As redes sociais são veículo fundamental para diversas causas, mas libertaram uma fúria reacionária que pode gerar efeitos preocupantes
de Carta Capital
Original aqui. "As mídias sociais deram a palavra a uma legião de imbecis que antes só falavam numa mesa de bar depois de uma taça de vinho, sem causar qualquer prejuízo à coletividade". A frase do escritor italiano Umberto Eco, morto na semana passada, não poderia ser mais certeira para o atual momento brasileiro. Em tempos de crise sobram ódio e oportunismo nas redes e falta racionalidade política.
A frase de Eco pode até soar como ideia antiquada de um vovozinho que não entendeu o rolê, que não sabe como as redes deram voz a quem nunca conseguiu falar. Que foi pelas redes que os jovens pediram mais mobilidade urbana, que os LGBTs disseram a que vieram, que as mulheres se organizaram em um novo feminismo. Tudo isso é verdade, mas Eco também tinha sua razão.
A prova é o triunfo cada dia mais eminente de Donald Trump, o fanfarrão perigoso que corre o risco de ser o candidato republicano e até mesmo o próximo presidente dos Estados Unidos. Para quem acompanha de longe, Trump é apenas uma piada de mal gosto, o cara que quer construir um muro entre o México e os Estados Unidos e expulsar os muçulmanos do país.