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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Feliz 2014

Mensagem de Ano Novo.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

HABEMUS PAPAM

Mauro Santayana

Original aqui.

Acusado por um conservador norte-americano de ser marxista, Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, negou sê-lo, mas disse que não se sentia ofendido, por ter conhecido ao longo de sua vida, muitos marxistas que eram boas pessoas.

Papa Francisco não se importa de ser chamado de Marxista
A declaração do Papa, evitando atacar ou demonizar os marxistas, e atribuindo-lhes a condição de comuns mortais, com direito a ter sua visão de mundo e a defendê-la, é extremamente importante, no momento que estamos vivendo agora.  A ascensão irracional do anticomunismo mais obtuso e retrógrado, em todo o mundo - no Brasil, particularmente, está ficando “chic” ser de extrema direita – baseia-se em manipulação canalha, com que se tenta, por todos os meios, inverter e distorcer a história, a ponto de se estar criando uma absurda realidade paralela.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Meninas do Brasil batem Sérvia e faturam 1º Mundial de handebol


Agência Estado

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BELGRADO - O dia 22 de dezembro de 2013 ficará para sempre marcado na história do handebol brasileiro. Foi neste domingo que a seleção brasileira feminina escreveu seu nome como uma das grandes potências da modalidade, conquistando pela primeira vez o Campeonato Mundial. O ginásio lotado em Belgrado e a pressão de disputar a primeira final de sua história não assustaram o time de Morten Soubak, que derrotou as donas da casa, a Sérvia, por 22 a 20 e faturou o título inédito da competição.




A campanha foi perfeita, com nove vitórias em nove partidas disputadas. Mesmo quando enfrentou equipes de muito mais tradição no esporte, como as próprias sérvias, as dinamarquesas - ambas derrotadas duas vezes - ou as húngaras, as jogadoras brasileiras passaram por cima, com a propriedade de uma seleção que se consagrou neste domingo como a melhor do mundo.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Botecos a Meio Copo

Eu sei que “você já cansou de escutar”, mas “preste atenção por favor”. “Leviana”, a morte deixou órfãos todos os boêmios. “Todo mundo está comentando”: o Rei do Brega morreu.

Vá com Deus”, Rei. E, lá de longe, “tente sorrir pra mim”.

Como componente emérito decido que, saudosa, a Irmandade Mesa de Bar da Universidade Federal da Paraíba Campus II (ainda não havia UFCG) presta os respeitos.


terça-feira, 17 de dezembro de 2013

sábado, 14 de dezembro de 2013

A longa luta contra a homofobia e a tramitação da PLC 122

Diogo Costa

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Parte da sociedade brasileira tem discutido exaustivamente a questão da homofobia nos últimos anos. É um debate que acende inflamadas e antagônicas posições. Há também uma árdua batalha que a comunidade LGBT trava há décadas em favor do fim da discriminação em razão da orientação sexual das pessoas. Os setores mais decididamente contrários à criminalização da homofobia no Brasil são oriundos dos meios religiosos, de variadas confissões cristãs, o que não chega a surpreender. No mundo inteiro as resistências mais fortes encontram-se nos meios religiosos.

A luta pela concretização das demandas contra a homofobia ganha importante destaque atualmente através do debate travado sobre o PLC 122, que visa a garantia dos direitos humanos fundamentais para a comunidade LGBT. Esta longa luta político-legislativa iniciou em 07 de agosto de 2001, quando a então deputada federal Iara Bernardi, do Partido dos Trabalhadores de São Paulo, apresentou o projeto de lei nº 5003/2001. Entre novembro de 2001, quando o projeto iniciou a tramitação na CCJC (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania), e abril de 2005, o projeto teve três relatores que analisaram a matéria e devolveram o projeto à Comissão sem apresentar nenhum parecer.



Foram eles (os relatores da época) os deputados federais Bispo Rodrigues (PL-RJ), em novembro de 2001, Bonifácio Andrada (PSDB-MG), em junho de 2003 e o então deputado federal Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), em abril de 2004. Quase um ano depois, em 17 de março de 2005, a relatoria passou a ser feita pelo deputado federal Luciano Zica, do Partido dos Trabalhadores de São Paulo. Em pouco mais de um mês (26 de abril de 2005), e após vencer a paralisia de três relatores que nada fizeram, o deputado federal Luciano Zica (PT-SP) apresenta o parecer final, favorável à constitucionalidade do projeto de Iara Bernardi (PT-SP).

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Uma década vencendo a fome

Luís Inácio Lula da Silva

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O Brasil comemorou recentemente o 10 º aniversário do Bolsa Família, um modelo para muitos programas recentes de distribuição de renda ao redor do mundo.

Por meio do Bolsa Família, 14 milhões de famílias, ou 50 milhões de pessoas – um quarto da população do Brasil – recebem uma renda mensal desde que mantenham as crianças na escola e que dêem a elas assistência médica, incluindo todas as vacinações regulares. Mais de 90% dos pagamentos são feitos para as mães.



Nesses dez anos desde o início do programa, aproveitamento escolar das crianças melhorou, as taxas de mortalidade infantil caíram e 36 milhões de pessoas saíram da extrema pobreza.

Os números são eloquentes, mas não bastam para expressar a transformação na vida de cada um.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Por que estudar Cálculo e Álgebra na Computação?

A nem sempre fácil relação entre estudantes e Matemática
Uma pergunta que intriga estudantes de Ciência da Computação em todo o mundo: porque estudamos tanto Cálculo, Álgebra, Estatística e eventualmente outras disciplinas da Matemática?

De fato, a imagem que um computeiro (não conheço expressão melhor) faz de si mesmo, bem como a que as pessoas usualmente fazem dele, é a de um expert em algoritmos. E, portanto, também em todo o ferramental técnico e teórico para lidar com eles. Por exemplo, hardware de placas (de rede, gráficas, de processamento, motherboards, etc) e suas características técnicas, protocolos de redes, técnicas de organização de dados e sistemas, engenharia de software, etc..

Claro que todo esse arcabouço científico é fundamental para um computeiro. Mas é necessário se ter em mente que a Universidade busca formar um Cientista, afinal de contas. O objetivo não é que o estudante deixe a Universidade como desenvolvedor de sistemas, administrador de redes ou de banco de bados. Embora evidentemente estas possibiulidades não estejam excluídas, o que se oferece ao estudante vai além. Forma-se um Cientista. E, como cientista, é necessário se conhecer ao máximo – respeitado o limite de espaço dos anos de graduação- as ferramentas da Ciência.

É aqui que entra o argumento principal: Matemática é uma excelente – talvez a melhor – ferramenta que a Ciência possui.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Monteiro, Emília, a pílula falante e Dirce

Uma personagem, um autor, um texto, uma atriz.

Dirce Migliaccio interpreta Emília, na cena em que ela destrava a língua a falar, após engolir a pílula falante do Doutor Caramujo.

A atuação impecável, mais um texto absolutamente genial que vem da obra de Monteiro Lobato, deram à Atriz a chance de exibir um talento fora do comum, formando uma das cenas antológicas da história da televisão do Brasil.


sábado, 30 de novembro de 2013

De Hoje a Oito



Há uma série expressões curiosas que eu frequentemente repito e que causa estranheza em pessoas de fora da Bahia e do Nordeste. Ultimamente uma delas tem me sido frequentemente cobrada, e por isso vou deter alguns minutos divagando a respeito.

De hoje a oito.

Para a maior parte das pessoas, esta expressão é mais do que estranha; é totalmente sem sentido. A alegação, muito simples, é bastante incômoda: quando nos referimos, os baianos, ao dia “de hoje a oito”, estamos falando do mesmo dia que hoje, mas na próxima semana. Desta forma, se hoje é Sábado, então “de hoje a oito” também é Sábado.

O que é estranho para muitos, já que o intervalo entre um Sábado e outro é exatamente uma semana, e uma semana tem sete dias.

Digam de hoje a sete!”, pedem-me alguns interlocutores.

Deixemos momentaneamente de lado o devido respeito às peculiaridades regionais, e à linguagem coloquial. Ocorre que dizer “de hoje a oito” não é estranho, não é um erro aritmético, não é algo que deve ser entendido como mero regionalismo: é uma expressão absolutamente lógica!

O que os não-baianos confundem é a frase “de hoje a oito” com uma soma. Estaríamos, segundo os não-baianos, somando oito dias ao dia de hoje. E, sendo assim uma soma, o “de hoje a oito” de Sábado cairia num Domingo. Um erro aritmético flagrante.

Só que não é assim.

O que escapa a muitos é que “de hoje a oito” não trata de nenhum tipo de soma. É de uma contagem. Eu, pessoalmente, gosto de interpelar meus interlocutores da seguinte forma: “Conte aí de um a oito!”. E, à resposta: “Um, dois, três, ...” eu candidamente emendo: “Se você começa a contar de um a oito pelo um, porque quer contar de hoje a oito começando por amanhã?

De fato, se contarmos - ou enumerarmos - oito dias, a partir de um Sábado, teremos a seguinte sequência: (1)-Sábado, (2)-Domingo, (3)-Segunda, (4)-Terça, (5)-Quarta, (6)-Quinta, (7)-Sexta e (8)-Sábado. Ou seja, “de hoje a oito”, sendo hoje um Sábado, cai exatamente num Sábado.

Não se trata de ignorar o fato de que a semana tem sete dias. Trata-se de considerar isso numa contagem, que não se traduz numa mera operação aritmética.

Tanto é que, para nós baianos, se hoje é Sábado, então o Sábado da semana subsequente à próxima é dito “de hoje a quinze”. Não tem erro; podem enumerar: o “de hoje a quinze” de um Sábado necessariamente cai num Sábado. Não encontrarão nenhum baiano se referindo a “de hoje a dezesseis”. O que, aí sim, seria uma má ilação lógica e aritmética.

O “de hoje a oito” causa estranheza à primeira vista, mas um olhar mais atento dá conta de um recurso linguístico pitoresco, inteligente, lógico e totalmente válido ao falar; embora, sem dúvidas, se trate de uma particularidade da linguagem regional. 

Doravante, não nos refiramos mais ao de hoje a oito entre aspas. Um dia falamos mais sobre essas peculiaridades de nosso linguajar.

Que tal de hoje a oito?

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A diplomacia de Dilma sabe endurecer quando precisa

Uma grande vitória da diplomacia brasileira, que começou a partir do discurso indignado da presidenta Dilma na abertura da assembleia geral da ONU.Grandes negociadores, nossos diplomatas também estão mostrando que vale à pena endurecer o jogo algumas vezes.

Comissão da ONU aprova proposta para limitar espionagem eletrônica


Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil

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Brasília – Uma comissão da Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou hoje (26), por consenso, a proposta conjunta apresentada por Brasil e Alemanha para limitar a espionagem eletrônica. A resolução deve ser votada pelos 193 países que compõem a Assembleia Geral no próximo mês.

Apoiada por 55 países, a proposta conclama os governos a revisar procedimentos, prática e leis em relação à vigilância, à interceptação das comunicações e à coleta de dados pessoais. Esses procedimentos, reivindica a proposta, devem respeitar o direito à privacidade, expresso no Artigo 12 da Declaração Universal dos Direitos Humanos e no Artigo 17 do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos.

Presidenta Dilma: discurso histórico contra abusos de espionagens
O texto não cita exemplos específicos, mas foi elaborado após as denúncias do ex-técnico de inteligência norte-americano Edward Snowden divulgar detalhes de um programa de espionagem global empreendido pela Agência de Segurança Nacional. Segundo os documentos vazados por Snowden, Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Canadá e Nova Zelândia atuam em conjunto para espionar comunicações privadas em todo o planeta.

domingo, 24 de novembro de 2013

O PT COM MEDO DE PEIDO


José Ribamar Bessa Freire
24/11/2013 - Diário do Amazonas

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- Menino, tua camisa está com medo de peido.

Foi assim que a Elita, filha da dona Nêga, nossa vizinha lá no beco, em Manaus, saudou minha passagem em frente à sua casa no meu primeiro dia de aula, há 60 anos, quando era eu ainda analfabeto. A expressão criada pela sabedoria popular era muito usada, pelo menos no Amazonas, para denominar uma camisa muito curta. Eis o que eu queria dizer: foi essa "camisa com medo de peido" que vários amigos meus do PT vestiram depois da prisão de Dirceu, Genoíno e Delúbio.

Por que este modelo medroso de camisa? No meu caso, é fácil explicar. Sem dinheiro para comprar a farda do Colégio Aparecida - calça marrom e camisa branca - minha mãe fabricou, ela própria, o uniforme, em uma antiga máquina de costura Singer que tinha pedal gradeado de ferro, gabinete e gavetas. Para isso, transformou os restos de uma batina velha do meu tio, mas o pano era insuficiente e a camisa ficou acima da cintura, deixando meu umbigo de fora. Nunca mais esqueci a gozação da Elita.

E no caso do PT, qual o receio? Na abordagem das recentes prisões, alguns companheiros vestiram simbolicamente a camisa do PT, mas um modelo curto, deixando a descoberto o bumbum, que ficou mais por fora que umbigo de vedete. Eles juram de pés juntos que Dirceu, Genoíno e Delúbio são inocentes, foram injustiçados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), podem ser considerados presos políticos e devem ser tratados como heróis e mártires. Em consequência, execram o presidente do STF, Joaquim Barbosa, como alguém "vingativo", "ressentido" e "mesquinho". Esse é o resumo da ópera.

Pizzolato:foragido da Justiça, não exilado político

Dirceu crucificado

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Como ela consegue?

Ricardo Kotscho

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Atacada por todos os lados, qual o segredo de Dilma?


Atacada diariamente pelo pensamento único da grande mídia, por grupos de financistas e empresários, analistas econômicos e especialistas em geral, largos setores do PMDB e até do PT, os seus principais partidos aliados, com problemas sérios na economia e no Congresso, o noticiário negativo do mensalão e tudo mais jogando contra, como explicar a cada vez mais folgada liderança da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas para 2014 (no último Ibope, tinha mais intenções de voto do que o dobro dos seus prováveis adversários somados)?

Dilma e Lula: proximidade resistente
A cada nova pesquisa, esta é a pergunta que mais me fazem. Acho que a causa desta aparente contradição é demográfica e geográfica: o lugar onde moro e o meio social em que convivo é o mais crítico em relação ao governo do PT desde a primeira eleição de Lula e o mais refratário à revolução social que se deu no país nos últimos anos. Este Brasil velho e o novo Brasil são dois países que não se cruzam.

O maior eleitorado, tanto de Dilma como de Lula, vive nas regiões mais pobres e distantes do país, não costuma ler jornais nem acompanha blogueiros limpinhos, e ainda tem, sim, maiores dificuldades de acesso à educação e à saúde, mas sente que a sua vida melhorou na última década. Por isso, quer a continuidade deste governo, como mostram todas as pesquisas.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

É Só Socó

Rafael de Carvalho, paraibano de Caiçara, devidamente embriagado depois de muitas doses de Jackson do Pandeiro, compôs. Bia Góes interpreta.

É só Socó.


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

As cores do tricolor

Já escrevi sobre o vexatório expediente que os clubes brasileiros estão usando para engordar um pouco mais os caixas das vendas de camisas.

A criação de "novos" uniformes, deixando de lado as cores e os padrões tradicionais não são mais novidade para praticamente nenhum clube do Brasil. O Vitória, recentemente se apresentando com camisas listradas em preto e branco na horizontal, causou-me a mais recente decepção. Ao contrário da campanha do ano passado, em que as listras eram horizontais e iriam sendo "preenchidas" de vermelho a partir da doação de sangue, a motivação desta campanha é meramente vender a camisa.

Que não tem nada a ver com as cores do Vitória.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

PT e PSDB: diferentes mas nem tanto.


PT e PSDB não são tão diferentes quanto suas trajetórias de disputas fazem crer. Pelo contrário: em vários momentos do passado estiveram juntos. E hoje, afastados pela euforia das disputas eleitorais, ainda permanecem  unidos por alguns conceitos e projetos que, bem pesados e bem medidos, são praticamente iguais.

A convergência PT-PSDB sobre políticas sociais


Luis Nassif

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O Espaço Democrático GGN-IG (http://glurl.co/c7e) foi criado para permitir o debate de ideias e propostas entre os partidos. Já se discutiu a Reforma Política e a Política Econômica. Esta semana, a discussão é sobre políticas sociais. Descontadas as retóricas de lado a lado, o que se observa é uma importante convergência de diagnósticos: o de que a pobr
eza deve ser atacada em múltiplas frentes, com uma abordagem sistêmica, envolvendo renda, saúde, educação, habitação. As diferenças são mais de ordem semântica e econômica – ou seja, o modelo econômico que ancora as políticas sociais.

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sábado, 9 de novembro de 2013

O medo da queda e o império do medo

Fábio de Oliveira Ribeiro

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As revelações feitas por Edward Snowden sobre o uso da internet para coleta de dados dos cidadãos, empresas e governos de todo o mundo é a face mais visível de um grande problema que a mídia se resolve a encarar.  A mídia até tem dado notícias bastante acuradas sobre a crise diplomática envolvendo a atividade da NSA e sobre as conseqüências pessoais que Snowden está sofrendo em razão de vazar dados sigilosos de seu país, mas sob a superfície dos fatos há algo maior. A cultura do medo que levou o governo dos EUA a criar os super bancos de dados com finalidades evidentemente policialescas e imperiais.

Medo é um sentimento a que todos os seres humanos estão sujeitos. Alguns sentem mais medo do que outros. Com treinamento adequado, as pessoas podem enganar ou controlar o próprio medo. Mas o medo é e sempre será uma variável importante e imprevisível do comportamento humano, pois ele não deixa de existir nem mesmo quando seus efeitos ficam temporariamente suspensos em razão do uso de drogas.

O medo produziu as primeiras lanças de madeira e machados de pedra. Ele instigou os seres humanos a aperfeiçoarem seus armamentos até que os mesmos se transformassem no que são hoje. Mesmo assim, a insegurança nunca abandonou os homens em armas. Na verdade o medo que alguns desejam produzir em outros sempre volta a crescer dentro deles quando eles descobrem que os “outros” conseguiram equivalência ou superioridade bélica (impulsionados que foram pelo temor).

NSA - o braço "espião" do governo dos EUA


É assim que o medo se transforma em cultura automatizando os comportamentos até que ninguém mais questione como e porque se tornaram escravos dos seus próprios temores.  Ao tratar do medo das drogas nos EUA, por exemplo, Barry Glassner  constatou que o uso de drogas legais é socialmente mais relevante que o tráfico de entorpecentes. Segundo ele mais:

“...americanos usam drogas  lícitas por razões não-médicas do que usam cocaína ou heroína; centenas de  milhões de indiciamentos são usados de modo ilícito todos os anos. Mais da metade das pessoas que morrem por problemas médicos associados a drogas ou buscam tratamento para esses problemas estão consumindo medicamentos vendidos com receita. A própria American Medical Association estima que um entre 20 médicos seja completamente negligente na prescrição de medicamentos, e, de acordo com a Drug Enforcement Agency (DEA), no mínimo 15 mil médicos vendem receitas ilegais. No entanto, menos de 1% do orçamento relativo ao combate às drogas destina-se ao controle do uso abusivo de medicamentos vendidos com receita.” (Cultura do Medo, editora Francis)  

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Lampião como ele era

Benjamin Abrahão, libanês, produziu todas as imagens cinematográficas que existem do controverso cangaceiro Lampião.

Para muitos, hoje, uma espécie de herói do sertão, um tipo de Robin Hood do Nordeste, e para seus contemporâneos a imagem perfeita do Diabo.

Nada disso descreve Lampião com Justiça.É difícil fazê-lo.

Benjamin chegou bem perto. Ou suas lentes fizeram isso.


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A importância do Marco Civil da Internet

Luis Nassif

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Nos últimos anos, uma nova lei – a Lei do Cabo – permitiu aos canais de TV a cabo descontar parte do imposto de renda no financiamento de produções nacionais – com obrigatoriedade de passar um pequeno número de horas/mês no horário nobre.
Bastou para que começasse a florescer por todo o país uma nova indústria de audiovisual.

domingo, 27 de outubro de 2013

Criatividade surpreendente

Pawel Kuczynski nasceu na Polônia em 1976. Autor de vários quadros, traz um estilo realista, que ao mesmo tempo é bem humorado e de denúncia. Sarcasmo, por assim dizer.

Suas sátiras em forma de quadro já estão sendo reconhecidas no mundo inteiro. De fato,é impressionante como ele consegue falar tanto em suas pinturas meio surreais, extremamente realistas. Pawel denuncia tudo: desde a política até as contradições econômicas.


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Professores e a Educação Integral

Especialistas discutem os desafios do professor de escolas de Educação Integral

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Na Grécia Antiga, era na praça pública (ágora) que mestres como Sócrates e Platão se encontravam com seus discípulos para discutir política, cultura e ética.  Alguns séculos depois, o papel exercido pela praça foi transferido para a instituição escolar, que, desde então, é vista como a principal fonte de saber e conhecimento.  No século 21, o desafio é mostrar que tanto a praça quanto todo o restante da cidade podem ser espaços educativos e todas as pessoas que constroem tanto o espaço escolar como o o da comunidade são responsáveis pela educação de crianças e adolescentes.

Foi nessa perspectiva, saindo do prédio escolar e caminhando pela comunidade do entorno, que Eda Luiz, diretora do Cieja Campo Limpo, na capital paulista, descobriu que os estudantes poderiam contar também com os movimentos sociais, ONGs e comerciantes da região nos processos de aprendizagem. A articulação da diretora fez a população se envolver mais com a escola e compartilhar seus conhecimentos. Mães viraram educadoras. Integrantes de movimentos sociais tornaram-se educadores. A Unidade de Saúde local virou fonte de conhecimento e os professores que já atuavam no colégio puderam ampliar suas atividades.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Aos discípulos de Hipócrates

No momento de ser admitido como Membro da Profissão Médica:

Prometo solenemente consagrar a minha vida ao serviço da Humanidade.

Darei aos meus Mestres o respeito e o reconhecimento que lhes são devidos.

Exercerei a minha arte com consciência e dignidade.

A Saúde do meu Doente será a minha primeira preocupação.

Mesmo após a morte do doente respeitarei os segredos que me tiver confiado.

Manterei por todos os meios ao meu alcance, a honra e as nobres tradições da profissão médica.

Os meus Colegas serão meus irmãos. Não permitirei que considerações de religião, nacionalidade, raça, partido político, ou posição social se interponham entre o meu dever e o meu Doente.

Guardarei respeito absoluto pela Vida Humana desde o seu início, mesmo sob ameaça e não farei uso dos meus conhecimentos Médicos contra as leis da Humanidade.

Faço estas promessas solenemente, livremente e sob a minha honra.

Hoje é dia do Médico.

Não é possível imaginar o tamanho da gratidão que se acumula em meu coração. Gratidão devotada a tantos profissionais diferentes, por tantos motivos diferentes. Por mim, por meus filhos, por meus familiares, por amigos.

Pela Humanidade.

A sublime missão que abraçaram é, e será sempre, o consolo mais valioso nos momentos mais difíceis. Aplacar a dor, promover a vida, interromper o sofrimento.

Que os Médicos, honrados discípulos de Hipócrates, recebam, de todos, mais que o respeito; o afeto e a gratidão.

E mesmo isso sempre será pouco.

Nada lhes pagaria o que nos dão.

sábado, 12 de outubro de 2013

A balbúrdia democratizante das redes sociais


Luis Nassif





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Antes de ontem, em São Paulo, houve um evento de lançamento do novo site do “Carta Maior”.

Trata-se de um portal assumidamente de esquerda, que congrega pensadores brasileiros e internacionais, unidos em torno das mesmas ideias e da Internet. Havia desde intelectuais latino-americanos até o espanhol Ignácio Ramonet, fundador do prestigiado Le Monde Diplomatique.

***

A saga do Carta Maior repete-se em outras iniciativas da Internet. Em meio ao caos que domina o meio, aos ataques destrambelhados de esquerda e direita, à nova não-etiqueta – de um pessoal capaz de cometer, pela Internet, grosserias que jamais cometeriam presencialmente – começam a se moldar as referências, um pequeno arquipélago de blogs e sites independentes, capazes de fazer o contraponto.

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É uma construção algo complexa, devido à diluição das vozes.

No velho modelo de jornal, um percentual maior de leitores lê Esportes, talvez os cadernos culturais e o Cidade – o caderno inicial com reportagens locais e, especialmente, policiais. Um contingente menor lê economia, política nacional e política internacional.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Linda Campina!



Parabéns à Rainha da Borborema. Mãe de meu futuro, cidade onde encontrei meus sonhos e onde nasceu meu Filho. 149 anos de pura juventude e mocidade.

Te amo, Campina Grande!

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Novo procurador-geral defende punição de agentes da ditadura

Rodrigo Janot muda entendimento de Roberto Gurgel de que anistia protege todos os crimes cometidos pelo regime e afirma que é 'hipocrisia' se valer da lei para dar amparo a um sistema que a ignorou

João Peres

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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, manifestou haver possibilidade jurídica de punir agentes do Estado que cometeram crimes durante a ditadura (1964-85). Em parecer encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), Janot muda o entendimento do antecessor, Roberto Gurgel, para quem a questão estava enterrada desde que em 2010 a Corte se manifestou pela plena constitucionalidade da Lei de Anistia, aprovada pelo Congresso em 1979, ainda durante o regime.
Rodrigo Janot: punição aos torturadores da Ditadura

domingo, 6 de outubro de 2013

A aliança Marina-Eduardo muda o quadro eleitoral de 2014.


Assis Ribeiro

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A inesperada aliança ocorrida no dia de ontem promete mudanças no tabuleiro da política e torna mais apimentadas as expectativas dos próximos lances das candidaturas.

A diminuição do número de candidatos à presidência da República anima a possibilidade de uma reeleição de Dilma logo no primeiro turno, aciona o sinal de alerta das oposições o que poderá provocar a alteração dos candidatos no tabuleiro.

As peças e o tabuleiro da política após a aliança entre
Eduardo Campos e Marina Silva: indecisão

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

domingo, 29 de setembro de 2013

Homossexualidade na TV: novos tempos

Homossexualidade na TV brasileira: liberação ou reprodução de preconceitos?


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O tema da homossexualidade, ou do homoerotismo, ou da homoafetividade, como preferem alguns, é praticamente sinônimo de polêmica em se tratando de Brasil, um país de ampla maioria cristã. Portanto, com uma população pouco simpática às relações sexuais fora dos padrões chamados heteronormativos, baseados nas relações homem versus mulher, no casamento e no sexo para procriação. Nos últimos anos, devido à presença cada vez maior do tema na televisão e na internet, principalmente, a polêmica parece ter crescido. E, para completar, a recente eleição de um pastor evangélico para a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, acusado de homofobia e racismo, bem como as declarações do papa Francisco sobre os gays durante a Jornada Mundial da Juventude, realizada no Brasil — "quem sou eu para julgar os gays” —, acirraram os ânimos do povo, criando uma verdadeira divisão entre militantes contrários e prós homossexualidade.
Personagem homossexual sem idealizações

terça-feira, 24 de setembro de 2013

O mensalão e a democracia

Claudio Lembo.

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Claudio Lembo: jurista, ex-governador de São Paulo
Os valores culturais formam as nacionalidades. Indicam seus modos de encarar o mundo e reconhecer seus iguais. Em cada sociedade eles se apresentam de maneira singular.

Algumas nacionalidades tendem ao espírito guerreiro. Outras às artes. Muitas atuam em duelos tribais. Umas poucas se dedicam à contemplação do universo.

Os brasileiros recolhem muitos destes atributos e acrescentam um traço característico. Todo brasileiro é técnico de futebol. É o que se dizia até passado recente.

Agora, o Brasil profundo, aquele que foi forjado pelo bacharelismo, veio à tona. Com o julgamento do mensalão, todos se voltaram a ser rábulas, práticos da advocacia. 

 A audiência da televisão pública, destinada aos assuntos da Justiça, superou a de todos os demais canais. As sessões do Supremo Tribunal Federal foram assistidas, em silêncio, por multidões.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Depois dos médicos, a hora da gestão na saúde

Luis Nassif

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Está na hora de retomar os conceitos de gestão para a área da saúde.

O país já dispõe de tecnologia de gestão, especialistas, métodos consagrados para aplicar em toda rede pública e ajudar na rede privada.

O primeiro passo é pensar prospectivamente o setor. O Brasil está envelhecendo. Essa mudança demográfica trará impactos expressivos sobre a saúde pública. Há que se desenvolver e deflagrar políticas de prevenção.

O segundo passo é ter uma visão sistêmica do setor.

É evidente que faltam médicos, médicos são essenciais e devem ser procurados onde estiverem disponíveis, seja em Cuba ou na Espanha.

Mas é evidente, igualmente, que os problemas da saúde não se resumem à falta de médicos.

Fila para atendimento no SUS

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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Carta a Felipe Massa

Flavio Gomes

Original aqui.

Felipe,

Começando do começo. Soube da sua existência lá pelo fim dos anos 90, você com uns 16 ou 17 anos na F-Chevrolet, meu amigo e quase sócio Ricardo Tedeschi te dando uma força. Então foi para a Europa numa pindaíba danada, teve até aquela história de ganhar um prêmio em cerveja por uma vitória e ter de vender as latinhas para pagar o aluguel, essas coisas que quando a gente olha para trás ri e se orgulha delas.

Aí, em 2001, um teste na Sauber. Ricardo, telefonei, que legal! O menino é bom, é humilde, rápido, vamos ver o que dá, responde o Ricardo.

Falipe Massa
No ano seguinte, a apresentação como piloto da Sauber aqui em São Paulo, num hotel na Vila Olímpia, ou no Itaim, você magrinho e meio assustado com aquela gente toda, e desde o início eu sabendo que no fundo era tudo com a Ferrari, mas sem poder publicar, cravar, como a gente diz, porque você e o Ricardo eram dois túmulos, souberam guardar o segredo por anos a fio.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

O Fim de uma Era?

O Brasil e a Fórmula 1 se casaram em 1969.

O matrimônio aconteceu com o debut de um rapaz narigudo de nome italiano, mas apelidado de Rato, que guiava para a famosa equipe Lotus, de Colin Chapman.

A Lua de Mel se deu no ano seguinte, com a primeira vitória de Emerson Fittipaldi em Watkins Glen, e o primeiro filho nasceria dois anos depois, em 1972, quando o carro preto e dourado venceria o campeonato mundial nas mãos do Rato.

A partir daí as núpcias se tornaram um sólido matrimônio. Em 1974 a Mclarem e Émerson pariram o segundo filho, e a fecundidade enfrentou uma ligeira pausa até 1981. Naquele ano Nelson Piquet e a Brabham deram ao casamento, o terceiro de seus oito rebentos. O mesmo Piquet e a mesma Brabham trouxeram o quarto filho em 1983 e, já na Williams, o quinto, em 1987.

Aí veio a era Senna, com sua Mclarem, e os três filhos caçulas nasciam em 1988, 1990 e 1991.

O matrimônio viveu seus melhores dias. A partir daí a fertilidade declinou. Rubens Barrichello e Felipe Massa chegaram perto, mas esses filhos acabaram não vingando. O de Massa por uma curva; algo como perder um filho aos oito meses e meio de gravidez.

Mas parece que o casamento chegou ao fim. Felipe Massa anunciou no Instagram que não correrá pela Ferrari ano que vem. E, dados seus desempenhos nas últimas temporadas, dificilmente encontrará uma vaga competitiva para ocupar. Como ele mesmo já disse que não deseja correr para meramente completar o grid, é de se esperar vê-lo longe da Fórmula 1.

Anúncio de Felipe Massa: "Não vou mais correr pela Ferrari em 2014"

E, provavelmente, nenhum brasileiro restará lá.

domingo, 8 de setembro de 2013

Dinner for One

O humor inglês se destaca pela acidez e pela criatividade, antes de tudo. Pessoalmente, penso que são os melhores do planeta, embora existam tantos talentos em tantos lugares.

Esta pequena esquete eu conheci há pouco tempo, por incrível que pareça. Tratava-se de uma falta minha, já que é uma das peças clássicas do humor em todo o planeta.

Produção Anglo Germânica, com atuações brilhantes de Freddie Frinton, no papel do mordomo James, e May Warden, como Miss Sophie.

Ver e rir muito.


sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Correndo em Cuba

Falar de Cuba sem falar de médicos cubanos, em tempos atuais, parece difícil. Todavia, indiferente às questões políticas, um piloto é um cara que gosta de carros, de pista, de velocidade.

David Coulthard, aposentado da Fórmula 1, aceitou um convite para ir a Cuba e, na Ilha, disputar uma corrida muito interessante, com carros clássicos. O único tipo de corrida que pode ser disputado ali.

David exercitou o que mais gosta: carros, velocidade, disputas. A nós, resta apenas este pequeno documentário.

sábado, 31 de agosto de 2013

Um pouco de humanismo e bom senso

Um pouco de alento. Muito bom senso e humanidade. De fato, os médicos estrangeiros podem fazer uma grande diferença para muita gente. Mesmo portando "apenas" um esfignomanômetro e um estetoscópio.

Mas trata-se, teme-se, de um profissional diferenciado. Que trabalhou nos Médicos Sem Fronteiras. Que conheceu realidades tão diversas das dos consultórios antissépticos dos grandes centros médicos das grandes cidades.


David Oliveira de Souza: de Medecins Sans Frontiers ao Sírio Libanês.
Carta aos Médicos Cubanos

Original aqui.

Por David Oliveira de Souza*

Bem-vindos, médicos cubanos. Vocês serão muito importantes para o Brasil. A falta de médicos em áreas remotas e periféricas tem deixado nossa população em situação difícil. Não se preocupem com a hostilidade de parte de nossos colegas. Ela será amplamente compensada pela acolhida calorosa nas comunidades das quais vocês vieram cuidar.

A sua chegada responde a um imperativo humanitário que não pode esperar. Em Sergipe, por exemplo, o menor Estado do Brasil, é fácil se deslocar da capital para o interior. Ainda assim, há centenas de postos de trabalho ociosos, mesmo em unidades de saúde equipadas e em boas condições.

Caros colegas de Cuba, é correto que nós médicos brasileiros lutemos por carreira de Estado, melhor estrutura de trabalho e mais financiamento para a saúde. É compreensível que muitos optemos por viver em grandes centros urbanos, e não em áreas rurais sem os mesmos atrativos. É aceitável que parte de nós não deseje transitar nas periferias inseguras e sem saneamento. O que não é justo é tentar impedir que vocês e outros colegas brasileiros que podem e desejam cuidar dessas pessoas façam isso. Essa postura nos diminui como corporação, causa vergonha e enfraquece nossas bandeiras junto à sociedade.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Intelectuais e Partidos Políticos

O PT e o PSDB eram os protagonistas, no passado, do pensamento mais intelectualizado, racional e ponderado na Política.

Ambos perderam isso na luta insana pelo Poder. E agora esse contraponto à realpolitik falta a ambos.

É hora dos partidos investirem nos seus intelectuais

Luis Nassif
Hélio Bicudo: jurista, fundador do PT, militante do PSDB. Voz não ouvida.

Original aqui.

Houve um longo período na política brasileira em que se superestimou o papel dos intelectuais na atividade política. Nos últimos anos ocorreu processo inverso, com fundas consequências na vida dos partidos, especialmente da oposição.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Os médicos, as galinhas e os cubanos



Victor Lisboa


Original aqui.

1. Desordem no galinheiro


Breve cena da vida privada. Pela manhã, escuto no rádio que chegaram os primeiros médicos estrangeiros. No trabalho, colegas conversam a respeito. Um sugere que é estratégia para dar grana ao Fidel. Penso em replicar que as coisas são mais complexas mas, nesse momento, liga minha mãe.

Chorosa, pergunta se eu poderia ajudar a fazer uma denúncia contra um médico que desmarcou sua consulta por duas vezes e, na terceira, deixou-a esperando duas horas até ser atendida. No sábado, soube de uma menina que, atropelada, faleceu após aguardar três horas por atendimento em um hospital.

Breve cena da história. Logo após a Primeira Guerra, um naturalista norueguês chamado Thorlief Schjelderup-Ebbe decidiu passar uns tempos na fazenda de seus pais. Ao cuidar do galinheiro, notou que ali havia hierarquia: algumas galinhas comiam primeiro os grãos despejados em um pote; saciadas, abriam espaço àquelas no segundo nível da hierarquia; por fim, quem estava na base ficava com as sobras. Tudo bem ordeiro.

Ele chamou essa estrutura de “ordem de bicadas” (pecking order).

sábado, 24 de agosto de 2013

De estranhos e estrangeiros

Prof. Clóvis F. Ramaiana M. Oliveira


 Original aqui.

Mainha dizia que toda vez que via um jaleco de médico por perto, subia-lhe a pressão. Não era para menos; a velha tabaroa, que falava fluentemente a língua das plantas, via, nos médicos, invasores. Seres que vinham questionar os saberes acumulados nas folhas, nos caules, nas raízes e que circulavam nas melodias das oralidades. Pensava neles de maneira xenófoba.

Lembro sempre dela quando rola o debate sobre os médicos cubanos. Para a velha, bastava usar o jaleco branco.

E para mim?

Vou tentar seguir outros caminhos.

Tenho, na minha família, duas médicas, ambas muito boas no mister que escolheram para suas vidas. Uma delas, minha irmã, sempre foi, como profissional e estudiosa, um dos faróis da minha vida. Também tenho bons amigos que são bons médicos. Um deles, meu cardiologista, me impressiona pela simplicidade e capacidade de sentir, em si, as dores dos seus pacientes. Portanto, nada tenho contra médicos em geral, assim como não tenho contra historiadores, minha profissão. Poderia apontar, nos dois grupos de trabalhadores, práticas degradantes e sujeitos ruins, mas nunca na atividade propriamente.

Por isso gostaria de deslocar meu olhar para outra perspectiva, nunca da qualidade ou não de médicos daqui ou dali.

Quem é, de fato, estrangeiro?

Os Cubanos estão vindo!

Caluda! Os cubanos vêm aí


Luciano Martins Costa

Original aqui.

Os jornais foram surpreendidos pela decisão do governo de importar de Cuba 4 mil médicos para ocupar postos em lugares críticos, onde não há serviço público ou particular de saúde. Os primeiros 400 deverão chegar já na próxima semana e serão enviados para cidades ou bairros que não despertaram interesse de profissionais brasileiros ou do exterior na primeira fase das inscrições no programa Mais Médicos, 84% dos quais no Norte e Nordeste.
Médicos cubanos para amenizar uma carência crônica de
profissionais no Brasil

O noticiário dá conta de que, ao todo, 3.511 municípios se inscreveram no programa, o que revela uma demanda de 15.460 vagas. Apenas 15% desse total haviam sido completados até quarta-feira (21/8). Cada médico contratado custará aos cofres públicos R$ 10 mil de salários mensais, mais os custos da mudança e pagamento de moradia e alimentação.
O convênio que permitirá a contratação de médicos cubanos foi feito pelo governo brasileiro com a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), que tem um acordo com governos de vários países, inclusive Cuba, para atender casos de emergência e carência crítica.

Os jornais de quinta-feira (22/8) explicam que 84% dos profissionais que virão de Cuba têm mais de 16 anos de experiência, 30% são pós-graduados, muitos trabalharam em países onde se fala a língua portuguesa, principalmente na África, e todos são especialistas em saúde da família.

Ainda assim, dirigentes de entidades médicas do Brasil fazem declarações à imprensa condenando a iniciativa. Representantes do Conselho Federal de Medicina e da Associação Médica Brasileira dão a volta nas informações oficiais sobre o convênio firmado com a OPAS e declaram que o programa é apenas uma jogada eleitoral. Um desses dirigentes chegou a afirmar que o contrato para trazer médicos cubanos tem “características de trabalho escravo”. No extremo do destempero, o presidente do Conselho Federal de Medicina opinou que a iniciativa do governo “poderá causar um genocídio”.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Veja lá o Preconceito!

A revista Veja estampou uma foto em sua capa do dia 21 de Agosto de 2013 uma fotografia que seguramente foi muito, muito infeliz.

Para não dizer preconceituosa.
Bandeira da Paraíba associada ao "vandalismo"
A foto mostra um manifestante, supostamente um Black Bloc, aqueles que cometem atos de violência e vandalismo nas manifestações. O rosto está coberto. A expressão nos olhos sugere ser uma pessoa jovem, talvez uma adolescente.

sábado, 17 de agosto de 2013

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Sobre Medicina, Brasil e Cuba

Um médico cubano fala. Para nos fazer refletir sobre Medicina, sobre respeito entre os povos, sobre a recentemente tão difamada medicina cubana.

Vale à pena ler.

Original aqui.

“Meu nome é Juan Carlos Raxach, cubano, que desde 1998 escolhi o Brasil como meu país de residência, e sinto o maior orgulho de ter me formado, em 1986, como médico em Havana, Cuba.

É com tristeza e dor que vejo as notícias publicadas pela mídia e nas redes sociais, a falta de respeito e de solidariedade proveniente de alguns colegas brasileiros, profissionais ou não da área da saúde, que atacam e desvalorizam os médicos formados em Cuba como uma forma de justificar a sua indignação às medidas tomadas pelo governo brasileiro no intuito de melhorar a qualidade dos serviços do SUS.

sábado, 3 de agosto de 2013

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

As empresas digitais e a Concentração de renda

Todas mudanças são traumáticas, e nada acontece sem uma contrapartida. O mundo digital, tão instantâneo e tão fácil, também tem seu preço. Uma concentração de renda crescente, sem paralelo em outros ramos da atividade humana.


Facebook comprou o instagram por R$ 2,2 bilhões e apenas 13 funcionários

Contra a Internet


Álvaro Pereira Júnior
Folha de São Paulo

Original aqui.

No auge, a Kodak empregava mais de 140 mil pessoas e valia cerca de R$ 50 bilhões. Quando o Instagram foi vendido por R$ 2 bilhões ao Facebook, ano passado, tinha só 13 funcionários.

domingo, 28 de julho de 2013

A Inteligência burra

Por que a polícia não havia previsto as recentes manifestações de rua?

Mauricio Dias - Carta Capital

Original aqui.

Apesar de pequenas gafes e deslizes do policiamento encarregado de protegê-lo no Brasil, o papa Francisco saiu ileso. Nem sempre os erros são pequenos assim. Normalmente são graves e repetitivos, com mortos e feridos, como tem ocorrido nas manifestações de rua, nos últimos dois meses, em várias cidades do País.

Os equívocos são muitos e começam de um ponto banal, como aponta o professor Jorge da Silva. “A polícia brasileira, em geral, confunde as atividades de investigação com as de inteligência. A investigação, como é sabido, visa elucidar os fatos a posteriori e apontar culpados. A inteligência é o armazenamento de informações gerais que circulam na sociedade e no cruzamento e análise dessas informações, com a finalidade de prever acontecimentos futuros”, esclarece o professor, que é doutor em Ciências Sociais e ex-chefe do Estado-Maior da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

“No início, as autoridades demonstraram total desconhecimento do que viria à frente. Minimizaram as manifestações e rotularam os manifestantes de baderneiros e vândalos”, diz .

Manifestações pareciam mero "vandalismo"até ganhar corpo e consistência


“Por que as polícias teriam se surpreendido pela ação de grupos ideológicos anarquistas que agiram conforme anunciaram em rede? Como não sabiam? E como não tinham uma estratégia específica para enfrentá-los?”, pergunta Jorge da Silva, surpreso com a surpresa dos serviços de inteligência sobre a existência do movimento anarquista.

“Desconhecem que grupos ideológicos como o Black Bloc, com simpatizantes também no Brasil, agem de forma idêntica, roupa preta, capuzes, máscaras, com a estratégia de infiltrar-se em manifestações e protestos para praticar atos de vandalismo e destruição?”


terça-feira, 23 de julho de 2013

sábado, 20 de julho de 2013

História de Guerra

Não gosto muito de histórias de guerra. Mas esta aqui é comovente. Primeiro porque há americanos nela, mas eles não são os heróis. Antes, são as vítimas que o herói salva. Este último papel cabe ao o tenente Franz Stigler, da Luftwaffe, a temida força aérea alemã da segunda guerra. Foi o tenente quem encontrou um avião americano em frangalhos após uma batalha aérea e, incrivelmente, o escoltou ao invés de abatê-lo. Depois os dois pilotos acabariam se conhecendo pessoalmente.

B-17 escoltado por caça da Luftwaffe

A narração abaixo é uma tradução de Flavio Gomes (aqui) do texto original em inglês (aqui).

Depois de bombardear Bremem, o B-17 americano foi severamente atingido por caças alemães Messerschmitt e estava em frangalhos quando finalmente conseguiu se livrar dos aviões da Luftwaffe, que nem se importaram muito. Do jeito que ele estava, não iria durar muito. Cairia no Mar do Norte. Tinha rombos na fuselagem, avarias no bico e na cauda, tripulantes mortos e outros feridos, nenhum poder de fogo.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Crianças de Terreiro

Documentário sobre os rituais de iniciação de crianças no Candomblé.

Elas tomam conhecimento dos deuses, dos rituais e dos valores de maneira lúdica e saudável.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

O povo não é bobo

Acuadas pela blogosfera, embora protegidas pelas empresas de comunicação coirmãs, as Organizações Globo, quem diria, vivem dias de vidraça

Leandro Fortes
Carta Capital

Original aqui.

Enquanto ainda alimenta a fantasia das “manifestações pacíficas” que cobriu, covardemente, do alto dos prédios das cidades, com repórteres postados como atiradores de(a) elite, a Rede Globo se vê, finalmente, diante de uma circunstância que não consegue dominar, manipular e, ao que parece, nem mesmo entender. Aliás, que jamais irá entender, porque se tornou uma instituição não apenas descolada da realidade, mas também do tempo em que vive. Ela e a maior parte dos profissionais que nela trabalham, estes que acreditam ter chegado ao topo da profissão de jornalista quando, na verdade, estão, desde muito tempo, vinculados ao que há de mais obsoleto, atrasado e cafona dentro do jornalismo nacional.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Excomunhão

Afastando o mau espírito do Estado Laico, que ainda insiste em atrapalhar os negócios de certos "Homens de Deus".

Latuff.


sábado, 6 de julho de 2013

Medo Médico

Por um lado há uma série de críticas a respeito das condições de trabalho. Os governos tem muito a ver com isso, em todas as esferas. De fato, nem sempre há a quantidade e a qualidade desejada de equipamentos e materiais para se promover uma boa saúde pública. Disso os médicos tem toda a razão em reclamar.

Mas há as ausências nos plantões, as concentrações em áreas ricas a despeito de regiões carentes e, principalmente, a simples constatação de que a Medicina preventiva, que não necessita de grandes investimentos em infra-estrutura. Resolver cada um desses pormenores pode amenizar e muito as mazelas da saúde pública brasileira.

Tudo isso torna razoável a vinda dos estrangeiros. Se os médicos daqui não desejam ir para o interior, morar em cidades pequenas (os dados estão abaixo), e se há um grupo de médicos ávidos por isso, que decisão o governo deve tomar?

Por que o CFM tem medo dos médicos cubanos?


terça-feira, 2 de julho de 2013

Dilma não cai sozinha

A queda da popularidade da presidenta Dilma é algo alarmante para o PT.

Todavia, isso não significa que as coisas estejam melhores para outros partidos. Na oposição também houve baixas significativas.

Efetivamente, todos os governantes: prefeitos, governadores e, claro, a presidenta, saíram perdendo.

PT e PSDB lutam entre si mas apanham juntos nas ruas
Neste cenário, apenas políticos que estão momentaneamente alijados do poder puderam gozar do anonimato e, assim, permanecerem intocados. Caso de Marina Silva e Lula.

sábado, 29 de junho de 2013

Homenagem ao Mestre

Camilo de Lélis: inesquecível professor

Que se foi hoje, após uma longa luta contra o Câncer.

Foi-se o primeiro Professor que encontrei no curso de Ciência da Computação. Ele me concedeu a Primeira Aula. A primeira disciplina. Os primeiros rudimentos de programação.

Nunca me esqueço da segunda-feira, dia 23 de Abril de 1990.

Entrou em cena na minha vida um dos meus maiores mentores. Que moldou em mim os primeiros traços de Cientista da Computação.

Camilo de Lélis sai de cena hoje, dia 29 de Junho de 2013. Exatos, como ele mesmo gostaria que eu dissesse, 23 anos, 2 meses e 6 dias depois.

Sai de cena o homem. Permanece a referência do grande Professor que eu nunca esquecerei, e a quem nunca serei grato o suficiente.

Honras e saudades eternas do Mestre Camilo.


quinta-feira, 27 de junho de 2013

A vez da mídia

Marcelo Coelho

Original aqui.


Se o pensador mais ousado da Globo se chama Arnaldo Jabor, talvez seja momento de uma autocrítica

Partidos, Congresso, sindicatos, governantes --não há instituição democrática que não esteja sob o foco de críticas. Falta falar de outra instituição, a imprensa. Ou "a mídia", como prefere dizer quem já se põe no campo de ataque.

Acho que há três pontos a destacar. Em primeiro lugar, a ideia de que as redes sociais, como o Facebook, aposentaram a mídia tradicional. De um ponto vista, faz sentido. De outro, não.

Jabor: colunista difícil de ser levado à sério.

Claro que, graças ao Facebook, foi possível avaliar, por exemplo, se valeria ou não a pena participar da manifestação de segunda-feira passada, dia 17 de junho. Quanto mais adeptos no mundo virtual, mais se sente que o momento de passar à vida real já chegou.

terça-feira, 25 de junho de 2013

sexta-feira, 21 de junho de 2013

O PT ficou para trás

Mino Carta

Original aqui.

O Brasil vive um momento de desencontros e esperanças, nem todas bem-postas. Primeiríssima entre estas a da mídia nativa, chega a sustentar que as atuais manifestações de rua se assemelham àquelas pelo impeachment de Fernando Collor. Má informação e delírio são alguns dos atributos do jornalismo pátrio. Quando a Globo mobilizou uma juventude carnavalizada para solicitar a condenação do presidente corrupto, o próprio já havia sido atingido fatalmente pelas provas das ligações entre o Planalto e a Casa da Dinda, levantadas pela IstoÉ. Seu destino estava selado com ou sem passeatas. No mais, é do conhecimento até do mundo mineral que imaginar a derrubada de Dilma Rousseff naufraga no ridículo.

A presidenta e um Partido que pena, mas poderia lucrar com as manifestações
Impávida, a mídia nativa, depois de recomendar repressão enérgica contra os baderneiros, percebeu a possibilidade de enganar os incautos ao sabor da sua vocação e tradição, e agora afirma com a devida veemência o caráter antigovernista das manifestações. Mira-se logo nas próximas eleições. Difícil mesmo, se não impossível por enquanto, distinguir o que move os manifestantes. Certa apenas a demanda da periferia no país da casa-grande e da senzala. Aludo à maioria dos brasileiros que usam ônibus e desconhecem um certo Estado do Bem-Estar Social, para sofrer as consequências de sistemas de saúde, educação, transporte coletivo de péssima qualidade. Sem contar o saneamento básico.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Nas Ruas

Eis que os jovens do Brasil foram às ruas novamente. E foram decididos. Enfrentaram tudo e todos. Não arrefeceram nem mesmo frente à sempre covarde repressão do Poder.

Mas algo desta vez aconteceu diferente. Ao contrário de outros momentos em que os jovens partiram para mudar os caminhos do Brasil, como no período do impeachement do presidente Collor, dessa vez todos no mundo da política foram pegos de surpresa. Naquele tempo havia a oposição que se articulava com a juventude. Desta vez os jovens se levantaram sozinhos. Sem aviso, sem sinais. Apenas se ergueram e vieram para a Luta.

Este movimento que se prolifera rápido pelo país inteiro jogou pelos ares todo o tabuleiro do xadrez político brasileiro. Governo e oposição vêem, estupefatos, as peças se rearranjarem drasticamente modificadas, sem seguir qualquer regra. O tabuleiro agora é outro, as peças totalmente rearranjadas, e o jogo, aparentemente, continua.

As manifestações mudaram o jogo político
Há muito em jogo. Há muito o que temer. Os oponentes, como esperado neste caso, estão inteiramente atordoados. Não há quem seja capaz de entender se este novo cenário lhe é favorável ou desfavorável. Na verdade, o jogo pode, para o bem ou para o mal, estar na iminência de um xeque-mate.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Indignação

Claudio Lembo

Original aqui.

Só os ingênuos ou os maus intencionados não entendem o que está ocorrendo nas cidades brasileiras e, particularmente, em São Paulo, onde, nestes últimos anos, em política, tudo começou.

Está nas ruas uma nova geração. Ela não participou dos acontecimentos marcantes do passado. A redemocratização. As diretas já. O impeachment de Collor.
Deseja participar. Fazer ouvir sua voz. A mera democracia representativa, aquela que permite eleições de dois em dois anos, já não convence. É mero espetáculo vivido por terceiros, os políticos.

Os jovens – e mesmo os adultos – querem ser ouvidos. Cansaram-se das exposições, sempre iguais, dos políticos tradicionais. Os partidos, encontrados às dúzias no mercado, já não representam a mais ninguém.
Manifestação em Brasília