A empresa precisa ser interpelada por todos os segmentos da cidade indistintamente. Porque a péssima qualidade é disseminada por todos. Porque os prejuízos são acumulados por todos. Assim, a empresa deve satisfações e compensações a todos.

O caminho mais adequado, então, deve ser uma ação civil pública. O Ministério Público precisa convocar a COELBA a se explicar e a indenizar a população de Ilhéus pela péssima qualidade do serviço prestado. Juntamente à COELBA, também devem ser chamadas às falas a AGERBA e a ANEEL, que são, afinal, responsáveis pela fiscalização, sanção e garantia da qualidade prestada pelos serviços da concessionária.

O sistema de concessão de serviços públicos, como o caso do fornecimento de energia elétrica, se suporta muito numa estrutura regulatória atuante e eficaz. Porque empresas visam unicamente o lucro e, num ambiente sem concorrência, só atuarão satisfatoriamente se estiverem sob pressão.

Assim, sejamos céticos ao ouvir que a COELBA está “sempre a seu lado”.

Quem está lado a lado são os cidadãos, indistintamente prejudicados pela qualidade do serviço.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Dez Estrofes

Bálsamo

Para todo herói que já siga cansado
Apesar de vencendo seguidas batalhas
Resta então o mais doce veneno guardado
Ostentado em segredo, pedrinha canalha
Xisto tão caro, alimento da alma
Enterra bem fundo as dores do amor
Talvez seja esse seu grande segredo
Invencível e quimicamente sem dor
Não vacila ó guerreiro, não há o que temer
Afinal guerrear é somente vencer

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Mais sobre o "Caso Lina"

Já expliquei os motivos pelos quais eu considero inválida a afirmação da Ex-secretária Lina Vieira, afirmando que ela se encontrou com a Ministra Dilma Rousseff para ser pressionada.

Leia aqui.

E agora há novos indícios que explicariam, não só a motivação da ex-secretária, como o que de fato aconteceu. Ouçam essa entrevista, numa emissora da Rede Globo, em que três convidados desmentem categoricamente as alegações da Secretária e esclarecem, entre outras coisas, que:

a) A Sra. Lina Vieira foi demitida por incompetência - não conseguiu, com sua equipe, preparar o planejamento da arrecadação para 2009. Com isso a arrecadação da Receita caiu em 2009, num percentual muito maior do que a redução do PIB nacional.

b) A Sra. Lina Vieira, sim, politizou a receita, pois nomeou para sua equipe uma série de pessoas que são ligadas a ela e ao sindicato que ela compõe, cuja qualidade técnica é contestável.

c) O famoso "pedido de demissão coletiva" dos antigos superintendentes foi apenas uma antecipação para demissões que ocorreriam. Todos pelo mesmo motivo da Sra. Lina: incompetência.

d) Cabe ao ministro da fazenda escolher o secretário da Receita. Isso é atribuição constitucional, não ingerência política.

e) A alegação de que, na gestão da Sra. Lina Vieira, houve um aumento na arrecadação dos grandes contribuintes é falsa, como mostra o ex-secretário da receita (do tempo de FHC), Sr. Everardo Maciel.

f) Everardo Maciel esclare também que a mudança do regime de caixa da Petrobrás não tem nada de irregular, é uma regra criada em 1999 para que as empresas possam enfrentar problemas de desvalorização do Real, e que trata-se de um boato que foi criado para justificar a queda da arrecadação na gestão Lina. Naturalmente, explica o ex-secretário, a queda tem muitos outros fatores que a explicam, entre os quais a crise. Mas a competência da ex-secretária deixou a desejar.

g) Esclarecem também os entrevistados que a Sra. Lina Vieira teria cometido prevaricação, caso a reunião tivesse ocorrido e ela não denunciasse imediatamente.

Assistam o vídeo e entendam.

Mas não considerem o que Mônica Waldvogel diz no início: há uma clara distorção do real conteúdo da entrevista.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Soneto

Lição

Se há um dia que é feito de erro
Também havia de haver o de acertar
Mas acerto que possa reparar
O que esteja torto, sem conserto

Se há um tempo que se fez errado
Que seja então, o Tempo, consertado
Erro passado que insiste, até o presente
Pois o Tempo não mata o erro, persistente

Não te atreves pois, a apostar e errar!
Porque a vida segue, como um rio zangado
E a água só vai, sem voz e sem pecado

Se tens desejo de água limpa e boa
Te lembra disso, toda vida, e sempre
O Rio não se arrepende. A água não perdoa.


Álvaro Vinícius de Souza Coêlho

domingo, 23 de agosto de 2009

E Deu Rubinho!


Não é que meu palpite estava equivocado? Eu apostei na ordem Hamilton, Barrichello e Kovalainen.

E realmente temia que Barrichello fizesse menos do que eu esperava. Mas foram os dois pilotos da Mclarem que conseguiram resultados aqüém do previsto: Lewis ficou em segundo e Heikki em quarto.

Rubens venceu, e fez uma bela corrida, tendo merecido a vitória. Mesmo beneficiado pelo erro da Mclarem nos boxes, a verdade é que Rubens provavelmente venceria a corrida independente desses erros.

A conta é muito simples: Hamilton ficou nos boxes por 6 segundos a mais do que seria normal numa parada. E Rubens, ao voltar de sua parada, estava quase 7 segundos à frente do piloto Inglês.

Mas independente da matemática e dos erros, vale uma menção: foi a centésima vitória de pilotos brasileiros na Fórmula 1. E ela acontece quase 5 anos depois da última vitória desse Rubens "Fênix" Barrichello.

sábado, 22 de agosto de 2009

Pitaquinhos F1: GP da Europa

Amanhã será disputado o GP da Europa de Fórmula 1, direto de Valencia - Espanha, circuito que fica nas ruas de uma marina. A partir dos treinos classificatórios algumas coisas se tornaram evidentes.


1. Luca Badoer não sabe exatamente o que está fazendo ali. E o pior: não sabe como fazer. O seu desempenho foi aquém que todas as expectativas.

Não adianta usar a desculpa de falta de conhecimento do carro porque Jaime Alguersuari e Romain Grosjean também não conheciam os seus respectivos equipamentos (Alguersuari estreou na Hungria) e tiveram desempenho muito superior ao de Badoer. Com certeza falta ritmo de corrida ao italiano, ao contrário de Romain e Jaime que estavam disputando corridas nos últimos meses.

Mas ainda assim é injustificável uma Ferrari ficar, em último lugar, a 1,5 segundos de uma Toro Rosso. Talvez Luca nem devesse disputar o GP. Pode se tornar uma ameaça ambulante aos demais.

2. Romain Grosjean andou muito bem. Tanto que, inclusive, colocou um indício a mais nas suspeitas (suspeitas ou convicções?) a respeito da capacidade de Nélson Piquet (o júnior) pois, apesar de nunca ter guiado consistentemente esse carro da Renault, mostrou desempenho relativamente próximo ao de Fernando Alonso.

Claro que Grosjean não vai andar na frente de Alonso. Até porque o espanhol é o primeiro piloto, e recebe as atenções principais da equipe. Alonso é, também, o melhor piloto do mundo na atualidade. Ocorre, porém, que nas mesmas condições que Piquet, e com muito menos tempo para conhecer o equipamento, Romain já andou mais perto de Alonso do que Nelsinho normalmente conseguia fazer, durante mais de um ano e meio de tentativas.

3. Foi engraçado ver Felipe Massa acertar o pole position sem estar em contato direto com o ambiente, palpitando do Brasil. Evidentemente Felipe possui conhecimentos privilegiados. Mas com certeza ele teve sorte.

4. Para a corrida de amanhã eu aposto em Lewis Hamilton. Porque Heikki Kovalainen não vai incomodar, que ele não é louco. Rubens Barrichello, estando quase 10 quilos mais pesado, poderá parar algumas voltas depois de Lewis. Mas o inglês é rápido e, com seu colega de equipe como escudeiro, deverá conseguir uma vantagem suficiente para não perder a posição. Não há a mínima esperança para Rubens de ganhar alguma posição dos Mclarem na largada porque os dois carros possuem o sistema KERS, permitindo-os partir como foguetes. Rubens sairá em terceiro, e terá que comboiar os dois carros prateados. Isso se os seus pneus não se deteriorarem - coisa que vem acontecendo frequentemente com o carro da Brawn quando a equipe opta por mandá-lo à pista com muito peso.

5. Espera-se boas corridas dos dois pilotos da Red Bull, principalmente Sebastien Vettel. Mark Webber está com muito peso, depende de um pouco de sorte para sua estratégia funcionar. Além desses, Niko Rosberg e Nick Heidfeld, também muito pesados, podem se dar bem, a depender das circunstâncias da corrida.

6. Interessante vai ser assistir à corrida de Jenson Button, que precisará correr com inteligência, mirando em seus adversários diretos na luta pelo campeonato, que são os pilotos da Red Bull. Jenson precisará se manter muito perto de Vettel, já que Webber não deverá ser um grande problema, saindo 4 posições atrás. Só que, além disso, Button também terá que atuar com perfeição, e no instante preciso. É que Sebastien Vettel tem 6 quilos a menos de combustível, e isso deve dar a Button uma ou duas voltas a mais. Terá que ser rápido para estar muito perto de Sebastien, e na hora exata ainda precisará ser perfeito para ganhar a posição dos boxes.

Apesar de ser num circuito que não possibilita ultrapassagens - deverão ser raras - deverá ser interessante o Grande Prêmio da Europa amanhã. Pessoalmente vou fazer uma apostinha: 1o Hamilton, 2o Barrichello 3o Kovalainen. Temo que Rubens não vá corresponder às minhas expectativas.

Amanhã se verá.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O Encontro da Ministra

Não se trata de defender desvairadamente o PT ou a ministra Dilma Rousseff. Longe disso. E, aliás, Deus me livre!

Mas observando atentamente os fatos – eu ainda não tinha reservado tempo para uma análise mais aprofundada, tendo apenas as informações despejadas pela mídia – eu creio que o encontro não ocorreu.

Não sei explicar os motivos que levaram a Sra. Lina Vieira a alegar esse encontro. E pode ser que eu esteja errado. Não obstante, apesar de reconhecer que o depoimento da Sra. Lina Vieira foi coerente e sereno como o dos que falam a verdade, meu intelecto insiste em discordar.

Primeiro porque existem excelentes mentirosos. Não sei se é o caso da Sra. Lina Vieira. Mas também não sei se não é. Concedo-lhe, muito justamente, o benefício da dúvida.

Mas a dúvida começa a cair por terra quando a Ministra, muito rapidamente (e muito inteligentemente também) perguntou candidamente quando e onde foi o encontro.

Ocorre que a essa pergunta, se a secretária respondesse uma mentira, corria o sério risco de se ver entregue. Porque ela – bem como qualquer pessoa – não sabia o que a Ministra estava fazendo em cada um dos dias daquele Dezembro de 2008.

Aqui faço uma análise do pensamento da Ministra e da Secretária. Primeiro considerando a hipótese de que o encontro tenha ocorrido. Nesse caso, seria estúpido a Sra. Dilma Rousseff fazer o desafio à Secretária, instigando-a para dizer o dia e a hora, porque a resposta certamente viria e isso deixaria a versão da Ministra totalmente a descoberto. Da mesma forma, a Secretária não perderia nada em dizer a data e a hora nesse caso. Assim, ou ambas as mulheres possuem intelecto extremamente limitado, ou então a hipótese de que o encontro tenha existido não se sustenta.

A alternativa é que o encontro não tenha acontecido. Esta hipótese explica a ousadia da Ministra, pedindo data e hora, porque sabe que a secretária não poderia responder. Como não respondeu. Porque se respondesse, correria o sério risco de apontar um instante em que a Ministra estivesse comprovadamente em outro endereço. Seria flagrante, por exemplo, se a Secretária apontasse uma data/hora em que a Ministra estivesse viajando, ou reunida com dezenas de testemunhas. Lina Vieira não poderia saber, e não podia arriscar.

Por esse motivo alegou que não se lembrava.

E a imprensa, mais os senadores, mais os comentaristas políticos, entenderam que o encontro poderia ter ocorrido, e se entrincheiraram para usar o fato como disputa política, independente de ser real ou não. Isso explica o comportamento desesperado dos senadores do governo e da oposição no interrogatório a que a Secretária foi submetida.

Dessa forma, considerando os elementos que se tem em mãos, a conclusão que eu chego é que o encontro simplesmente não aconteceu. Se eu estiver enganado, reconhecerei isso publicamente.

Mas de momento não tenho nenhuma dúvida.

Pressão Estudantil

Conversando com algumas pessoas, percebi que certa parcela dos meus interlocutores consideraram um desserviço à comunidade a manifestação dos estudantes na Praça da Prefeitura. Os estudantes exigiam a revogação dos atos do prefeito, um decreto que cassou parte de seus direitos junto ao transporte coletivo público.

De fato, a foto abaixo foi divulgada no site de notícias mais acessado do país, o UOL.


Não obstante, ao contrário de meus interlocutores, eu considero a matéria positiva. Eu acho que é bom para a cidade de Ilhéus ter reconhecida a combatividade de seus estudantes. Numa manifestação extremamente rigorosa e dura, que é a única resposta que merece, dos estudantes, a modificação das regras da meia-passagem.

Mas, não obstante a força demonstrada no protesto, tudo se deu sem nenhuma ocorrência grave de excessos (só de ruído) ou de violência. Livre, autônoma e madura manifestação democrática. A presença da força policial, embora sempre necessária, foi para atuar meramente como observadores.

A manifestação trouxe resultados, já que o prefeito reconsiderou o decreto. Vitória dos estudantes. Vitória, porque não dizer, da cidade. Ilhéus não tem do que se envergonhar nesse caso.

Além do mais, as relações entre as concessionárias de transporte público e as administrações municipais – não é privilégio de Ilhéus - carecem mesmo de certos esclarecimentos. Não é fácil entender, por exemplo, que num cenário em que os custos com salários crescem quase que vegetativamente, e os custos com combustível e manutenção de veículos permanecem praticamente estagnados há vários anos, haja a necessidade de aumentos anuais de tarifa – em alguns casos mais de um aumento por ano.

Uma vez tive a oportunidade de ver a famosa planilha de custos, que é o objeto de estudo determinante do aumento das tarifas: ali os empresários “provam” que seus custos subiram e assim “justificam” o aumento da tarifa.

Tratava-se de algumas folhas de papel ofício com uma série de valores, a maioria abreviados, que para mim não mostrou nenhum significado. Mas efetivamente havia uma seqüência anual (e mensal em outras folhas), sempre crescente, de valores.

Não tenho competência para duvidar do que havia ali na planilha, pois meus conhecimentos em contabilidade vão muito pouco além dos conceitos básicos de partidas dobradas. Mas imediatamente chamou-me à atenção um fato interessante: não havia cotação de preços.

Talvez ali já se tratasse do melhor preço de mercado, mas isso não ficou muito claro. Pareceu que havia um preço único, e uma única condição de aquisição e pagamento dos insumos. Não é tipicamente o comportamento de um mercado competitivo.

Pessoalmente, e particularmente no caso de Ilhéus, acho que o problema do transporte coletivo precisa ser visto numa ótica mais ampla. Em primeiro lugar, não entendo porque ainda não há uma estação de integração na cidade, que poderia funcionar onde hoje está o terminal urbano. Em segundo lugar, é urgente se montar uma região metropolitana com (pelo menos) as cidades de Ilhéus, Itabuna e Uruçuca. Aí se pode planejar linhas intermunicipais, com forte redução de custos e consequentemente melhoria das tarifas.

Tenho certeza que idéias não faltam. Mas tenho também a convicção de que os governos só funcionam sob pressão, mesmo para os pleitos mais elementares. Os estudantes mostraram isso quando fizeram a prefeitura recuar.

Que se pressione então. Mas que se dialogue também.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Série Tabuleiro da Bahia: Abrolhos

Em 1503, a expedição do descobridor italiano Américo Vespúcio passou por essa região e ele anotou na carta de navegação: ‘Quando te aproximares da terra, abre os olhos’. Daí surgiu o nome Abrolhos para designar uma área cheia de recifes de corais (que chegam a ter 15 Km de extensão por 5 Km de largura), com cinco ilhotas de origem vulcânica, à cerca de 70 Km da costa baiana.” (fonte: Abrolhos)

Apesar das poucas oportunidades que tive, sei bem que mergulhar é uma das coisas mais maravilhosas que já experimentei na vida. Nesse sentido, é um prazer mostrar mais esta maravilha da Bahia: o Arquipélago de Abrolhos.

Esse é, aliás, mais um dos pecados que me fazem um baiano fajuto: jamais estive ali. Mas este projeto está, com prioridade alta, dentro dos meus planos.


Em Abrolhos há uma infinidade de surpresas maravilhosas aguardando os visitantes. Surpresas que podem ser encontradas num simples mergulho “estilo livre” (onde se usa apenas o “snorkel”).


Todavia, certamente as maiores maravilhas estão reservadas aos que visitam águas mais profundas no arquipélado. Somente num mergulho autônomo (com cilindro) se pode efetivamente experimentar o que há de melhor ali. Estar no meio da paisagem marinha, hóspede de crustáceos e peixes que ali residem, muitas vezes indiferentes à sua presença, é uma experiência que só pode ser vivida. Jamais descrita.




Entre os pontos de mergulho há um que desperta particular interesse: visitar os destroços de um navio italiano chamado Rosalina, cujo comprimento chega a 93,6 m, e que naufragou nos recifes da região em 1939. Estava transportando sacos de cimento e garrafas de cerveja. Além de estar em bom estado de conservação (dadas as circunstâncias), sua proa quase alcança a superfície, tornando mais fácil o acesso à embarcação.


E, se tiver sorte, então ainda se pode ser agraciado com um deleite único aos olhos e aos ouvidos. Infelizmente não são todos os visitantes que recebem essa graça divina: ter um encontro com uma baleia Jubarte. Que é um espetáculo de se ver, com toda a sua majestade, e de ouvir, o mais belo dos cantos.


terça-feira, 18 de agosto de 2009

Elogiar e Criticar

O clima de insatisfação contra o prefeito Newton Lima é, hoje, já comparável ao que viveu o seu antecessor, o notável desastre administrativo que atende pelo nome de Valderico Reis.

Há um grupo de pessoas, entre blogueiros, políticos, jornalistas e editores de sites de notícias, que entram no discurso do “eu avisei”.

De fato, avisaram.

Eu já declarei que Newton Lima não seria eleito, fosse apenas minha vontade a decisiva no pleito. Mas o foi, pela vontade da maioria da cidade (e de novo a turma do “eu avisei” faz questão de lembrar que as pessoas defenestraram Valderico para eleger seu vice). Isso precisa ser considerado como um dado importante, tanto pelo respeito que devemos continuar tendo pelo mandatário legítimo, quanto pela lição que, se for o caso, se prestará – mais uma vez – aos eleitores de Ilhéus.

Ocorre, porém, que a atuação do prefeito Newton Lima, que é digna de críticas como as que eu mesmo já fiz (leia aqui), também precisa ser reconhecida pelas suas qualidades.

É fato que, mesmo com a evidente dificuldade financeira que a prefeitura está vivendo, há heróicas obras nas áreas de lazer e transporte que, mesmo pequenas, merecem ser reconhecidas. A prefeitura reformulou parte do trânsito da cidade, e tentou soluções para melhorar o tráfego na área central. As medidas incluíam uma mudança no trajeto ao redor da Praça Cairú e o uso da Avenida Soares Lopes para o tráfego de ônibus. Não obstante, a própria comunidade ilheense se encarregou de renegar o trabalho, sem sequer se permitir experimentar as sugestões. E o trânsito permaneceu tão caótico quanto sempre esteve.

Recentemente o prefeito esteve em Brasília, (leia aqui) militando pela solução de problemas como a delimitação das terras indígenas em Olivença, além de colher informações sobre o andamento das ações do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que estão determinadas para Ilhéus, bem como de pendências que precisam ser solucionadas para que nenhuma obra sofra problemas de continuidade. Além disso, envidou esforços para conseguir o re-equipamento da guarda municipal e também de viabilizar o acesso ao Porto do Malhado durante a temporada dos transatlânticos.

Todas essas demandas são estratégicas para o município, e é muito importante que o prefeito milite junto aos quadros mais elevados da política estadual e nacional advogando os interesses da cidade que ele dirige. Isso não pode ser alvo senão de elogios.

Há os que, como o “Sarrafo”, consideram a medida inócua em função da baixa representatividade política dos aliados do prefeito. Mas eventuais erros de estratégia na consolidação de alianças, e a conseqüente falta de resultado dos pleitos do prefeito não desmerecem seus esforços.

A administração do prefeito Newton Lima está aquém dos anseios e do merecimento das pessoas de Ilhéus. Há uma série de equívocos que precisam ser apontados e criticados, na tentativa de rumar a administração para os destinos desejáveis.

Mas não se pode previamente considerar inválidas e equivocadas todas as ações deste governo. Se há o que criticar, também há o que elogiar.

Não é mais o tempo de Valderico Reis.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Stock Car

Haver a prova da Stock Car em Salvador é uma coisa excelente para todos os baianos. E para a categoria, que há muitos anos não corria no Nordeste, em virtude do lastimável estado dos autódromos de Caruaru e Fortaleza.

Com certeza Salvador esteve de fora do circuito do automobilismo nacional por um tempo excessivamente longo e inexplicável. Como uma capital importante – a mais importante do Nordeste – há que existir, em todas as principais categorias do automobilismo nacional, pelo menos uma prova que seja disputada na Bahia.

Salvador como candidata natural, embora a alternativa de usar outras cidades do estado também deva ser estudada, a exemplo do que já ocorre no Rio Grande do Sul e no Paraná, que realizam provas automobilísticas em diferentes cidades do interior. Seria muito bom haver um autódromo em Ilhéus, por exemplo.

O fato, porém, é que o circuito que foi desenhado no CAB (Centro Administrativo da Bahia) é algo de lastimável. Chegou-se ao ponto de determinar a proibição de ultrapassagens na reta principal, bem como impor uma chicane (com zebras altas) que na prática impedia ultrapassagens na reta oposta.

Não precisava ser bidu para prever o que aconteceria: a prova foi uma verdadeira procissão, com os carros andando em fila indiana (nem na largada os carros estiveram lado a lado). Os momentos mais emocionantes ficaram por conta da rodada de Starustick e dois abandonos de pilotos que estavam na primeira posição, o que acabou dando a vitória a Cacá Bueno.

Fila de Carros na Stock Car em Salvador

Não houve, com certeza, uma corrida de automóveis menos atraente nos últimos anos. Nem na Stock nem em categoria nenhuma, com toda certeza. Tédio que, aliás, já havia sido o principal resultado da tentativa de fazer uma prova da antiga Fórmula Renault, daquela feita num circuito desenhado na cidade baixa.

Mas nem tudo são espinhos. O público compareceu e lotou as dependências do circuito, e os promotores gostaram muito dos resultados. Salvador (e a Bahia toda, provavelmente) tem potencial para ser um dos endereços mais atraentes no automobilismo nacional e quiçá internacional, já que há a possibilidade (infelizmente muito improvável) de trazer a Fórmula Indy para a capital baiana.

Mas se a infra-estrutura de apoio foi perfeita, com a excelente rede hoteleira de Salvador e os ótimos serviços prestados pela organização, no suporte à própria corrida, com atendimento médico, sinalização, etc., o traçado em si precisa ser revisto. A Bahia precisa de um autódromo.

A idéia seria construir um autódromo de porte internacional, com múltiplos traçados diferentes (incluído um oval externo para as provas da Indy) e proporcionar um palco para excelentes disputas automobilísticas.

Porque a seria muito bom haver, na Bahia, corridas de automóvel durante todo o ano. Mas tem que ser corrida mesmo.

De procissão bastam as do Bonfim e de Bom Jesus dos Navegantes.

sábado, 15 de agosto de 2009

Série Tabuleiro da Bahia: Raul Seixas



Para muitos, o Maluco Beleza. Para outros um mero viciado. Ainda há os que o consideram um iluminado, avatar a ser seguido. Para mim, "apenas" um gênio. Um dos meus ídolos.

Um gênio em si mesmo, que não buscava escolas formais ou conhecimentos sólidos para exprimir sua própria arte. Era gênio pela genialidade. Era a voz que gritava contra tudo o que não era. Era a proposta da sociedade alternativa.

De seu jeito, Raul Seixas sempre cantou pela liberdade. Para si e para todos. Liberdade de interpretar o mundo e a história, liberdade de agir e vestir. Liberdade para tomar banho de chapéu.

Liberdade para não seguir as escolas do mundo, para ser uma metamorfose ambulante.



Para ler relatos diferentes nas velhas histórias.



Ou imaginar o que ninguém mais imaginava.



Raulzito clamou pela liberdade até para si. Aqui eu o vejo denunciando as escolas que tentam determinar o que é certo e errado. Raul se insurge contra todo o status quo, todo o formalismo. Contra a poesia formal. Dane-se a métrica.



Também gosto de ser uma Metamorfose Ambulante. E, como Raul, também tento de novo, outra vez.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A Guerra da TV

Essa guerra deflagrada entre Record e Globo, as duas principais redes de televisão do país, está expondo os intestinos podres de parte da grande imprensa brasileira. De fato, são escandalosas as supostas operações da Igreja Universal do Reino de Deus que estão sendo investigadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. Por seu turno, a Globo vê-se exposta em seu passado nada admirável de manipulações jornalísticas e alianças com os quadros políticos mais retrógrados do Brasil. Além disso, um empréstimo do BNDES, em condições no mínimo suspeitas, está sendo repetitivamente usado pelos Bispos para atingir a emissora carioca.

De fato, a investigação sobre a Igreja Universal ainda não alcançou seu termo, conforme alega a TV Record. Não obstante, os indícios são muito claros. Parece, embora ainda existam avaliações e investigações a serem concluídas, que havia uma manobra financeira, que levava o dinheiro dos fiéis da Universal por uma longa viagem em contas bancárias pelo mundo até que acabava sendo usado em outras empresas da Igreja, e não, como alegam os seus principais líderes, para “manutenção dos templos e obras sociais”. Caso confirmada a denúncia, mais do que enganando os fiéis, a Igreja estaria cometendo crime de sonegação fiscal.

E também é fato que a Rede Globo esteve associada à Ditadura Militar, sendo muitas vezes favorecida por ela. A emissora carioca ignorou, em seu telejornalismo, o clamor pela democracia de todo um país no movimento “Diretas Já”. Já em 1982 havia gerado inúmeras matérias sem nenhum fundamento para destruir a candidatura de Leonel Brizola ao governo do Rio de Janeiro. Em 1989 manipulou grosseiramente a edição de um debate entre Lula e Collor, além de ter dado espaço àquele que provavelmente foi o golpe mais baixo, do ponto de vista ético, na história das campanhas eleitorais para presidente. Trata-se do episódio em que Collor de Melo usou uma ex-esposa de Lula com acusações pessoais (e, depois se soube, infundadas).

Os dois episódios - a edição do debate e as declarações da ex-esposa de Lula - certamente ajudaram a decidir uma eleição que, de acordo com a evolução das pesquisas, poderia surpreendentemente ser vencida pelo PT.

A Record vai adiante, questionando um empréstimo do BNDES à Rede Globo, que estava em dificuldades financeiras com sua emissora de TV a Cabo, ocorrido na década de 90. Alega que o empréstimo foi prejudicial ao Banco e, o mais grave, legalmente não poderia ser concedido.

Pessoalmente eu acho que as emissoras de TV deveriam ser proibidas de se associar a grupos religiosos. Mais ainda, deveriam ser proibidas de veicular, em sua programação, qualquer mensagem de conteúdo religioso.

Defendo esse ponto de vista porque o estado brasileiro é constitucionalmente laico. Ou seja, não possui religião alguma. Além disso, garante a liberdade de culto a todas as religiões.

Por esse princípio, é outorgada a livre manifestação religiosa em locais públicos como ruas e praças. Pela nossa constituição, o Estado garante a todos a liberdade de usar o espaço público para manifestar sua religiosidade, independente de culto ou credo. Nenhum deles pode argüir para si a exclusividade de uso de uma praça, ou de uma rua.

Dessa maneira, não se entende como pode o estado permitir uma concessão de canal de TV – o canal é um bem público que é concedido às emissoras – a um grupo religioso. Isso é preterir algumas religiões, em favorecimento de outras. Vêem-se missas católicas e cultos evangélicos todos os dias na TV. Mas jamais assisti um ritual de Ubanda, uma palestra muçulmana, uma pregação Judaica.

Se a concessão é pública, então deve se manter longe de manifestações religiosas, já que o estado brasileiro é laico. Não obstante, Globo e Record veiculam programações religiosas em sua grade.

Além disso, é de se observar também que a Record não denunciou a Rede Globo senão depois das reportagens exibidas pela TV da família Marinho. Causa estranheza, e parece ser mais um caso grosseiro de manipulação, o fato de que a Record possua as graves informações a respeito do empréstimo do BNDES à Globo, além dessas alianças espúrias feitas pela emissora no passado, sem que jamais tenha feito denúncia.

Se a denúncia é feita agora, apenas em represália às matérias da TV Globo, então a Record não está minimamente preocupada com jornalismo, com a busca e exposição da verdade. Está usando a denúncia apenas para se defender, usando a máxima de que "a melhor defesa é o ataque".

Da mesma forma que a Globo manipulou notícias, a Record omite notícias. Não cabe outra análise: ambas as emissoras estão usando a informação não como elemento da composição de um fato jornalístico, e sim como arma, que está reservada para salvaguardar seus interesses empresariais e políticos.

Um flagrante desrespeito ao código de conduta que elas assinam quando recebem uma concessão.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O Diferencial

Há os que ainda defendam a tese de que Engenharia e Ciência são duas áreas disjuntas do pensamento.

Uma grande bobagem!

Mesmo porque o intelecto humano é livre. Aqui um exemplo de impressionante genialidade. Em Engenharia Mecânica.



Se dependêssemos apenas dos "cientistas" puristas, que não conseguem ver a Ciência senão com uma atividade meramente contemplativa e passiva, ainda estaríamos andando a cavalo.

Vivam os engenheiros e sua ciência!

A Cesta de Ovos

De crianças aprendemos que não se deve botar todos os ovos numa só cesta porque, em caso de acidente com ela, toda a nossa coleção de ovos estará irremediavelmente perdida.

Em economia essa máxima é de particular importância. Muitas vezes o destino de cidades, regiões e até países inteiros foram decididos tragicamente por estarem todos os ovos numa só cesta. Um exemplo marcante é a cidade de Detroit, a que já nos referimos (leia aqui), que teve uma história de voluptuosa evolução econômica ao atrelar-se à indústria automobilística, mas que, da mesma maneira, afundou junto com ela, estando hoje a caminho se tornar inviável (leia aqui).

É que a cesta caiu, e todos os ovos estavam ali. Quebraram-se. A cidade se viu sem nada.

A receita geral é bem simples: quanto mais cestas existirem, menos ovos se perdem junto com alguma cesta que cai. Isso é particularmente importante ao se considerar o caso de Ilhéus, que durante muito tempo manteve todo os seus “ovos” dentro da cesta da lavoura cacaueira. Hoje, a lavoura do Sul da Bahia atravessa sua pior crise, da qual provavelmente não sairá.

Afirmar que a crise do Cacau é irreversível pode ser chocante, e parecer exagerado para alguns. Apaixonadamente pode haver quem diga que o cacau vai recuperar seu fôlego, e sustentará novamente Ilhéus e região. Há até os que não conseguem conceber a existência de Ilhéus sem o Cacau como sua principal atividade econômica.

Mas o pensamento racional precisa ser cético, e ignorar paixões. Por mais apaixonado que seja Ilhéus pelo Cacau que um dia produziu, os dados concretos são extremamente cruéis para essa relação. Hoje, “o Pará apresenta uma das médias mais altas de produtividade do mundo, de 881 quilos por hectare.” (leia aqui), muito próximo da Indonésia, o líder mundial em produtividade cacaueira que “alcança índice médio de 908 quilos por hectare” (leia aqui).

A bem da verdade, o fato é que no Pará há alguma perspectiva de superar a Indonésia, pois existe, naquele estado, a produção da região “Transamazônica, maior produtora paraense que apresenta média superior a mil quilos por hectare, a mais alta de todo o mundo” (leia aqui).

Portanto, talvez o Brasil um dia supere a Indonésia na produção de Cacau. Mas isso não será graças à produção da Bahia, pois “A Bahia, tradicionalmente maior produtor brasileiro apresenta média de 285 quilos por hectare” (leia aqui). Na verdade, estima-se que a Bahia deixe de ser o maior produtor de Cacau do Brasil em um prazo de 5 anos pois “das 160 mil toneladas de amêndoas de cacau produzidas anualmente no país o Pará já responde por 60 mil toneladas” (leia aqui).

Notem bem: Ilhéus tem uma produção de 285 Kg/Ha, contra 881 Kg/Ha da produção no Pará. A eficiência deles é mais de 3 vezes maior do que a de Ilhéus. E isso se deve a muitos fatores, entre os quais alguns como o clima, a vegetação e o regime de chuvas, todos mais favoráveis no Pará do que na Bahia. Como não se pode trocar o clima do Pará com o do sul da Bahia, não há como concorrer com isso.

O que será de Ilhéus então?

Há forte semelhaça entre os casos de Ilhéus e Detroit. Caso a economia do Sul da Bahia pemaneça insistindo em manter sua atividade baseada no Cacau, com todos os ovos em uma única cesta, então provavelmente terminará como a antiga "Capital do Automóvel" nos Estados Unidos, cujas fotografias de decadência podem ser vistas aqui.

Mas Ilhéus tem à sua frente uma escolha mais interessante. O Complexo Intermodal prevê a instalação de um Porto, um Aeroporto Internacional e uma Ferrovia, a princípio. Isso permitirá à cidade e região uma imensa diversificação de suas atividades. Pode-se fortalecer o Turismo, todas as indústrias regionais serão favorecidas, frutificarão atividades comerciais de importação e exportação, a agricultura poderá escoar grãos, o Pólo de Informática poderá importar equipamentos, pode até ser estrategicamente decisivo para a sobrevivência da própria Lavoura Cacaueira... as possibilidades são infinitas.

Trata-se de uma colossal diversificação de atividades econômicas. Com a implantação do Complexo Intermodal oferece-se não uma, mas inúmeras cestas de ovos à cidade de Ilhéus. Com o projeto, muitos ovos estarão sempre protegidos de acidentes. A economia da cidade poderá evoluir, as pessoas poderão encontrar oportunidades, a região florescerá novamente.

Mas para isso acontecer é necessário escolher.

Queremos continuar a por os ovos numa cesta só?

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O Acordo

Parece que a munição da grande mídia anda mesmo um pouco mais curta do que eles mesmos avaliaram. Pois eis que depois de semanas de ataques ininterruptos, o senador José Sarney, o maranhense que é senador pelo Amapá, aparentemente vai resistir e permanecerá exercendo o cargo de Presidente do Senado Federal.

Pelo menos segundo a análise resignada do Estadão (leia aqui) e da Folha (leia aqui), em que mostram o senador do Ceará, Tasso Jereissati, pedindo desculpas pela sua "intempestividade".

Governo e oposição se preparam para um acordo, que salvará a cabeça do presidente do senado, bem como a cabeça de importantes senadores do PSDB e do DEM. O jogo foi travado de uma maneira muito simples: usou-se o fato de que a sujeira que respinga em um também suja o outro lado da história.

Provavelmente ainda se encenará alguns atos teatrais, com um discurso mais inflamado, seguido de algum debate ou votação de processo, mas em seguida tudo se aquietará, calmos e satisfeitos tanto os gregos quanto os troianos.

O que é uma pena. Pois mais uma vez o país perdeu a oportunidade de devassar comportamentos, práticas e leis absurdas que permitem ações totalmente injustificadas do ponto de vista moral e ético, embora eventual e lamentavelmente respaldadas em lei. A própria imprensa é cúmplice, e não cumpre o seu papel quando se esmera muito em denunciar o presidente, poupando o opositor.

E agora a Folha e o Estadão (seguido por outros) noticiam a iminente pizza promovida entre os dois grupos - governo e oposição - com um destaque incipiente. Justamente esse acordo, um flagrante exemplo de mútua não agressão, do clássico Dilema do Prisioneiro, (do inglês "Prisoner's Dilemma", leia aqui).

Assim como no caso do senado, no jogo do dilema do prisioneiro a escolha mais inteligente para ambos os prisioneiros, quando dispõem da possibilidade de um entendimento prévio, é não atacar o seu adversário e, assim, também não ser atacado, o que minimiza as perdas de todos os lados. Quando governo e oposição usam essa prerrogativa, claramente jogando esse jogo de ganho zero, isso precisa ser denunciado pois com certeza é, eticamente, o mais condenável episódio de toda essa disputa política. Não obstante, a imprensa diminui gradativamente o destaque à matéria, caminhando em breve para o armistício.

Isso é um forte indício de que a imprensa nunca desejou fazer uma verdadeira notícia, expondo os bastidores nada olorosos do parlamento. O objetivo era apenas atacar e derrubar José Sarney. Percebida a inalcançabilidade do pleito, optam pelo silêncio. Não se interessam mais.

Porque suas armas precisam ser poupadas, já que servem a propósitos bem específicos.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Relatório de Impacto Ambiental

Há uma matéria no site Pimenta na Muqueca (leia aqui) onde o autor relata uma confusão que houve na publicação do Relatório de Impacto Ambiental do Projeto do Complexo Intermodal, onde teria havido uma falha na publicação de versões de documentos.

Baseando-me no pouco que já observei da relação entre pessoas e computadores, acho muito provável – até natural – que essas coisas aconteçam. Já cometi pessoalmente algumas gafes; uma vez respondi um e-mail particular com cópia para toda uma lista de colegas. Doutra feita, acabei por divulgar documentos incompletos num site de consulta pública. É que os computadores facilitam todas as coisas que fazemos, e isso nem sempre é uma boa notícia. Daí que coisas assim acontecem mesmo. Talvez explique o que ocorreu com o Relatório de Impacto Ambiental.

O Relatório é, talvez, o mais importante documento a ser gerado antes de se iniciarem as obras do Complexo Intermodal. Ali vai haver uma informação precisa de quais serão os danos ambientais que a obra de fato gerará, numa informação concreta e suportada cientificamente, a partir da qual as discussões poderão estar melhor embasadas.

Não obstante, a disputa política cuida de produzir seus próprios fatos. Por um lado dando conta de que haveria uma irresponsável divulgação de dados que estão em um documento desatualizado, enquanto por outro lado estarão alguns afirmando que o projeto seguirá seu curso à revelia da Lei e que, após sua macabra conclusão, o Planeta expelirá seu último suspiro.

Entende-se que pessoas apaixonadas argumentem assim. Mas, a serviço da verdade, é fácil ver que nem uma coisa nem outra são suposições que se sustentam.

O importante é haver o Documento, para que possamos saber exatamente com que régua medir o impacto ambiental resultante da execução das obras. É necessário se saber sobre áreas afetadas, populações de fauna e flora que estarão sujeitas a modificações de seu habitat, bem como as conseqüências disso, alterações químicas e geológicas do solo, etc.

Com certeza haverá um dano ao meio ambiente. Dano que não será tão grande quanto querem algumas pessoas mais radicalmente contrárias, tampouco será tão mínimo quanto alardeiam outras. Teremos a medida exata do ponto de vista técnico-científico. Então, de posse dessa informação, poder-se-á discutir as ações compensatórias. Que é, afinal, o mais importante ponto de incongruência entre os grupos contrário e favorável ao Complexo Intermodal.

Basicamente o que acontecerá é que se incluirá no projeto uma série de medidas de recuperação de áreas que atualmente já estão degradadas, bem como a proteção de outras áreas para garantir que não se degradarão no futuro. Isso tudo deve ser feito na medida exata dos danos que o projeto causará, mais uma margem de segurança razoavelmente exigida. A idéia é que, postos numa balança, os danos causados pelo Complexo Intermodal sejam no máximo do mesmo tamanho dos benefícios proporcionados pelas ações compensatórias. Assim haverá um saldo de destruição ambiental menor ou igual a zero (notem que dizer isso é bem diferente de dizer que não haverá degradação ambiental).

Dessa forma, o impacto ambiental será absorvido, e o Complexo Intermodal logrará pleno êxito na sua consecução, podendo tornar-se o principal vetor de desenvolvimento econômico, cada vez mais imprescindível para a sobrevivência econômica de Ilhéus e região.

A volta da Campanha: Eu Compro Muitas Velas por Causa da Coelba

Não deu. Depois de um período com a qualidade dos serviços sendo mantidas no nível de razoável, eis que a COELBA volta a desrespeitar a confiança de todos. Nos últimos dias já lá se foram muitas horas de fornecimento interrompido.

E para os que, como eu, teve a triste esperança de poder ao menos fazer uma reclamação, ainda pior. Eu passei mais de 30 minutos ouvindo que a "COELBA está sempre ao seu lado", enquanto olhava a vela acesa. Desisti sem conseguir ser atendido.

Acho que é um tipo de encosto, que está sempre ao meu lado, essa COELBA.

Muitos devem ter passado pelo mesmo.

Por isso volta a campanha.
Convido todos os ilheenses a se engajar. Copie o Logotipo, distribua, publique em sites e blogs, participe!
Vamos mostrar a todos a insatisfação pela qualidade do serviço prestado pela COELBA em nossa cidade!
E à COELBA eu lanço um desafio: quando acontecer de eu passar um mês sem ter problemas com o fornecimento de energia, a campanha será retirada daqui.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Jornal da UESC

Este mês saiu uma reportagem sobre meu trabalho que foi contemplado num congresso nos Estados Unidos.

Fiquei feliz com o reconhecimento, mas esse Jornal da UESC incomoda-me um pouco.

Ele pode ser acessado pela Internet, no endereço http://www.uesc.br/jornal/, e isso é ótimo.

E ele é impresso e distribuído. O que também é bom. Mas a mim me parece que exageram um tanto no tamanho da tiragem.

O Jornal é confeccionado quinzenalmente em papel couché, e é distribuído a todos os professores, e a todos os departamentos, colegiados, etc. dentro da UESC. Além disso, muitas cópias são enviadas para pessoas externas à UESC.

Isso parece um excessivo desperdício de recursos, pois pela amostragem que eu tenho, a maioria das pessoas sequer lê o material. Penso que, considerando crônica a exigüidade de orçamento, a UESC deveria restringir a tiragem, e usar um papel mais simples na confecção do Jornal.

Além disso, como sugestão, acho que poder-se-ia abrir um espaço para as manifestações das entidades de classe da UESC, que são o DCE, a AFUSC e a ADUSC (uma página para cada uma, por exemplo) de forma a tornar a edição do jornal mais plural, refletindo mais visões diferenciadas do cotidiano da atividade universitária.

O Jornal é uma excelente iniciativa. Mas pode ser mais democrático, pode ser menos dispendioso, pode ser melhor.

domingo, 9 de agosto de 2009

Dia dos Pais

Tá bom. Depois do Natal, a época em que mais se vende presentes é o dia das Mães.

Tudo bem que depois vem o dia dos namorados, o dia das crianças e a Páscoa.

Aos Pais, nobres pais, com certeza cabe outro papel, mais sagrado.

Que tal se, ao invés de lhes falar, ouçamos os pais em seu dia?

Assim, hoje não quero falar aos pais, e sim falar como pai.

Aliás, melhor fazendo, Vinícius de Morais fala por mim.


Poema Enjoadinho

sábado, 8 de agosto de 2009

Dinheiro não é Tudo

Newton Lima não seria hoje o prefeito de Ilhéus, caso dependesse apenas de minha vontade a decisão no pleito de 2008. Diferenças ideológicas, aliadas ao simples fato de eu previamente desconfiar de todos os que tenham em algum momento compactuado com o desastre que foi a administração que o antecedeu. Motivos pelos quais jamais lhe daria o voto naquele ano.

Tampouco posso, entretanto, negar um fato muito simples e – pobre cidade – também muito triste: Newton foi, do final de 2007 até o final de 2008, o melhor prefeito que eu, pessoalmente, vi aqui nesta velha São Jorge dos Ilhéus.

Triste porque era apenas, como ele mesmo dizia, uma administração “feijão com arroz”. E a cidade, faminta do mínimo, considerou-se banqueteada.

Eis que passados alguns meses a sensação parece ser de um grande lamento, uma tristeza e desânimo públicos, arrependimento e revolta. Eu mesmo, apesar das minhas desconfianças, ainda sonhei que o PSB, partido do prefeito Newton, poderia fazer em Ilhéus uma administração como a que se vê há seis anos em João Pessoa. A capital paraibana tem sido alvo de uma administração que simplesmente transformou a vida da cidade, e das pessoas da cidade. João Pessoa é hoje, em todo o nordeste, a cidade que mais se desenvolve nos aspectos humanos e sociais (leia aqui). Ali, a prefeitura implementou todos os programas sociais do governo federal, além estabelecer seus próprios programas regionais. Instalou o terminal de integração de ônibus, urbanizou áreas outrora abandonadas, instituiu o 14º salário para trabalhadores da educação (condicionado ao cumprimento de metas nas escolas municipais). A administração re-estruturou a cidade, outorgando aos pessoenses muito mais auto-estima, além de oportunidades pessoais e profissionais, bem como uma infra-estrutura pública muito melhor. Claro que ainda há problemas, mas a administração é um sucesso técnico e de apoio popular.

Em Ilhéus, porém, isso não aconteceu. A administração do prefeito Newton é abaixo da expectativa. Os motivos, alega o prefeito, são muito claros: falta de recursos. Ilhéus tem um montante de dívidas muito grande, além de responder a inúmeras ações trabalhistas e estar condenada a pagamento de múltiplos precatórios. Além disso, houve queda no repasse do FPM, bem como a arrecadação do ICMS é decrescente, na medida em que sua estrutura industrial (principalmente o Pólo de Informática) vai-se esvaindo. Some-se a isso a velha crítica ao Turismo, que não consegue realizar minimamente todo o potencial que possui. Esses fatores todos impactam no comércio, na geração de emprego, no consumo, e conseqüentemente na arrecadação de tributos. Um ciclo vicioso muito ruim, que só será rompido com a chegada de novos investimentos de grande porte.

Eu não conheço os dados, senão uns slides que vi na internet (perdoem-me não encontrar a fonte para citar) onde o prefeito mostrava os dados financeiros da administração. Baseando-se nesses dados, evidentemente se conclui que a administração está praticamente inviabilizada.

Pode-se contestar os dados apresentados pelo prefeito, evidentemente. Mas ao mesmo tempo estes dados podem ser aferidos com auditorias públicas e independentes. Assim, provavelmente os dados que o prefeito mostrou refletem a realidade do município: as contas da prefeitura parecem estar mesmo muito difíceis.

Essas contas explicam uma boa parte da estagnação administrativa a que a cidade está submetida. Ilhéus parece ser hoje uma cidade sem condições de manter a sua própria infra-estrutura: vias, escolas, hospitais, pontos de ônibus, etc., apesar de ainda haver, ressalte-se bem, algum investimento heróico, por mínimo que seja, principalmente nas áreas de transporte, lazer e paisagismo.

Parece muito mais plausível imaginar a crise financeira do que “teorias conspiratórias”, que proporiam estarem os governos federal e/ou estadual sabotando a prefeitura, ou então mancomunando-se com o prefeito a fim de que ele deliberadamente estagne a administração da cidade. Essas teorias podem ser fantásticas, e talvez seja mais agradável poder culpar o prefeito, o governador ou o presidente, pois assim fica parecendo que o problema depende apenas de uma substituição de peças para ser solucionado. Mas infelizmente essas teorias não se sustentam à análise mais cética: caso existam essas “sabotagens e mancomunações”, porque o prefeito se sujeita? O que ele ganha? Porque ele, ou algum vereador, ou o Ministério Público, não denuncia? Parece um tanto quanto inverossímil.

Mas pode ser que seja verdade, assim como realmente podemos ter extraterrestres vivendo entre nós!

Contudo, apesar do reconhecimento às dificuldades financeiras enfrentadas pela prefeitura, ainda há críticas extremamente procedentes e contundentes à administração de Ilhéus. São questões que dependem pouco ou nada de investimentos financeiros, e que estão à alça de ação do executivo municipal, mas que simplesmente não são contempladas. Eu entendo isso como falhas de gestão, e é por esse motivo que engrosso o coro dos que criticam a prefeitura. Cito ainda, entre muitas, as críticas que eu considero mais pertinentes: prioridades administrativas, permissividade no trânsito, mau uso do espaço público, relação com o funcionalismo, transparência de informações sobre a aplicação de investimentos estaduais e federais.

Entre as prioridades administrativas, a prefeitura se equivoca em não dar a devida atenção aos pleitos mais emergentes e estratégicos. Bairros como o N. Sra. Da Vitória, Salobrinho e Teotônio Vilela, entre outros, precisam de atenções mínimas para ter sua infra-estrutura básica funcionando. A carência das pessoas desses lugares é muitas vezes de elementos elementares, como água encanada, luz elétrica, pavimentação de vias de acesso, PSF e escolas. Isso precisa estar na frente da fila de prioridades do município, junto com questões estratégicas como por exemplo o Turismo, que ainda é extremamente incipiente em Ilhéus. Uma das queixas mais recorrentes dos turistas é que na cidade os serviços são prestados de maneira muito pouco profissional, e a atividade turística ainda sofre com a falta de manutenção na sinalização e nas vias de acesso aos principais pontos.

Além disso, muitas vezes tem-se a impressão de que não há atenção do poder público com a postura de condutores de veículos em todos os pontos da cidade: quase sempre de maneira impune, estaciona-se automóveis em fila dupla, ou estaca-se no meio da via. Em Ilhéus não há a mínima organização dos locais de estacionamento, e isso tudo torna o trânsito da cidade caótico (outra das maiores queixas dos turistas). O trânsito ruim também prejudica o comércio, além de expor a vida das pessoas a riscos desnecessários.

O uso do espaço público também é pouco explorado, ou nem é explorado, pela administração municipal. Por exemplo, o tráfego de ônibus na avenida Soares Lopes poderia melhorar muito o planejamento de trânsito na área central da cidade, mas infelizmente a prefeitura aparentemente não levou o projeto a cabo. O sistema de ônibus integrado, que melhoraria o trânsito e diminuiria o custo de tranporte, poderia funcionar no terminal urbano, meramente com a instalação de cercas com guaritas, e o conveniente remanejamento de linhas.

Além disso, há algumas ações individuais que são simplesmente agressivas ao espaço público, mas a prefeitura não atua com o devido rigor: shows como os que acontecem com alguma freqüência no Boca Du Mar, bem como em outros locais da cidade, muitas vezes causam transtornos ao trânsito e ao sossego público, prejudicando a vida de muitas pessoas. Não sei como esses alvarás são expedidos para eventos em locais tão impróprios (tampouco se há de fato algum alvará), mas seguramente é uma falha de gestão. O mesmo vale para carros de som e automóveis “tunados” cujas caixas de som levam verdadeiramente o inferno às casas de todos, em toda a cidade, sem nenhuma sanção pública.

A relação com o funcionalismo é conturbada, recebendo críticas constantes por falta de coerência e de planejamento, o que resulta em má prestação de serviços municipais e, o pior, greves sucessivas.

Finalmente, há muitas denúncias (o blog “Sarrafo” deve ser o campeão delas!) a respeito de verbas federais e estaduais que chegam ao município e aparentemente não são aplicadas, ou são aplicadas de maneira inadequada. Os devidos esclarecimentos a esse respeito muitas vezes são incompletos ou até inexistentes.

São muitos problemas que dependem apenas de atuação política, visão estratégica, planejamento, transparência e zelo. Não é, portanto, com os dados das finanças do município que a administração de Ilhéus conseguirá justificar as falhas e a pouca eficiência de sua gestão. Sem querer duvidar dos dados, há, porém, o fato de que é possível atuar positivamente de muitas maneiras (há inúmeras outras sugestões). Basta exercer a autoridade executiva constitucional, sem que sejam necessários grandes recursos financeiros.

Afinal, dinheiro não é tudo.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Série Tabuleiro da Bahia: Jorge Amado



Nascido na fazenda Auricídia, no distrito de Ferradas, município de Itabuna, sul do Estado da Bahia, aos 10 de Agosto de 1912, Jorge Amado é a maior expressão da literatura regional da Bahia.

Jorge escrevia sobre a Bahia, e também sobre o Sul da Bahia. Mas isso eram as cores com as quais ele pintava a moldura da essência do seu trabalho, porque o Amado escrevia mesmo é sobre gente.

Gente como Pedro Bala, chefe dos Capitães da Areia, um império inteiro totalmente desconhecido da cidade do Salvador, ou Quincas Berro d´Água, o bêbado morto, e morto de novo. Mulheres como Dona Flor e o dilema entre o marido que a fazia feliz, estando morto, e o que a fazia segura, estando vivo.

Em Ilhéus, a saga dos Coronéis do Cacau, cada qual com sua Tocaia Grande, construindo São Jorge dos Ilhéus, a terra de Gabriela Cravo e Canela, a terra do Cacau e do Suor, de tantas gentes vividas.

Vivendo a vida, como a vida de Tieta do Agreste, que nasceu pobre e decente, mas nunca foi respeitada senão quando se fez puta e rica, e só então descobre que o que sempre procurou não era respeito, mas amor. Histórias que só podem mesmo ser contadas por quem seja verdadeiro Compadre de Ogum. É mais do que literatura, é estar na Tenda dos Milagres, na companhia de Jubiabá e Teresa Batista. Imortal, pois imortal mesmo é quem faz da Farda, Fardão, Camisola de Dormir.

Dentre os trabalhos que já tive o imenso prazer de ler.

Autor singular, talvez ímpar no mundo, cuja referência literária no sentido puramente acadêmico é considerada duvidosa. Mas mesmo a Academia se curva ao seu talento, reconhecendo o novo que ele trouxe em seu trabalho, que é a pintura em cores vivas de uma cultura, de um povo. Pintura que nada mais é do que a riquíssima alegoria do retrato profundo e fiel que ele faz de toda gente.

Porque Jorge descreveu muito mais do que a Bahia.

Retratava Almas.

Uma lista da impressionante produção literária:

Individuais

Romances:

- O País do Carnaval, 1931

- Cacau, 1933

- Suor, 1934

- Jubiabá, 1935

- Mar Morto, 1936

- Capitães da Areia, 1936

- Terras do Sem Fim, 1943

- São Jorge dos Ilhéus, 1944

- Seara Vermelha, 1946

- Os Subterrâneos da Liberdade (3v), 1954 (v. 1:Os Ásperos Tempos; v. 2: Agonia da Noite; v. 3: A Luz no Túnel)

- Gabriela, Cravo e Canela: crônica de uma cidade do interior, 1958

- Os Pastores da Noite, 1964

- Dona Flor e Seus Dois Maridos, 1966

- Tenda dos Milagres, 1969

- Teresa Batista Cansada da Guerra, 1972

- Tieta do Agreste, 1977

- Farda Fardão Camisola de Dormir, 1979

- Tocaia Grande: a face obscura, 1984

- O Sumiço da Santa: uma história de feitiçaria, 1988

- A Descoberta da América pelos Turcos ou De como o árabe Jamil Bichara, desbravador de florestas, de visita à cidade de Itabuna, para dar abasto ao corpo, e ali lhe ofereceram fortuna e casamento ou ainda Os esponsais de Adma, 1994

- O Compadre de Ogum, 1995

Novelas

- A Morte e a Morte de Quincas Berro Dágua, 1959

- A Morte e a Morte de Quincas Berro Dágua (publicada juntamente com Os Velhos Marinheiros ou A completa verdade sobre as discutidas aventuras do Comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão de longo curso, in Os velhos marinheiros, 1961

- Os Velhos Marinheiros ou A completa verdade sobre as discutidas aventuras do comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão de longo curso, 1976

Literatura Infanto-Juvenil:

- O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá: uma história de amor, 1976

- A Bola e o Goleiro, 1984

- O Capeta Carybé, 1986

Poesia:

- A Estrada do Mar, 1938

Teatro:

- O Amor do Soldado, 1947 (ainda com o título O Amor de Castro Alves), 1958

Contos:

- Sentimentalismo, 1931

- O homem da mulher e a mulher do homem, 1931

- História do carnaval, 1945

- As mortes e o triunfo de Rosalinda, 1965

- Do recente milagre dos pássaros acontecido em terras de Alagoas, nas ribanceiras do rio São Francisco, 1979

- O episódio de Siroca, 1982

- De como o mulato Porciúncula descarregou o seu defunto, 1989

Relatos autobiográficos:

- O menino grapiúna, 1981

- Navegação de cabotagem: apontamentos para um livro de memórias que jamais escreverei, 1992

Textos autobiográficos:

- ABC de Castro Alves, 1941

- O cavaleiro da esperança, 1945

Guia/Viagens:

- Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e de mistérios, 1945

- O mundo da paz (viagens), 1951

- Bahia Boa Terra Bahia, 1967

- Bahia, 1970

- Terra Mágica da Bahia, 1984.

Documento político/Oratória:

- Homens e coisas do Partido Comunista, 1946

- Discursos, 1993

Livro traduzido:

- Dona Bárbara (Doña Barbara), romance do venezuelano Rómulo Gallegos, 1934

Em parceria:

- Lenita (novela), com Edison Carneiro e Dias da Costa, 1929

- Descoberta do mundo (literatura infantil), com Matilde Garcia Rosa, 1933

- Brandão entre o mar e o amor, com José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Aníbal Machado e Rachel de Queiroz, 1942

- O mistério de MMM, com Viriato Corrêa, Dinah Silveira de Queiroz, Lúcio Cardoso, Herberto Sales, Rachel de Queiroz, José Condé, Guimarães Rosa, Antônio Callado e Orígines Lessa, 1962

Publicações no exterior:

Segundo a Fundação Casa de Jorge Amado, existem registros oficiais de traduções de obras do escritor para os seguintes idiomas: azerbaidjano, albanês, alemão, árabe, armênio, búlgaro, catalão, chinês, coreano, croata, dinamarquês, eslovaco, esloveno, espanhol, esperanto, estoniano, finlandês, francês, galego, georgiano, grego, guarani, hebraico, holandês, húngaro, iídiche, inglês, islandês, italiano, japonês, letão, lituano, macedônio, moldávio, mongol, norueguês, persa, polonês, romeno, russo, sérvio, sueco, tailandês, tcheco, turco, turcumênio, ucraniano e vietnamita (48 no total). Essas traduções foram publicadas no mínimo nos seguintes países: Albânia, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Armênia, Áustria, Azerbaidjão, Bulgária, Canadá, Chile, China, Colômbia, Coréia do Norte, Coréia do Sul, Cuba, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Eslováquia, Estônia, Finlândia, França, Geórgia, Grécia, Holanda, Hungria, Inglaterra, Irã, Islândia, Israel, Itália, Iugoslávia, Japão, Letônia, Lituânia, México, Mongólia, Noruega, Paraguai, Polônia, Portugal, República Tcheca, Romênia, Rússia, Suécia, Tailândia, Turquia, Ucrânia, Uruguai, Venezuela e Vietnã; o Brasil também deve ser computado em função da edição nacional em esperanto, totalizando 52 nações.

Fonte: Projeto Releituras (leia aqui)

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Hipocrisia no Senado

Direto do Blog do Nassif (leia aqui)

"A hipocrisia do Senado é de dar engulhos.

Estava ouvindo agora o Cristovam Buarque dizendo que a oposição ao Sarney está dividida em dois grupos: os que querem botar fogo na casa e os que, como ele, estão preocupados com a biografia do Sarney. Em nome desse cuidado, pede para Sarney se licenciar.

Depois entra o Demóstenes Torres - aquele do grampo falso - dizendo que a representação do Renan Calheiros contra Arthur Virgilio não se deve às suas falhas mas apenas ao fato de que ele está comandando o tiroteio contra Sarney.

A perda de mandato e a quebra de decoro tem que ser discutido em função dos fatos, diz ele. A representação não é por conta do fato mas porque o Virgilio é um opositor, que quer o afastamento do presidente da casa. Ele não está sendo processado pelo que ele fez, mas pelo que ele representa.

Diz que Virgilio é um cidadão angustiado pelos erros que fez.

Ora, mas é a mesma linha de defesa do Sarney.
"

Faço minhas as palavras de Nassif.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Série Tabuleiro da Bahia: Salvador

A primeira capital do Brasil!

Salvador tem a prerrogativa de ser o cartão postal da Bahia. Retrata emblematicamente os aspectos culturais, históricos, turísticos, artísticos de todo o estado.

Suas belezas materiais e imateriais foram agredidas pela exploração turística ao longo dos anos. Mas não deixa de ser inspirador ver a cidade de 5 séculos e experimentar os sabores que a Cidade de São Salvador oferece a todos os sentidos. Respirar o ar marinho do Farol da Barra, visitar o Mercado Modelo, caminhar preguiçosamente no Centro Histórico, ouvir a batida e assistir às evoluções da capoeira, do candomblé, dos blocos de carnaval, provar da culinária singular.

Salvador das ladeiras, da preguiça, das igrejas e das religiões, e também dos pecados. Salvador da vida, cidade do mundo, convidando todos a se "soteropolitanizar".



Uma curiosidade: o natural de Salvador é referido como soteropolitano porque em grego a "Cidade de Salvador" é chamada "Soteropolis" que vem de "soter" (salvador) e "polis" (cidade) - dados do dicionário Houaiss.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

O caso Sarney

O caso do presidente Sarney (presidente do senado) é um caso emblemático de ação expiatória da grande imprensa brasileira: decidiu-se que Sarney deixará a presidência, e toda a artilharia de todos os órgãos de imprensa estão fortemente empenhados nisso.

Não que o senador do Amapá, embora maranhense, seja desmerecedor de tal deferência. Os atos secretos, as nomeações de parentes e agregados, as verbas mal explicadas, tudo isso é motivo não só para o afastamento, também a cassação, quiçá ajustes junto ao poder judiciário deveriam ser cogitados.

Motivo ético, bem entendido. Porque, infelizmente, do ponto de vista legal, aparentemente, nada pode ser feito. Havia ou há, e isso é talvez o maior absurdo nessa história toda, respaldo em Lei para todas essas ações tomadas pelo Sarney, bem como por todos os presidentes que o antecederam.

O caso, porém, é que a imprensa está usando dois pesos e duas medidas: senadores como Heráclito Fortes (DEM/PI) e Arthur Virgílio (PSDB/AM), entre muitos mais, também foram surpreendidos com “a boca na botija”, exercendo o mesmo tipo de interferência de que o presidente Sarney é culpado: nomeação de cargos para favorecidos, uso não satisfatoriamente explicado de verbas, etc. Apesar de denunciados pelos órgãos de imprensa, esses dois senadores (e muitos outros mais) rapidamente deixaram os holofotes e não estão diariamente em todas as capas de todos os jornais, nem nas manchetes de aberturas dos telejornais, nem na janela inicial dos sites de notícia.

Do ponto de vista político, o jogo é muito claro: como Sarney é de um partido aliado do governo, recebe apoio do Planalto. Pelo mesmo motivo, recebe fogo cerrado da oposição, que ainda tem um interesse a mais nesse episódio, já que o vice de Sarney é o senador Marconi Perillo, do PSDB de Goiás. Não se pode desprezar a presidência do senado. Além disso, temendo a repercussão das manchetes na opinião pública, Sarney também é alvo de “Fogo amigo”, seja de partidos aliados, como o PT, seja de co-partidários seus, no PMDB, como os senadores Pedro Simon(PMDB/RS) e Jarbas Vasconcelos (PMDB/PE).

Não obstante, a postura da imprensa permanece difícil de explicar. Porque os demais senadores que foram “surpreendidos” em atos similares são, no mínimo, tão culpados quanto o presidente da casa. Os atos de Sarney, apesar de estarem mais à mostra, inclusive com gravações de conversas telefônicas, definitivamente não são piores que os de outros tantos senadores. Se aquele não pode permanecer na presidência, estes por sua vez não possuem autoridade para julgar.

Todavia, independente de explicações, e despreocupada com a cobertura mais técnica do ponto de vista jornalístico, a imprensa certamente seguirá mantendo fogo cerrado sobre Sarney.

Só que, para surpresa de alguns, talvez a derrocada do presidente simplesmente não aconteça: o poder da mídia hoje seguramente é menor do que já foi outrora. Manterão a artilharia em intensa atividade sobre seu alvo, até que ele seja destruído.

Mas a munição pode acabar antes.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Errata 2

Lucas, autor do blog - ora desativado - Cravo sem Canela, pediu-me que acrescentasse o seguinte à última postagem.

"É muito bom ver que através da internet e dos blogs a gente consegue respostas e que na verdade, só se cala quem quer. A relação da PRODEB com a página da Prefeitura de Ilhéus ficou clara através do email, mas o fato do site que está com prazo de funcionamento para a data 20/07/2009 (!) ainda não estar no ar é real, e agora, seguramente, já se sabe quem é o responsável por isso. Passo a bola para vocês!"

Errata

Foi uma "barriga" que eu e o Cravo sem Canela pegamos.

Segue a correção, conforme recebida, com as devidas solicitações de escusas.

"Caro Álvaro Vinícios,
Respondemos ao Blog 'Cravo sem Canela', que você repercutiu em seu blog, por email pois ela não dá espaço para comentários. De acordo com o assessor de imprensa da Prefeitura Municipal de Ilhéus, Marcos Correia, a manutenção do site é feita pela equipe da assessoria e a hospedagem está nos servidores da própria prefeitura. Portanto, a Prodeb não tem responsabilidade alguma pelo fato do site estar fora do ar.
A Prodeb informa que os sites das prefeituras de Ilhéus e de Itambé não estão hospedados em nossos servidores. Eles possuem apenas o apontamento no nosso DNS, um serviço prestado gratuitamente às prefeituras municipais.
Gostaríamos que você corrijisse a informação publicada em seu blog e agradeceríamos o mesmo empenho no restabelecimento do bom nome da Prodeb perante seus leitores.
Cordialmente,
Maurício Sotto MaiorAssessor de Imprensa da Prodeb"

Pronto. Esclarecido. Não cabe à PRODEB a manutenção dos dados da página da Prefeitura de Ilhéus na Internet.

Mas a sugestão à prefeitura de Ilhéus de usar mão de obra local para a manutenção do seu site permanece.

Audiências

Eu fui provocado a escrever sobre isso. Mas nem seria necessário. Entusiasta da idéia e do conceito de Ilhéus ter um Complexo Intermodal, mas absolutamente cônscio de que o projeto ainda tem muitas vertentes polêmicas e obscuras, não poderia me furtar de comentar o resultado das audiências públicas ocorridas no final do mês de Julho.

Os dados completos eu não possuo, baseio-me em matérias que foram publicadas no site da ONG acaoilheius (veja aqui ) e reproduzidos no site do Rabat (veja aqui ). Como os interlocutores de quem eu estou buscando essas informações são partidários de que o projeto não seja levado a cabo, então naturalmente estou sendo ligeiramente leviano, pois não considero o contraditório. Talvez sob a ótica de pessoas ou organizações interessadas em que o projeto se concretize as interpretações sejam outras.

Eu mesmo não estive presente, portanto não posso opinar senão segundo informações de terceiros.

Os fatos, porém, dão conta de que em todas as audiências a população local rejeitou o projeto. O que isso significa? Para alguns é a prova inequívoca de que o projeto deve ser abandonado e esquecido. Para outros, a prova inequívoca de que as populações estão sendo manipuladas, e os resultados das audiências foram viciados.

Para mim, porém, a única certeza que eu tenho é que falta diálogo. E respeito. Não se pode desprezar o fato de que as pessoas daquelas localidades não desejam a execução da obra. Mas não se pode também assumir que as diferenças sejam irreconciliáveis. As matérias que li não deixam muito claros os motivos pelos quais as pessoas não desejam o projeto: falam em discursos emocionados, em pessoas depositando produtos agrícolas, e em dados técnicos que – pelo menos para mim, em minha ignorância no assunto – soam complexos ou mesmo inverossímeis.

Independente disso, eu quero crer que seja possível conciliar o projeto que pode ser a redenção econômica de toda uma região com os interesses das populações locais onde o projeto será instalado. Porque isso já foi feito antes em outras partes do Planeta, e pode ser feito de novo. Espero que todas essas questões sejam postas à mesa, discutidas com transparência, e que as soluções sejam encontradas. Há inúmeras tecnologias que permitem evitar o impacto sobre essas populações. Há inúmeras maneiras de compensá-las pelas mudanças a que estarão sujeitas. Diálogo e respeito devem ser suficientes para dirimir tudo isso.

Há muitas formas de o projeto ser implementado. Deve-se discutir, ouvir, debater, e efetivamente escolher qualquer uma delas, a melhor. Só não se pode, certamente, escolher nenhuma.

Porque isso será escolher a débâcle.

domingo, 2 de agosto de 2009