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quinta-feira, 30 de abril de 2009

Ordem e Progresso

Ordem: a Prefeitura Municipal divulgou nota, que pode ser lida no site do Rabat (http://www.r2cpress.com.br/node/7045), em que esclarece que estará preparando um esquema de condicionamento para o trânsito em função do show de Zezé de Camargo e Luciano que haverá no centro de convenções.

Progresso: a realização de um show desse porte pode significar oportunidades para as pessoas da cidade: muitos vão se divertir. Taxistas poderão trabalhar mais, ambulantes poderão vender algumas mercadorias, restaurantes e bares deverão receber um público superior à média, etc..

Apesar de o público esperado ser muito superior ao que se viu sábado passado no Boca Du Mar, eu posso adiantar que ficarei muito surpreso se houver, neste final de semana, uma fração que seja dos transtornos do sábado último, dia 25/04. Ao contrário, tudo deverá acontecer na maior Ordem possível.

O motivo pelo qual eu não espero grandes problemas com o trânsito são três fatores, muito simples de se entender: a) o local não é a unica artéria que liga duas áreas populosas da cidade. b) a Avenida tem bastante espaço, de forma que é possível se estacionar automóveis e taxis e ainda acomodar os ambulantes sem que se impeça de escoar o tráfego. c) o ponto onde fica o Centro de Convenções tem múltiplos acessos de entrada e saída de veículos, para o trânsito fluir.

Notem que nenhum desses três fatores existem no caso de shows sediados no Boca Du Mar. E alguém pode argüir: “Pôxa, Degas, o Boca Du Mar não tem culpa se não há infra-estrutura no local!”. É verdade.

Mas isso já era verdade no momento em que o Boca Du Mar foi instalado ali. Por esse motivo é que, em minha modesta opinião, a prefeitura não deve expedir alvarás que permitam o Boca Du Mar, ou qualquer outro estabelecimento localizado em local sem a infra-estrutura necessária, a realizar eventos. As pessoas não merecem isso. A cidade não merece isso. Não há que se aceitar o Progresso apenas. É preciso Ordem.

Imaginem se uma empresa de ônibus decidisse instalar o estacionamento de seus veículos no centro da cidade. A prefeitura deveria permitir? Ou, por outro lado, será que se deveria permitir um empresário instalar um curtume ao lado da Catedral e do Teatro Municipal? Um outro poderia querer usar um terreno de sua propriedade para fazer uma enorme criação de porcos do lado do Bob’s, que tal seria? Qual seria o impacto desses empreendimentos sobre os cidadãos?

Isso poderia até ser considerado, pelo menos pelos empreendedores, um certo tipo de Progresso. Mas definitivamente não seria Ordem.

O problema é que a prefeitura, nesses casos, precisa escolher entre o empresário e as pessoas que moram na cidade. E o zoneamento do município serve, em teoria, e entre outras coisas, exatamente para isso: definir que tipo de empreendimento pode funcionar em cada lugar. Daí que não se pode ter indústria no centro da cidade, nem criação de animais. Também não se pode permitir estabelecimentos que façam barulho (igrejas, casas de show, aeroportos, etc.) perto de hospitais. No fundo é tudo apenas uma questão de bom senso.

Voltando aos empresários que desejam atuar no ramo de eventos e shows, em Ilhéus há muitos lugares com ótimo potencial para se instalar casas de Show. Locais com fácil acesso de veículos e pedestres, muito espaço para pessoas e automóveis, fácil de se instalar estruturas de segurança e, principalmente, cujo impacto na vida das pessoas que moram na cidade é mínimo. À prefeitura cabe defini-los bem e fazer cumprir suas determinações. Aos empresários cabe aproveitá-los bem, mas devem fazer isso submetendo-se à Ordem.

Ordem e Progresso.
Ilhéus também merece.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

ANAC X Aeroporto: notícias sem novidades

No site do Rabat há um release da prefeitura, que dá conta dos esforços envidados pelo prefeito de Ilhéus, junto com outros, para que as companhias aéreas se interessem em operar vôos noturnos. A matéria pode ser lida em http://www.r2cpress.com.br/node/7025.

Eu sinceramente parabenizo os esforços da prefeitura nesse sentido. Aliás, desde que os problemas da ANAC com o aeroporto começaram eu tenho visto uma postura muito ativa da prefeitura: mandaram por as cancelas, e foram postas. Depois foi decidido que mais de sessenta obstáculos precisariam ser retirados, e foram. Aí, inclusive, em esforço conjunto com a Infraero e o Governo Estadual.

Entretanto, observando o produto final da reunião, e ainda segundo a peça publicitária da prefeitura, eu sinceramente não vejo nenhum motivo para me mostrar otimista. Porque, lendo com atenção se pode perceber, tudo o que o prefeito ouviu das duas companhias é que elas tem interesse em operar vôos noturnos, sim. Mas isso ocorrerá desde que a ANAC permita. E o problema é exatamente esse: não há porque esperarmos que a ANAC vai permitir.

Um rápido histórico dos eventos ajudará a esclarecer isso.

Inicialmente uma reportagem da Rede Globo deu conta de que o aeroporto de Ilhéus "é o 2o mais perigoso do país" (embora não tenha ficado claro como se mede a periculosidade dos aeroportos). A ANAC então impôs restrições ao tamanho das aeronaves que poderiam operar no aeroporto. Com isso a cidade perdeu a operação dos aviões AirBus A320 da TAM.

Para resolver o problema seria necessário instalar cancelas para interromper o trânsito, e isso foi feito. Mas a ANAC não liberou a operação dos A320, alegando que as cancelas estavam em posição irregular. Mais do que isso, determinou a proibição de pousos por instrumentos, alegando 66 obstáculos que precisariam ser removidos.

Criou-se a expectativa de que, se pudesse ser cumprida a enorme lista de exigências, a ANAC recuaria pelo menos na proibição de pousos com instrumentos. O interessante é que, por incrível que pudesse parecer a princípio, todos os obstáculos foram de fato removidos, incluindo aí a demolição parcial do último andar de um hotel. "Agora sim!", pensaram alguns, "O Aeroporto vai voltar a operar normalmente!". Até a afiliada local da Rede Globo noticiou essa vitória, tida como certa.

Ledo engano. A ANAC fez uma vistoria, confirmou a remoção de toda a infinidade de obstáculos mas, ainda assim, manteve as restrições de operação do aeroporto. O que, aliás, parece difícil de ser explicado.

Dessa forma, se depois de cumpridas as exigências das cancelas e as exigências dos obstáculos, com demolição e tudo, a ANAC não cedeu, o que nos faz crer que cederá agora?

Eu, sinceramente, não conto com isso.

Ainda bem que, independente da ANAC e de suas restrições, por acaso há, e a região realmente carece disso, a perspectiva da construção de um novo aeroporto.

Talvez descubramos um dia que não é tão por acaso assim.

Trabalhadores da América!

Não pensei que fosse viver para ver isso. Se bem que nesses últimos anos eu vi tantas coisas "que eu não viveria até ver" acontecerem que nem devia mais estar surpreso. Então deixa eu dizer de outra forma: não pensei, de novo, que viveria para ver isso!

Mas essa é particularmente interessante, se vier a cabo: trabalhadores estão prestes a se tornar donos de uma indústria. A notícia por si só seria interessante, minha veia marxista pula alegre ao ouví-la. Mas é particularmente dramática quando se vê a origem dela: isso está prestes a ocorrer no centro mundial do capitalismo, e no outrora principal porta-voz do livre mercado: os Estados Unidos.

A notícia que está no New York Times de hoje pode ser lida em http://www.nytimes.com/2009/04/29/business/29auto.html: a Chrysler passará a ter 55% de suas ações comandadas pela UAW (United Automobile Workers), o sindicato dos trabalhadores automotivos.

A notícia dá conta de que “Chrysler reached a deal with the United Automobile Workers in which the union would own a 55 percent stake in the newly reorganized automaker” (livre tradução: A Chrysler acertou um acordo com o UAW em que eles receberão 55% líquidos do fabricante de automóveis recém-reorganizado) e que a General Motors também pode seguir por caminho semelhante: “The health care agreement at Chrysler is also expected to be applied in the restructuring of General Motors” (livre tradução: espera-se que o acordo de salvação usado no caso da Chrysler seja aplicado na reestruturação da General Motors).
Ou seja, pode ser que em breve os dois maiores ícones da indústria automobilística norte-americana sejam também exemplo de meios de produção sob comando de trabalhadores. Não achei mesmo que viveria para ver isso.

Agora fico eu imaginando: se a principal potência capitalista do mundo está falando em passar fábricas para as mãos dos trabalhadores, não é o caso de estarmos mesmo frente à maior crise da história do Capitalismo? Não é o caso de imaginarmos que estejam próximos os últimos dias desse sistema, pelo menos da forma como o conhecemos?
Eu, que tenho vivido e visto muitas coisas, posso dizer: quem viver, verá.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Esportividade

Era a última volta, e uma disputa ferrenha pelo primeiro lugar. Os carros se tocam, um acidente espetacular. Mas o legal é o espírito esportivo do piloto.



Note que ele segue a pé, até cruzar a linha de chegada, completando afinal a prova.

Belo exemplo de esportividade.

Assim caminha a humanidade

De Gilmar a Barbosa... Aroeira é mesmo uma figura!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

COELBA, AGERBA e ANEEL

Ontem a COELBA nos deu mais uma demonstração da qualidade dos seus serviços e do seu atendimento, submetendo a cidade a mais uma longa interrupção do fornecimento de energia.

Eu não me canso de tentar entender o que ocorre com a COELBA, no tocante à sua relação com Ilhéus. Posso, porém, apontar uns fatos interessantes: com uma freqüência bastante razoável tenho visitado diferentes cidades pelo Brasil afora. Algumas metrópoles, como Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Salvador. Outras, cidades de porte médio para grande, como Feira de Santana, Vitória da Conquista, Aracajú e, na Paraíba, João Pessoa e Campina Grande. É uma amostragem pequena, eu sei. Mas ainda assim posso apresentar um resultado de minhas observações: em nenhuma dessas cidade há tantos problemas com o abastecimento de energia elétrica quanto em Ilhéus. A única que se aproxima, mas ainda parece sofrer menos, é Itabuna.

Não consigo me lembrar da última semana que tenha decorrido sem problemas de abastecimento de energia elétrica. Os moradores de Ilhéus sabemos que as variações de tensão e os blecautes estão “Sempre ao seu lado”.

Curiosamente, observo os funcionários das empresas terceirizadas da COELBA trabalhando na manutenção e a mim eles parecem extremamente dedicados e preocupados com a boa continuidade do serviço prestado.

Creio, portanto, que o problema que aflige Ilhéus não está nos trabalhadores, e sim na gerência da própria COELBA.

Uma vez ouvi de um engenheiro algumas explicações, e considerei-as verossímeis. Afinal, é mesmo provável que os sistemas de distribuição de energia da cidade sejam velhos e ultrapassados, bem como que a proximidade com o mar dificulte a manutenção das linhas de abastecimento. Não obstante eu me pergunto o seguinte: esses problemas não poderiam já estar resolvidos? Não é possível modernizar os sistemas em Ilhéus, como fizeram em outras cidades? Porque Aracajú, Salvador e João Pessoa, que ficam à beira-mar, não sofrem tanto quanto Ilhéus?

E isso me leva a uma conclusão interessante: é uma decisão administrativa. A COELBA decidiu que não é interessante, provavelmente porque o investimento é alto e o retorno é pequeno, investir realmente em melhorias no sistema de abastecimento da cidade de Ilhéus. Assim como também não se interessam em melhorar o atendimento no 0800 071 0800 (já decorei o número) para cumprir a Lei; quem já experimentou ligar para esse número durante um blecaute sabe que se pode esperar 20 a 30 minutos até conseguir falar com um atendente que, no final, não possui nenhuma informação concreta para apresentar.

Por esse motivo eu já lancei uma campanha em meu blog: “Eu compro muitas velas por causa da COELBA”. Tem até um logotipo prá quem quiser copiar.

Pessoalmente já tenho reclamado junto à ANEEL e à AGERBA, agências reguladoras que tem o poder de cobrar e sancionar a COELBA pela sua falta de zelo.

E agora vou mais adiante; não podemos ficar de braços cruzados assistindo ao desrespeito com que esta concessionária trata a todos na cidade. Podemos fazer chegar múltiplas reclamações contra a concessionária, para evidenciar que de fato há algo muito errado no serviço prestado pela COELBA em Ilhéus. Dessa forma, proponho a todos que eventualmente leiam esse texto que façam o seguinte: redijam uma pequena nota de reclamação (abaixo eu ofereço um pequeno modelo, mas cada um pode mudá-lo como quiser) e mandem para a COELBA, com cópia para a AGERBA e a ANEEL.

Para efetuar uma reclamação na ANEEL deve-se clicar em http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=30&idPerfil=3 e preencher os dados. É necessário se cadastrar antes como cidadão. Na AGERBA o processo é semelhante, clicando-se em http://www.agerba.ba.gov.br/ e em seguida na guia “Fale Conosco”. Na COELBA pode-se acessar o formulário de reclamação clicando em http://www.coelba.com.br/global/autoatendimento_novo/fale_conosco/index.asp?c=144&tipo=site. É importante que a reclamação seja feita tanto à empresa quanto à AGERBA e à ANEEL, para que em todos os níveis de fiscalização se saiba que a insatisfação está se tornando pública.

Espero que o espírito de cidadania dos ilheenses prevaleça, e que muitas reclamações cheguem à empresa e assim ela demonstre maior respeito pelos seus usuários. Porque a melhoria dos serviços depende da pressão que se faz sobre a empresa e essa pressão será tanto mais forte quanto mais numerosas forem as reclamações.

E enquanto isso convido-os a participar da campanha “Eu compro muitas velas por causa da COELBA” em, http://alvarodegas.blogspot.com/2009/04/eu-compro-muitas-velas-por-causa-da.html.

Sugestão de nota de reclamação: “Caros senhores administradores da COELBA, Companhia Elétrica da Bahia, e caros senhores ouvidores das agências AGERBA e ANEEL. A qualidade do fornecimento de energia elétrica na cidade de Ilhéus, sul da Bahia, é absolutamente precária, não atendendo a qualquer das mínimas exigências de qualidade a que todos os usuários tem direito. A quantidade de interrupções e variações de tensão que são percebidas pelos usuários ultrapassa qualquer limite aceitável, tanto na freqüência, quanto na duração. Além disso, o atendimento telefônico prestado pela concessionária é ineficaz e beira à falta de respeito pelo cidadão, pois normalmente fica-se muitos minutos aguardando um atendente que normalmente acaba por não ter nenhuma informação útil para apresentar. Dessa forma, solicito aos fiscalizadores que cobrem, usando todas as prerrogativas legais, o devido empenho da empresa para que os serviços alcancem o nível mínimo de qualidade a que, como cidadãos, temos direito.”

domingo, 26 de abril de 2009

Boca Du Mar

Quando eu me mudei para Ilhéus, lá nos idos de 2002, fiquei encantado com tantas coisas na cidade que nem conseguiria enumerar. Mas particularmente me chamava à atenção, entre outros, os bares/restaurantes Sheik e Boca Du Mar. O primeiro pela vista ímpar que propiciava aos seus freqüentadores, e o segundo pela aprazividade do lugar. Ambos somavam ótimas cozinhas e, no Boca Du Mar, ainda havia um dos melhores rodízios de sushi que já provei. Lugar interessante, de pessoas diferentes e agradáveis, era um dos endereços certos quando eu levava pessoas a um city tour por Ilhéus. Foi no Boca Du Mar que eu conheci Hassam, um garçom de Zâmbia, muito simpático e falante, com tantas aventuras a contar desde seus tempos na África, passando pela expatriação e chegando ao Brasil. Onde se encontra pessoas assim hoje em Ilhéus?

Hoje em dia nem Boca Du Mar nem Sheik existem mais como bares ou restaurantes. Reflexo da decadência desta cidade, particularmente acelerada a partir de 2004 com a escolha estúpida que seus eleitores fizeram.

O Boca Du Mar ainda existe, como “Casa de Show”. E aí vou “pongar” no texto de Zé Carlos, que foi publicado no site do Rabat (http://www.r2cpress.com.br/node/6969), para relatar que eu também, assim como milhares de outras pessoas, tive meu direito de ir e vir cerceado pelo caos que se instaurou no trânsito em função de mais um “evento” que ocorreu no Boca Du Mar na noite de sábado, dia 25 de Abril. Foi engarrafamento prá reforma de ponte nenhuma botar defeito.

Zé Carlos ponderou que a prefeitura deveria fazer alguma coisa para evitar os problemas do trânsito, já que “Proibir o Boca Du Mar de realizar festas é impossível”. Pessoalmente discordo de Zé Carlos. Por dois motivos.

Primeiro porque não há solução possível para a prefeitura apresentar: é simplesmente impossível conciliar o tráfego regular da Ponte Lomanto Júnior numa noite de Sábado com o deslocamento de milhares de pessoas em direção a um ponto localizado pouco mais de 100 metros distante da saída da ponte. Não há prefeitura nenhuma capaz de organizar o trânsito nessas condições. Os fiscais de trânsito estavam lá, suando a camisa prá fazer o que podiam e ouvindo poucas e boas dos motoristas, sem ter culpa nenhuma do caso. Mas é um problema que absolutamente não tem solução. Simples assim.

O segundo motivo de minha discordância de Zé Carlos é a respeito do Direito do Boca Du Mar. Na verdade, aos olhos da Lei, a prefeitura pode, sim, proibi-los de fazer eventos ali. Locais apropriados para shows são determinados pela prefeitura, com a expedição de alvarás. Não há o menor sentido em permitir eventos numa localização como aquela. Nada justifica a prefeitura sujeitar a si mesma e a tantos habitantes da cidade sofrer tal falta de respeito. Não sei como o Boca Du Mar conseguiu permissão para fazer eventos ali. Mas com certeza não tem sentido nenhum.

No local onde existe o Boca Du Mar pode funcionar tranquilamente um bar, um restaurante, uma boite, ou até mesmo uma igreja! Desde que use o próprio estacionamento, a fim de não importunar o tráfego normal da Avenida Lomanto Júnior. Não é possível se admitir que façam shows naquele local. O resultado sempre é o caos, com centenas de carros estacionados em local proibido, engarrafamentos que perturbam a vida de milhares de pessoas e o trânsito totalmente inviabilizado. Fico imaginando como se resolveram as pessoas que tinham ônibus à noite (para Salvador, por exemplo, sai às 10 e 40) ou, não sei se foi o caso, como se atendeu alguma emergência hospitalar. Poderia ter acontecido uma ou mais tragédias. Tudo isso a troco de que?

Espaços para eventos e shows precisam ser espaçosos, de fácil acesso, e com estacionamento amplo. Em Ilhéus há muitos lugares assim. Inclusive nas praias, tanto na costa Norte quanto na costa Sul.

Mas o Boca Du Mar não é um deles. Tomara que a prefeitura tenha finalmente percebido isso. Pelo bem dos ilheenses.

Tomara que um dia tenhamos de volta o velho e querido Boca, bar agradável, restaurante magnífico, lugar de gente interessante e divertida. Tenho muitas saudades da Musse de Coco que serviam ali, coberta com uma Calda de Chocolate espetacular.

Delícias que a cada dia se vê menos em Ilhéus.

sábado, 25 de abril de 2009

Sem comentários

Direto do "Reporterbocao"


"Sempre a seu lado"?

Hoje Ilhéus ganhou mais um "presente" da COELBA... um BLECAUTE! Em minha casa durou uma hora. E na sua?

É impressionante o "cuidado" e a "competência" que a empresa dispensa a essa cidade.

É como eles mesmos na empresa dizem... "Sempre a seu lado". Uma verdadeira assombração, pesadelos constantes.

Por isso a campanha continua; clique em EU COMPRO MUITAS VELAS POR CAUSA DA COELBA. E você?

Participe! Porque o seu maior pesadelo está ali, "sempre ao seu lado".

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Novos Gênios

Depois do GP da China, para mim a maior constatação é que esse Sebastian Vettel tem toda a pinta de gênio mesmo. Ainda não é, porque é necessário um conjunto muito grande de elementos que compõem um gênio. Tem que ser rápido, prá andar nas voltas de classificação, tem que ser consistente prá ser rápido durante quase duas horas de corrida, tem que ser paciente, prá entender momentos de atuar com arrojo e momentos para atuar com prudência, tem que saber lidar com a pressão por resultados, que persegue a todos no mundo esportivo, tem que ser sensível e perspicaz prá ajudar a fornecer informações que desenvolva e ajuste o carro de corrida, tem que ter visão estratégica prá saber as reais possibilidades que cada time pode oferecer, tanto do ponto de vista técnico quanto do ponto de vista esportivo.

Somar todas as características: rapidez, consistência, paciência, resposta sob pressão, sensibilidade e visão estratégica. Isso eleva os pilotos à categoria de Gênio. Michael Schumacher, por exemplo, foi provavelmente perfeito em todos esses quesitos, exceto, talvez, correr sob pressão. Alain Prost também. Já o brasileiro Ayrton Senna lidava melhor com as pressões, mas pecava um pouco no quesito sensibilidade para desenvolvimento dos carros, bem como não era o mais paciente, exagerando algumas vezes no arrojo.

E esse Sebastian Vettel até agora ainda não mostrou nenhuma fraqueza. Por isso eu o coloco na direção de se tornar um gênio. “Calma, Degas!”, dirão alguns. “É cedo prá afirmar”.

Não estou afirmando que ele é um gênio, nem estou garantindo que ele um dia o será. O rapaz está no “princípio do princípio” de sua carreira na Fórmula 1. Ainda não foi exaustivamente testado, como com certeza será e, portanto, não foi levado aos limites que revelam as fraquezas mais escondidas de todos nós. Mas pelo pouco que já se viu, até agora não apresentou nenhuma falha. Se seguir essa trilha, certamente conquistará muitas vitórias e títulos, e provavelmente será futuramente reconhecido como um gênio. Moleque ainda, ousa até “batizar” os carros que pilota: o RBR que ele recebeu na Austrália chamava-se “Kate”. Como Kate se acidentou em Melbourne e ficou inutilizada, hoje Vettel guia a “Irmã piriguete de Kate” (tradução à baiana de “Kate’s dirty sister”).

Assim como Vettel, atualmente há apenas mais dois candidatos a gênio na Fórmula 1: um, Fernando Alonso, parece já ter chegado ao máximo de sua carreira. E é um piloto brilhante, talvez o melhor da atualidade. Mas acumula imperfeições que, para um aspirante a trilhar o caminho dos Gênios, já deveriam ter sido superadas. O outro é Lewis Hamilton; sobre o inglês, falhas de caráter e um excesso de arrojo podem ser apontados como obstáculos a serem superados. Mas Lewis é rápido como pouquíssimos pilotos, além de arrojadíssimo nas disputas. Desrespeita algumas vezes os limites da esportividade, sem dúvidas, mas isso não diminui suas possibilidades de um dia ser elevado à categoria de gênio. Para os que acompanharam, é impossível assistir Hamilton correr e não se lembrar dos primeiros anos de Ayrton Senna. São muito parecidos os dois - em qualidades e fraquezas - e, se Hamilton evoluir como se espera, trilhará um caminho tão vitorioso quanto o do brasileiro.

Aliás, falando em semelhanças, até o momento esse Vettel parece muito com seu compatriota, Michael Schumacher. Shummy, em seus primeiros anos, mostrou uma grande rapidez e consistência, além de desenvolver precocemente certas qualidades como desenvolvedor e estrategista que lhe permitiram estar tantas vezes guiando carros vencedores.

O destino não quis que assistíssemos ao duelo Senna X Schumacher. Teria sido grandíssimo. Mas, se tivermos sorte, talvez vejamos duelarem Vettel e Hamilton. E esse tem tudo para se tornar, também, um dos embates épicos da história do Esporte.

Com final imprevisível.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Mais sobre o Porto Sul

O texto do meu blog, "Porto Sul e sensatez", foi também publicado no site do Rabat (http://www.r2cpress.com.br/node/6899#comment-10814) e recebeu comentários.

Um deles, tomo a liberdade, transcrevo abaixo.

"Muito distante de serem lúcidas as suas colocações dos dois lados,se é que eles existem. Total desconhecimento de fatos, de ambos os lados, se é que eles existem. Escreve bem você, precisa apenas conhecer para fazer correto.Busque e encontrará e principalmente evite tornar realidade o que lê em determinados sites ou blogs,não defenda o indefensável, não acuse o inacusável. Pesquise e escreva depois.
Anônimo usando do direito que você defende de "alguns" travestidos de defesa ao povo desempregado. No futuro nos encontraremos e não esqueceremos do que hoje está escrito."


Inicialmente eu gostaria de entender, muito modestamente, onde está a falta de lucidez de minhas colocações. Não arvoro-me à onisciência de jamais apresentar argumentos incorretos, ilúcidos ou falhos. Longe disso. Além do mais, sou plenamente convencível, frente a argumentos, para mudar minhas opiniões.
O problema é que o comentarista não apresentou um mísero argumento. Minhas colocações são "distantes de serem lúcidas"? Muito bem. Porque? Onde está a falta de lucidez? Tenho "total desconhecimento dos fatos"? Bem, porque não mostra os fatos que eu "desconheço"?

Desculpe-me o comentarista e a todos os que me lêem, mas inlefizmente esse comentário em nada ajudou no debate. Fico, cá comigo, com a impressão de que o argumentador não sabe exatamente porque é contra ou a favor do Porto Sul (ele não se posicionou claramente), embora esteja disposto a defender arduamente a sua posição.

Quero também deixar claro que em meu blog só aparecem três tipos de afirmações feitas por mim: fatos de conhecimento público, citações jornalísticas com a devida fonte, e opiniões pessoais. Portanto rechaço a acusação de "tentar tornar realidade" o que quer que seja.

O que me leva ao último ponto dessa postagem: eu não defendo o direito de "alguns" ao anonimato. Defendo o direito de todos. Desde que o desejem. Quem escolhe o anonimato tem a segurança de denunciar sem medo, embora goze de menos confiança.

A última frase, quero crer, foi apenas mal escrita.

Espero que o "anônimo" escreva mais, e se disponha a debater o assunto. Se ele me convencer, com fatos, dados e argumentos, então eu mudo de opinião. Não tenho muitos problemas quanto a isso.
Mas tem que me convencer primeiro. Não vai ser "no grito".

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Joaquim X Gilmar

Direto do Blog do Luís Nassif:

“Vossa Excelência não está na rua: está na mídia, destruindo a credibilidade da Justiça brasileira. Vossa Excelência não está falando com seus capangas em Mato Grosso”.
Joaquim Barbosa, para Gilmar Mendes.


Eu relato o seguinte.

Joaquim Barbosa é negro, tem uma carreira imaculada como magistrado, votou pela cassação dos governadores Cássio da Cunha Lima e Jackson Lago, e considerou "estapafúrdia" a decisão dp TSE de conceder recurso sobre sua própria decisão, o que permitiu ao ex-governador da Paraíba permanecer alguns meses a mais num cargo que já deveria ter perdido.

Gilmar Mendes é branco, tem origem ligada ao agro-negócio no Mato Grosso e é o homem dos dois habeas corpus para Daniel Dantas, entre outras coisas.
Acho que dá para formarmos nosso juízo a respeito da discussão, não é verdade?

Porto Sul e Sensatez

Esse negócio do Complexo Intermodal (vulgarmente referenciado por muitos como "Porto Sul") desperta muitas paixões políticas e ideológicas.

De um lado ouço os que demonizam o projeto, "porque a Bahia Mineração tem um histórico de práticas criminosas", ou porque "a Lagoa Encantada vai ser inteiramente poluída".

Do outro lado ouço os que divinizam o projeto, como "última esperança da região" ou "próximo vetor de desenvolvimento da região sul da Bahia"

Eu, muito modestamente, proponho a todos que ouçam a voz da razão.

Por exemplo, aos que são contra, que procurem se informar se há, de fato, um crime ambiental na iminência de ser cometido. Eu procurei, no projeto, e não vi nada a respeito. Também vale questionar porque o IBAMA não foi acionado ainda, já que há tantos crimes ambientais em vias de serem perpetrados. Da mesma forma, ainda não vi entidades respaldadas como o Greenpeace se pronunciando a respeito.

E que não julguem o mérito do projeto pelos que são a favor dele. Primeiro, porque, conforme o uso de um mínimo de retórica permite ver, atacar o argumentador não atinge o argumento. Segundo, porque até o momento os principais ícones que se posicionam contra o projeto são donos de resorts e pousadas, que nunca se importaram com o meio-ambiente quando abriam campos de golfe, construiam prédios, e até mesmo, segundo autuação recente do IBAMA, despejam esgoto na lagoa encantada (leiam mais em http://aborduna.blogspot.com/2009/04/mascara-caiu.html).

O fato de um cidadão poluir a Lagoa Encantada não significa que ele não possa ter razão em alguns de seus argumentos. O fato de ser a Bahia Mineração também.

Mas o fato é que na prática, até o momento, nenhum dos que se posicionam a favor do projeto cometeram crime ambiental contra a Lagoa Encantada. Já entre os que são contra o projeto há indiciamento criminal a respeito.

Por outro lado, os que são a favor do Complexo Intermodal precisam deixar bem claro que o projeto terá, sim, impacto ambiental. E discutir com a sociedade a respeito do projeto, os impactos que surgirão, as formas como estes impactos serão contornados ou compensados e, naturalmente, as garantias de que essas medidas de proteção ambiental serão efetivamente levadas a cabo.

Nesse sentido parabenizo o pessoal do Blog Agravo Ilheense (http://www.agravo.com.br/) que mostrou-se muito racional a respeito, na postagem "Acordar para a realidade custa muito.". De fato, é necessário discutir, é necessário se apresentar argumentos, preocupações, vantagens e desvantagens de cada lado. E nos informar sobre isso é o que todos precisamos fazer para que opinemos com conhecimento de causa, e não à mercê de paixões e ideologias.

Pessoalmente acho que o Complexo Intermodal é um projeto muito interessante, embora precise ser discutido e amadurecido com a sociedade. Temo mais pela sua inércia, já que até agora não há nada de concreto nessa direção, senão promessas e "protocolos de intenções" (seja lá o que for isso), do que pelos "danos irreparáveis ao meio-ambiente", que até agora não vi.

Só discordo quando "Agravo" critica a postura anônima de alguns blogs - suponho que estava se referindo ao "Sarrafo" (http://www.sarrafonamadrugada.blogspot.com/). Em minha opinião "Sarrafo" às vezes exagera nas suas colocações, mas defendo-lhe o anonimato se assim o deseja, porque o anonimato, principalmente de quem se propõe a denunciar, é uma prerrogativa necessária - e que bom que na Internet isso é possível. Defendo o "Sarrafo" continuar anônimo, embora discorde muitas vezes do que lá leio.

Que venha, pois, o Complexo Intermodal. Mas cuidemos que venha somar, e não subtrair o patrimônio ambiental, cultural, econômico e social da região.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Crianças Inteligentes!

Do Blog de Luís Nassif

"É o trabalho realizado pelos alunos de uma escola estadual em Jacarezinho, Paraná. Entendem perfeitamente como os recursos da edição são utilizados para a manipulação da informação. Gravaram o trabalho em vídeo e colocaram no Youtube. E são secundaristas da rede estadual, perfeitamente integrados na dinâmica digital e na guerrilha da Internet"



Meninos inteligentes, críticos e criativos.

Recursividade e Arte

Um dos problemas recorrentes que é estudado em Matemática e em Ciência da Computação, é a recursividade. Para quem eventualmente não conheça do assunto, recursividade é o estudo que se faz quando um processo é definido em função de si mesmo, a fim de alcançar um objetivo qualquer.

Processos recursivos mostram uma profunda elegância em sua concepção, aliando a simplicidade da repetição à eficiência do procedimento. O interesse de pesquisadores nesses processos se dá precisamente porque mostram soluções simples e elegantes para problemas que, a princípio, parecem complexos. Em computação, quando definimos algum algoritmo recursivo, o processo precisa encontrar um fim, ou então não haverá solução para o problema. Trata-se, portanto, de uma verdadeira "viagem" em que o processo invoca a si mesmo, formando um longo caminho pavimentado pelos processos em execução, até que algum ponto lógico seja alcançado e então executa-se a "viagem de volta", com os processos chamados encerrando e devolvendo a execução para o processo anterior, recuando-se na "estrada pavimentada" até o ponto de partida.

Um exemplo clássico de problema resolvido recursivamente é a Torre de Hanoi (http://en.wikipedia.org/wiki/Tower_of_Hanoi). Você pode brincar um pouco para entender mais sobre o problema clicando em http://papajogos.uol.com.br/raciocinio/The_Towers_of_Hanoi_712.html, e pode ver a descrição da solução recusriva em http://www.cut-the-knot.org/recurrence/hanoi.shtml, com uma implementação ilustrada em http://www.dynamicdrive.com/dynamicindex12/towerhanoi.htm. É muito divertido!

Há um livro, "Gödel, Escher, Bach: an Eternal Golden Braid" em que Douglas Richard Hofstadter discorre sobre uma questão interessante a respeito da Recursividade: ela transcende o árido mundo da ciência.

Com efeito, Hofstadter mostra que as obras de Bach possuem uma enorme recorrência de harmonias, acordes e notas, executando sequências de "subidas" e "descidas" ao longo da execução. Escutem "Jesus, Alegria dos Homens" e vejam como as notas "sobem" e "descem" na escala, na execução de Baden Powell.



Além disso, o trabalho de Escher é uma sucessão de recursividades que desafiam o próprio intelecto humano. Por exemplo, vejam essas quedas d'água que se retroalimentam.



Ou então olhem as mãos que estão desenhando uma a outra.



Finalmente pensem nesse auto-retrato; observem que ele desenha a si mesmo enquanto desenha a si mesmo, indefinidamente. Isso é infinito!



É um deleite para o pensamento, principalmente quando Göedel nos dá, de brinde, um dos maiores entraves do Pensamento Científico. Ele mostra que os sistemas formais de pensamento, tais como, lógica, matemática, física, geometria, etc. sujeitam-se ao Teorema da Incompletude. Que diz o seguinte: ou os sistemas são completos, ou os sistemas são consistentes.

Por exemplo, a Geometria é um sistema consistente, mas é incompleto pois precisa dos axiomas de Euclides como ponto de partida, para que todo o sistema seja erigido, e os axiomas não são demonstrados dentro da própria Geometria. Por outro lado, a Lógica Clássica é um sistema completo, mas inconsistente; vejam as proposições abaixo para entender melhor.

i) A proposição (ii) é verdadeira
ii) A proposição (i) é falsa

Note que o resultado lógico das proposições (i) e (ii) é indeterminável, porque as proposições invocam-se alternada, sequencial e indefinidadende. Isso demonstra a inconsistência da Lógica Clássica.

O dilema, então, segundo Göedel, é que o sistema precisa de um "auxílio externo", ou seja, algum tipo de intervenção que venha de fora, como acontece com os axiomas da geometria. Caso contrário ele corre o risco de entrar numa recursão infinita.

Apesar de apresentar às ciências e à própria filosofia um problema incômodo, não há como não perceber que há uma beleza fruto de profunda elegância no pensamento de Göedel. E essa elegância transcende para as Artes de Bach e Escher: beleza pura, simples e intelectualmente.

Recursividade.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Os dados falam por si

Eu definitivamente gosto mais da palavra escrita do eu da palavra falada. Enquanto esta é dita ao sabor do momento, e se perde ouvido adentro sem maiores compromissos, turvada pelas emoções e pelos calores das discussões, aquela é, normalmente, resultado de reflexões mais profundas e cuidadosas, e permite aos interlocutores rever e ajustar mais coerentemente o discurso aos elementos da discussão. Deve ser por isso que certos debates famosos na história da ciência e da filosofia tiveram palco na palavra escrita, como por exemplo as cartas trocadas entre Freud e Eric Gutkind quando debatiam com Albert Einstein.

Por isso que eu estou aqui fazendo essa provocação escrita – provocação num contexto acadêmico, por favor, não imaginem que estou tentando espicaçar ninguém.

Recentemente tive (mais) um debate com doutores em humanidades. Sempre considero esses debates ricos, e é como resultado deles que hoje me considero, entre os que imodestamente se julgam cientista no ramo das Ciências Exatas, ainda que eventualmente sequer julguem ser Ciência o que eu estudo, um dos que tem o melhor trânsito no domínio das Ciências Humanas.

O debate recente foi a respeito do Dado. Os meus amigos humanistas diziam que este elemento do método científico, o dado, pode dizer o que o pesquisador desejar. Depois houve um pequeno problema léxico/semântico, quando foi argumentado que o dado não diz nada. Então vou argumentar que, semanticamente, ele diz, sim, embora não tenha “boca” nem “língua”. Mas, lexicamente, precisamos concluir que o dados não podem ao mesmo tempo “não dizer nada” e em seguida “dizer o que o pesquisador quer”. Vamos atribuir esse pormenor às faltas cometidas pela ausência de rigor científico típico da palavra não-escrita.

E vamos ver que um dado efetivamente “fala”. Primeiro uma breve definição de dado do ponto de vista filosófico, traduzido livremente de The Dictionary: “dado: qualquer fato assumido ser sujeito de observação direta; qualquer proposição assumida ou dada, a partir das quais conclusões podem ser tiradas”. Posta essa definição, efetivamente temos que os dados nos falam, sim. Claro que há um elemento humano transformando dado em informação, mas não vou me estender nessa discussão. Vamos ver alguns exemplos de dados que nos falam claramente alguma coisa.

a) Dia 21/04/2009 à 01:13 horas, horário local, a maré em Ilhéus estará com 1,7m.
b) O DNA humano é 98,5% idêntico ao DNA dos chimpanzés.
c) No dia 06 de Agosto de 1945 foi detonada uma Bomba Atômica em Hiroshima.

Esses dados, usados tipicamente (mas não somente) por cientistas nas áreas de meteorologia, biologia e humanidades, dizem claramente alguma coisa. Falam per si.

Além disso, mostram-se inflexíveis aos desejos dos cientistas; ou poderia a detonação da bomba em Hiroshima mudar de data para se ajustar à teoria de um pesquisador qualquer? Isso é uma característica do Método Científico: a teoria precisa se ajustar aos dados, e não o contrário. Não há como se validar uma teoria em História, por exemplo, que parta da premissa que a Bomba foi detonada no dia 07 de Agosto, ou no dia 05. O dado não vai se curvar ao pesquisador.

Portanto, perdoem-me os amigos doutores em humanidades, e usem esse espaço para contra-argumentar, não consigo crer que “os dados dizem o que o pesquisador quer”. Embora, sob um outro ponto de vista, seja eu o primeiro a lhes dar razão.

Não seria o caso de, ao invés de dizermos que “o dado fala o que o pesquisador quer”, a gente dizer que “a metodologia que produz o dado, poderá produzir o dado que o pesquisador quer”? Se for assim, então estaremos de acordo.

Porque o processo de produção de conhecimento científico passa, entre outras, pelas etapas de Levantamento de Hipóteses, Levantamento de Dados e Confrontação; por exemplo, um cientista deseja provar a hipótese de que, no passado, os dinossauros habitaram o sertão da minha querida Paraíba. O fatos, obtidos via escavação, dão conta de que existem efetivamente fósseis de várias espécies de dinossauros na região de Souza, alto sertão paraibano. A confrontação entre dados e hipótese dará conta de que esta é válida (epistemologicamente passa a ser chamada não mais de hipo-tese, e acaba promovida a Tese).

Não obstante, um conjunto de dados pode ser produzido para dizer o que o pesquisador deseja, desde que a metodologia usada assim os direcione. Nos anos 60 e 70 a indústria do Tabaco fez inúmeros levantamentos “estatísticos” “provando” que não há correlação entre o consumo de cigarros e o câncer.

A comunidade científica, na época, denunciou. Não o dado, mas a metodologia que o produziu. O que é bem diferente. Havia “simplificações” estatísticas que, do ponto de vista científico, foram consideradas espúrias.

Por outro lado, meus caros, não poderia ser o caso de, ao invés de dizer “o dado fala o que o pesquisador quer”, se dizer que “o pesquisador tira a conclusão que quiser a respeito do dado”? Por exemplo, um pesquisador pode concluir que, tendo explodido dia 06 de Agosto de 1945, a Bomba de Hiroshima foi usada para confrontar a Igreja Católica, porque dois dias depois, 08 de Agosto, é o Dia do Pároco.

Evidentemente a conclusão é absurda. Mas notem que o absurdo é dizer “A Bomba de Hiroshima foi usada para confrontar a Igreja”, como conseqüência do fato de que ela foi detonada no dia 06 de Agosto. É a conclusão, não o dado, quem se curva à vontade do pesquisador.

Assim, se simplificamos parte do processo de produção de conhecimento científico num esquema <Metodologia> →dado→<Conclusões sobre os dados>, eu concordo que o primeiro e o último elemento se dobram ao que os pesquisadores desejam, e isso pode invalidar todo o processo, fazendo-o fugir do rigor científico. Mas não me convenço que o problema está no dado. O dado não diz o que os pesquisadores querem. Ainda que possa ser um dado nascido de metodologia viciada, ou que seja seguido por conclusões sem fundamento, ele permanece inflexível; os dados dizem apenas o que os dados dizem.

sábado, 18 de abril de 2009

E ele era inocente...


Saiu há poucas horas o veredicto a respeito do caso Hélio Castroneves.

Helinho, o "Spider Man" da Fórmula Indy americana, foi absolvido de todas as acusações. Na foto acima pode-se vê-lo emocionado, como é de seu direito, depois de superado um grande pesadelo. Se fosse declarado culpado, eu mesmo não o pouparia e exigiria ação da justiça. Mas, sinceramente, que bom que ele era inocente!

Pesava contra ele a suspeita de ter sonegado imposto de renda, a respeito dos salários que recebera da equipe Penske em algumas temporadas passadas. A defesa demonstrou, segundo entendimento do juiz e dos jurados, que Hélio não devia nenhum imposto sobre os valores que recebera de salário porque, na verdade, ele não chegou a receber de fato os rendimentos - estavam bloqueados.

Assim, o Automobilismo não ficará privado de ver um dos seus maiores ídolos, aquele que ficou conhecido como "Homem Aranha" por seu jeito nada reverente de comemorar as vitórias, sempre bem perto do público, escalando o alambrado.

Tudo agora é passado, Hélio bem o sabe. Nós, que gostamos de corridas de automóvel, também ficamos felizes. Comemore, Hélio. Como se tivesse vencido mais uma vez as 500 milhas de Indianápolis. Um brinde!

Com o tradicional leite dos vencedores da mais importante prova do Automobilismo Norte-Americano.

Boa Sorte!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

120 anos do Gênio!

Que nos faz rir, enquanto denuncia o Poder.



Que nos faz refletir, na metáfora da Máquina que engole o Homem.



E que nos faz chorar também.


Eternamente Carlitos!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Itabuna gera empregos e Ilhéus perde empregos... de novo!

Mais uma vez os dados dão conta de que Itabuna apresenta uma ligeira retomada na geração de empregos, enquanto Ilhéus continua sua derrocada, perdendo, como sempre, mais algumas dezenas de vagas. Isso vai se repetindo por meses a fio, contrariando, inclusive, os ótimos anos em que o Brasil inteiro conseguiu gerar emprego e renda. Nesse período a oferta de empregos na “Terra da Gabriela” encolheu. Detalhes a respeito podem ser lidos no jornal “A Região” (http://www2.uol.com.br/aregiao/arquivo/archives/2009/04/entry_4453.html).


Porque em Ilhéus é tão mais difícil se gerar empregos do que em Itabuna?

A resposta não é muito simples, mas podemos apontar alguns fatores.

Em primeiro lugar, o Turismo. Nada contra que uma cidade com o potencial de Ilhéus tenha atenções voltadas para o Turismo. Mas é importante olhar para o lado e ver quais os resultados que o turismo trouxe para a cidade. O perfil de exploração turística em Ilhéus é formado por casas de aluguel “por temporada” (que são ocupadas, normalmente, pelo pior tipo de turista – um dia discuto esse assunto), supermercados lotados, desabastecidos e inflacionados, pousadas e barracas de praia. Mesmo os restaurantes e bares estão, aos poucos, desaparecendo. A pergunta é: no frigir dos ovos, quantos empregos esse modelo turístico gera? Alguns corretores, alguns (sub)empregados temporários (domésticas, camareiras, garçons) e só. Pouca gente empregada, mal remunerada, e apenas pelos poucos meses em que esse “turismo” existe. Fora desse período, o turismo da cidade praticamente inexiste (isso é comentado pelo blog “Sarrafo” em http://sarrafonamadrugada.blogspot.com/2009/04/porque-parou-parou-porque.html). Não é bom para as pessoas de Ilhéus. Não é bom para a cidade. Atende, no máximo, os interesses de uns poucos empresários e donos de imóveis “alugados para temporada”.

O Turismo perverso que é imposto a Ilhéus é um problema grave, e um entrave na geração de empregos. Mas não é o único. O comércio da cidade praticamente inexiste, senão nos períodos de alta movimentação na cidade (os famigerados meses “turísticos”). O Ilheense não consome do próprio comércio, não consome os serviços da cidade. Isso ocorre porque uma quantidade cada vez maior de pessoas não possui poder aquisitivo suficiente e, ao mesmo tempo, a própria estrutura urbana da cidade não favorece isso: supermercados sem estacionamento, acesso complicado às áreas comerciais, são alguns dos problemas a que o comércio de Ilhéus está sujeito, embora muitas vezes os comerciantes sequer tenham conhecimento disso.

Outro fator é a pouca disposição para desenvolver o setor industrial. Cidades como Camaçari e Feira de Santana conseguiram grandes avanços na geração de emprego ao implantar indústrias de transformação que se estabelecem por períodos mais longos – as indústrias normalmente não podem se mudar tão facilmente de uma cidade para outra, tampouco fecham as portas ao primeiro sinal de crise –, geram empregos mais bem remunerados e com mais estabilidade. Esses trabalhadores consomem dos serviços e do comércio local, fazendo com que a cidade inteira se beneficie disso, não apenas por alguns “meses de turismo”, mas durante o ano inteiro. Feira de Santana, por exemplo, está recebendo, em plena “crise”, mais 23 indústrias (http://www.r2cpress.com.br/node/6829), e enquanto isso o que ocorre com o pólo industrial de Ilhéus? O que está acontecendo com as poucas iniciativas frutuosas que foram feitas, como o Pólo de Informática?

Uma possibilidade real de redenção para o município está no projeto do Complexo Intermodal. Que, infelizmente, ainda não saiu do papel. Aliás, pelo que se sabe, sequer no papel (Licitação) está ainda. Mas se vier, e precisamos ser céticos a esse respeito para que não nos iludamos mais uma vez com castelos de areia, gerará uma quantidade muito grande de empregos formais, bem remunerados e, principalmente, independentes da cruel sazonalidade do “Turismo” a que a cidade se sujeita.

Dadas essas variáveis, posicionar-se contra o Complexo é muito difícil. Preocupações ambientais? Sim. Com certeza. O projeto não pode agredir o meio-ambiente, e os impactos precisam ser contornados, reparados, evitados. Na medida do possível. Mas precisamos contorná-las; respeito ao meio-ambiente não significa conformismo com o subdesenvolvimento crescente a que a cidade está sujeita.

Há muito mais em jogo do que o Meio Ambiente. Há pessoas querendo viver melhor, ou simplesmente viver. Precisamos ter todos esses valores em vista.

Acorda Ilhéus, não se iluda! Não deixe, mais uma vez, a oportunidade passar.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Mais sobre o Aeroporto

Agora sobre o novo aeroporto.

Uma observação interessante foi feita pelo blog "Sarrafo" (a potagem pode ser lida em http://sarrafonamadrugada.blogspot.com/2009/04/os-verdadeiros-ambientalistas.html) a respeito da possibilidade de o IBAMA ser convocado a dar um parecer a respeito do novo aeroporto de Ilhéus.

De fato, fossem bem fundamentados os argumentos dos que alegam ser um crime ambiental a construção do novo aeroporto, não era o caso de o IBAMA ser acionado? Além disso, como se pronunciam instituições sérias de defesa ambiental como o WWF e o Greenpeace?

Não sei de maiores detalhes... quem souber, me explica.

Por outro lado, a própria construção desse novo aeroporto ainda me causa ceticismo. No site do Rabat há um questionamento a respeito (a postagem está em http://www.r2cpress.com.br/node/6798) e alguns comentários dão conta de que na verdade não existe nenhuma informação oficial a respeito do empreendimento.

Pessoalmente acho que o velho aeroporto está sendo injustiçado pela ANAC e pelas companhias aéreas. Estas, menos culpadas, atuam muito simplesmente em função do lucro. Não tem culpa de as restrições terem tornado o velho Jorge Amado pouco lucrativo e, empresas que são, seguem buscando lucrar mais. Que seja em outras paragens.

Mas as alternativas para o velho aeroporto são irreais. Avançar 100 metros no mar (na Sapetinga é impossível por conta dos morros que não dão ângulo de pouso para os aviões), como quis um comentarista (http://www.r2cpress.com.br/node/6798), é impraticável porque há uma rodovia passando ali. O custo para se resolver o problema passaria por um túnel, ou então mais uns tantos metros para a rodovia. E o aeroporto continuaria sem espaço para alfândega, sem acesso decente de veículos, sem estacionamento, sem espaço para lojas. Não funcionará.

O velho Jorge Amado já deu o que tinha que dar. Não tem jeito. Ilhéus precisa de um novo aeroporto. Que seja construído com planejamento, com espaço para muitas companhias aéreas, cargas, alfândega, estacionamento, acesso viário e ambiente amplo para lojas e passageiros.

Que venha, se vier, o Novo Jorge Amado, Aeroporto Internacional de Ilhéus.

E que se minimizem os danos ambientais, que se compensem os danos inevitáveis, porque não podemos perder de vista a consideração com o meio ambiente.

Mas não deixemos que isso nos faça perder mais uma chance!

terça-feira, 14 de abril de 2009

A Campanha continua

Ontem tive mais um desprazer com a COELBA... mais um blecaute, que durou mais de duas horas.

Por essas e outras, a campanha continua!

Eu compro muitas velas por causa da COELBA. E você?

Participe!

http://alvarodegas.blogspot.com/2009/04/coelba-nao-respeita-ilheus.html#links

Difusores: definição sai hoje

Será que sai mesmo?


Hoje a FIA vai decidir pela legalidade ou não dos difusores, atendendo recurso impetrado por algumas equipes. As que, naturalmente, ainda não possuem um.


Porque as informações dão conta de que Ferrari, Mclarem e BMW estariam com os seus em produção.

Mas o que são, afinal, esses benditos difusores?


Na figura acima dá prá ver o detalhe. Apeça é uma placa metálica em forma de "V" (no caso da Brawn). O interessante dela é que o fluxo do ar quando o carro está em movimento gera uma força para baixo, normalmente referida como "Pressão Aerodinâmica". Essa força aumenta o "peso" sobre as rodas e, em consequência, o atrito destas com o asfalto. O resultado é que a parte traseira do carro fica mais "grudada" no chão, principalmente nas curvas.

O dispositivo seria uma inocente solução aerodinâmica, mas causa muita discussão porque o regulamento para essa temporada da Fórmula 1 tentava justamente o contrário.

É fácil notar como as asas traseiras dos carros ficaram menores neste ano do que nos anos anteriores. O motivo é exatamente a pressão aerodinâmica: asas menores, pressão menor (bem menor, a pressão é proporcional ao quadrado da asa. Assim, uma asa que tenha metade do tamanho gera 1/4 de pressão). Simples assim.

No caso das equipes que optaram pelo difusor, uma parte da perda de pressão aerodinâmica proporcionada pela redução das asas acabou sendo compensada pelos difusores. As equipes Toyota e Williams usaram soluções semelhantes. Mas a solução da Brawn é mais radical, como se pode ver na figura abaixo, que ilustra esquematicamente a parte traseira de alguns carros.


Notem que Ferrari e Renault possuem uma estrutura "reta", enquanto Williams e Brawn usam estruturas metálicas que aumentam a pressão aerodinâmica. No caso da Toyota a solução foi incluir um difusor um pouco acima da altura máxima permitida para a carenagem, usando o fato de que a polêmica peça pertenceria à estrutura de suporte da asa traseira.

A peça da Brawn é duplamente polêmica, porque às razões acima citadas acrescenta o fato de que desvia o ar num nível muito próximo do solo, o que aumenta a turbulência atrás do carro e, assim, dificulta manobras de aproximação e ultrapassagem dos adversários. Ter mais ultrapassagens era um dos objetivos almejados pelas mudanças do regulamento.

Decidir se o difusor é legal ou não vai depender da interpretação da FIA. Por um lado, não há nada no regulamento que efetivamente proíba o uso de tal peça. Mas por outro lado, ele claramente afronta o objetivo que motivou as mudanças de regulamento desse ano, que é reduzir a pressão aerodinâmica dos carros.

De um lado a lei, do outro o espírito da lei.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Persistência e Perspicácia

Somente com a persistência dos administradores, não desistindo de suas convicções quando confrontados, e com a perspicácia das pessoas, permitindo-se ver as qualidades do Novo, ainda que alguns desconfortos iniciais se apresentem. Somente assim podemos avançar, melhorar, evoluir.

O trânsito é, de fato, um dos maiores – senão o maior – dos problemas de todas as cidades de médio e grande porte no Brasil. Em cidades antigas o problema se torna ainda mais dramático porque a estrutura viária que existe foi concebida para o tráfego de pedestres e veículos de tração animal, sendo excessivamente estreitas quando usadas por veículos modernos. Em cidades turísticas o problema se agrava também porque sazonalmente a quantidade de pessoas que disputam o mesmo espaço é multiplicada.

Ilhéus é uma cidade de médio porte, antiga e turística. Não é necessário dizer mais para descrever o trânsito, principalmente nos meses da alta estação.

Um dos problemas mais graves encontra-se na praça Cairú. Ali os veículos se amontoam, pois aportam tanto os que chegam pela Rua Maria Quitéria (oriundos do Pontal) quanto da Rua Tiradentes (Centro/Cidade Nova, Av. Itabuna, etc.), quanto da Av. Aurélia Linhares (Term. Urbano, Av. 2 de Julho, etc.).

É simples compreender que, para o trânsito fluir ali, em qualquer instante a quantidade de carros que entra precisa ser igual à quantidade de carros que sai da praça. Como isso não se dá, as filas de automóveis formam tentáculos cada vez mais longos, ultrapassando até a ponte do Pontal, só pra citar um exemplo.

A pergunta mais lógica, então, é a seguinte: porque não se consegue um fluxo de veículos saindo da praça na mesma velocidade do fluxo que entra?

Um observador mais atento vai perceber imediatamente o primeiro motivo: os semáforos. Para que os cruzamentos funcionem, os semáforos precisam interromper o trânsito para que os fluxos de veículos se alternem, bem como para dar a vez aos pedestres. Isso permitirá que todos tenham acesso à praça, mas os obrigará a uma espera, sempre interrompendo o fluxo dos veículos em algum sentido, aumentando o contingente de veículos que estão aguardando a sua vez de entrar na pista que circunda a praça.

Já ouvi uma proposta ousada, que é diminuir o raio da praça Cairú. A princípio essa medida teria efeito: diminuindo o tamanho da praça, aumentar-se-á a largura da faixa de pista e, por conseguinte, mais carros caberão nela a cada instante. Isso diminuirá o engarrafamento. Certo? Errado!

Errado porque uma observação mais atenta também permite ver que um outro problema recorrente na praça são os veículos que estão na faixa interna e desejam tomar a Rua Araújo Pinho ou a Rua Marquês de Paranaguá, que conduz à Av. 2 de Julho e aos estacionamentos de frente para a Baía do Pontal. Esses veículos precisam atrasar o trânsito por alguns segundos enquanto trafegam á frente dos demais, por um longo trecho que corresponde à largura da faixa. Caso, com a diminuição da praça, essa faixa se torne ainda mais larga, o problema na verdade aumentará, pois o espaço e o tempo que cada veículo vai precisar para encontrar sua saída serão ainda maiores.

O problema, então não tem solução? Não é verdade. Tem sim. A solução proposta pela secretaria de trânsito, embora detalhes mereçam ser revistos, ataca o problema exatamente em sua origem. Senão vejamos.

Com a solução proposta, os veículos que chegam da Rua Maria Quitéria não precisam parar em nenhum semáforo. E não precisam mudar de faixa para pegar o caminho, pela Rua José Cândido. Adiante, caso deseje, pode retornar à praça Cairú (pela Rua Eustáquio Bastos) e seguir pela Rua Araújo Pinho ou pela Rua Tiradentes. Da mesma forma, os veículos que chegam pela Tiradentes ou pela Av. Itabuna podem seguir para a Rua Maria Quitéria (rumo ao Pontal) ou seguir e pegar a Rua José Cândido.

Com isso, tornam-se desnecessários os dois principais semáforos, que causam mais atraso no trânsito; o que fica na entrada da Rua Marquês de Paranaguá e, logo adiante, o que fica pouco antes da entrada da Rua Eustáquio Bastos. Mesmo os pedestres ficam livres para cruzar a pista, usando o espaço entre a praça e a calçada que agora não recebe mais nenhum tráfego. Em troca, um semáforo apenas para pedestres terá que ser instalado na rua Eustáquio Bastos.

Com esse arranjo que a prefeitura fez, a praça Cairú não só deixa de ser um entrave no trânsito ilheense como também passa a servir como hub, distribuindo os veículos para as diferentes regiões da cidade.

Parabéns ao secretário de trânsito e à sua equipe pela solução. Brilhante.

Antes que os leitores me interpelem, já que a solução gerou “um Caos” no trânsito, deixem que eu discuta um pouco mais, e mostre, a meu ver, o porquê de o projeto não ter funcionado.

Em primeiro lugar, alguns pontos precisam ser ajustados para que uma modificação dessas funcione. O principal deles é a impressionante falta de educação do motorista Ilheense. As vias Aurélio Linhares e Eustáquio Bastos ficavam coalhadas de veículos estacionados em local proibido. Não há como se fazer fluir o trânsito em nenhuma cidade do mundo se os motoristas param onde desejam, sem nenhum respeito pela legislação e, o que é pior, pelos demais condutores que precisam trafegar pela mesma via.

Isso nos leva ao segundo motivo; Ilhéus precisa urgentemente disciplinar o estacionamento nas vias do centro da cidade. Ocorre que o espaço para estacionamento é pequeno, e muitos veículos param ali durante todo o expediente comercial. Dessa forma, há pouco (ou nenhum, muitas vezes) espaço para que os consumidores possam estacionar seus veículos para ter acesso às lojas do centro. E ainda perguntam por que o comércio de Ilhéus é fraco. Basta tentar estacionar no centro às 11 da manhã, para se ter uma idéia. Acho que é o caso de se implementar uma Zona Azul no centro da cidade.

O terceiro motivo é mais polêmico: faltou insistir. As pessoas normalmente reagem inicialmente mal às mudanças. Daí que os motoristas da cidade, que tiveram que reaprender alguns caminhos depois das mudanças no trânsito, fizeram forte resistência a elas. Não houve tempo para as pessoas perceberem que a mudança era boa. Não houve tempo para as pessoas verem que os ônibus passaram a circular mais rápido. Não deu para perceber que, na medida em que todos aprendessem o novo desenho do tráfego, este fluiria mais rápido e todos seriam beneficiados. Não deu para os comerciantes perceberem que o acesso dos consumidores às lojas ficou mais fácil e isso é ótimo para os negócios. Não deu tempo pra nada. Só para o desconforto inicial que as pessoas sentem frente às mudanças se estabelecer e tomar corpo. Ninguém deu uma chance à idéia. Havia que se resistir às críticas, forçar as pessoas a não seguir uma opinião pré-estabelecida e sim experimentar o novo. Acabariam gostando, tenho certeza.

E aí a prefeitura, aparentemente, desistiu das mudanças. Uma pena.

Pena porque há outras idéias que podem melhorar o trânsito em outros pontos da cidade, mas que provavelmente sofreriam da mesma resistência inicial. Por exemplo, tornar mão única A Av. Aurélio Linhares, sentido Centro-Ponte, e a Rua Maria Quitéria, sentido Ponte-Centro. E também a Ruas 13 de Maio, sentido Lomanto Júnior-Aeroporto e a Rua Barão do Rio Branco, sentido Aeroporto-Lomanto Júnior. Ambos os casos permitiria um fluxo muito maior dos veículos, diminuiria os engarrafamentos e melhoraria o acesso das pessoas aos estabelecimentos do comércio no centro e no Pontal.

Mas não serão efetuadas. Porque para que mudanças assim sejam levadas a cabo é necessário persistência por parte da administração pública e perspicácia por parte das pessoas.

Infelizmente, parece que não há muita persistência e perspicácia na velha e querida Ilhéus.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Feriadão

Estarei viajando amanhã, não terei tempo de postar nada por alguns dias. Ficam obras de um casal de amantes, a seu modo, do modernismo brasileiro como brinde de páscoa.
Primeiro o quadro "O Tropical", de Anita Malfati. O olhar triste da negra (escrava?) em contraste com a beleza da colheita de frutas que ela leva não é uma referência às riquezas naturais dos países tropicais contrastando com a infelicidade de seus povos?



Agora leiam a poesia "Serra do Rola Moça", de Mário de Andrade. Um deleite!

"A Serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não...

Eles eram do outro lado,
Vieram na vila casar.
E atravessaram a serra,
O noivo com a noiva dele
Cada qual no seu cavalo.

Antes que chegasse a noite
Se lembraram de voltar.
Disseram adeus pra todos
E se puseram de novo
Pelos atalhos da serra
Cada qual no seu cavalo.

Os dois estavam felizes,
Na altura tudo era paz.
Pelos caminhos estreitos
Ele na frente, ela atrás.
E riam. Como eles riam!
Riam até sem razão.

A Serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não.

As tribos rubras da tarde
Rapidamente fugiam
E apressadas se escondiam
Lá embaixo nos socavões,
Temendo a noite que vinha.

Porém os dois continuavam
Cada qual no seu cavalo,
E riam. Como eles riam!
E os risos também casavam
Com as risadas dos cascalhos,
Que pulando levianinhos
Da vereda se soltavam,
Buscando o despenhadeiro.

Ali, Fortuna inviolável!
O casco pisara em falso.
Dão noiva e cavalo um salto
Precipitados no abismo.
Nem o baque se escutou.
Faz um silêncio de morte,
Na altura tudo era paz ...
Chicoteado o seu cavalo,
No vão do despenhadeiro
O noivo se despenhou.

E a Serra do Rola-Moça
Rola-Moça se chamou."
Boa Semana Santa!

Muito Sério!!!!

A denúncia apresentada hoje no programa de rádio O Tabuleiro, que pode ser consultada no site homônimo é muito séria. Prá dizer o mínimo.

Dá conta de que "o município de Ilhéus no dia 21 de março de 2009, recebeu as primeiras quatro parcelas que totalizam o valor de R$ 462, 40 reais. Dez dias depois, o Governo Federal depositou na conta 0000452157 agência 0019 do Banco do Brasil, vindo a somar mais 4 parcelas de R$ 117.462,40 reais. Portanto, somente no mês de março, a Prefeitura de Ilhéus recebeu R$ 234.924,30 destinados exclusivamente a merenda escolar". A notícia completa pode ser lida em http://www.otabuleiro.com.br/index.php.

É importante ressaltar que as informações foram obtidas no site do FNDE ( Fundo Nacional de Desenvolvimento para a Educação), ainda segundo O Tabuleiro.

O problema é que as crianças do município de Ilhéus não receberam a devida merenda escolar durante todo esse período. Aliás, ainda não estão recebendo, ao que se sabe. Não vejo o que pode justificar tamanha maldade com os pequenos.

Para permanecer merecendo o meu respeito, e imagino que o de toda a cidade, é necessário que o prefeito e os secretários venham a público responder duas perguntas.

Porque até agora a merenda ainda não está sendo oferecida nas escolas?

Quando é que essa situação lamentável e imperdoável será regularizada?

Com a palavra os administradores do município.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Eu compro muitas velas por causa da COELBA

A cena é tão comum... estou em casa, tranquilamente trabalhando ao computador, e de repende PUF!

Interrupção do fornecimento de energia.

Ou "picos", que são as variações de tensão, colocando em risco todos os eletro-eletrônicos das nossas residências.

Ligar para o 0800 071 0800 é uma epopéia! Submetemo-nos a uma longa espera, até que um atendente explicar que "a ocorrência está registrada e tem prazo de 3 horas para ser resolvida".
Alguns dias depois a cena se repete. E de novo, e de novo, e de novo. Não dá para aguentar.

Não pode ser por acaso. Não é azar. Isso só pode ser explicado por Incompetência técnica do pessoal que atende Ilhéus, ou então por negligência de uma empresa que prefere arcar com os problemas recorrentes do que tratar os consumidores como eles merecem.

Por essas e outras, estou lançando a campanha

Convido todos os ilheenses a se engajar. Copie o Logotipo, distribua, publique em sites e blogs, participe!

Vamos mostrar a todos a insatisfação pela qualidade do serviço prestado pela COELBA em nossa cidade!

E à COELBA eu lanço um desafio: quando acontecer de eu passar um mês sem ter problemas com o fornecimento de energia, a campanha será retirada daqui.

Sinais Contraditórios

Temos uma certa dificuldade em separar os fatos das conjecturas. E também temos uma grande facilidade de acreditar nas notícias de que gostamos mais, porque queremos ouvir boas notícias. Por isso acreditamos que o problema do aeroporto seria resolvido, ou que a reforma da ponte seria entregue o prazo (e foram tantos "novos" prazos), só prá citar alguns exemplos.

Para saber separar as conjecturas, que são meras possibilidades ainda por se confirmar, de fatos, que dão conta de uma informação concreta e verdadeira, temos que agir racionalmente e com ceticismo. Vamos ver um exemplo interessante, e desde já me perdoem os que não gostam de ouvir notícia ruim, bem como os que publicaram a conjectura que ainda não mostrou fundamento prático. Estou apenas agindo com o rigor da razão.

Há uma postagem no Blog da Professora Carmelita que mostra os resultados de uma reunião entre membros do PT de Ilhéus com representantes do governo do estado. O texto pode ser lido em http://professoracarmelita.blogspot.com/2009/04/reunioes-em-salvador-foram-muito.html. As notícias que estão ali são excelentes: "Governo da Bahia está cada dia mais dedicado a implantação do Complexo Intermodal do Porto Sul", "duplicação da rodovia Jorge Amado está decidida e já em estudos de viabilidade", "governo da Bahia pretende pedir ao Governo Federal a Federalização da UESC".

Apesar de auspiciosas, é importante observar que não há nenhuma garantia de que essas coisas de fato se tornarão realidade, senão a promessa feita por algumas pessoas. E isso não é suficiente para garantir que as informações noticiadas se tornarão verdadeiras. Não passam de conjecturas.

Por outro lado, no site do Rabat há uma informação a respeito da assinatura, pelo presidente Lula, do decreto "que complementa regulamentação das zonas de processamento de exportação (ZPEs) ". A notícia pode ser lida em http://www.r2cpress.com.br/node/6678.

Note que essa informação, ao contrário da notícia do Blog da Professora Carmelita, não diz respeito a promessas, e sim a um documento oficial da República, que pode ser consultado e verificado a qualquer tempo.

Infelizmente, porém, a informação também dá conta de que uma comissão irá "analisar 15 pedidos de instalação que foram já apresentados ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)". Entre os municípios que solicitaram a instalação (a lista está disponível), infelizmente, não está o município de Ilhéus. Portanto, até onde se pode observar, Ilhéus NÃO TERÁ uma ZPE.

Claro que a situação pode mudar, mas é exatamente assim nesse momento.

O interessante é ver que, quando analisadas à luz da razão, as notícias se revelam sólidas como as rochas ou fluidas como os gases. Infelizmente, em Ilhéus as previsões ruins costumam se mostrar muito sólidas enquanto as boas se revelam simples fumaça.

domingo, 5 de abril de 2009

O Anti-Clímax

A corrida de Fórmula 1 da Malásia foi uma delícia de se ver, até que o temporal desabou. A chuva, que normalmente representa um ingrediente a mais para as corridas de carro (do ponto de vista do expectador, claro! Para os pilotos é sempre um tormento), dessa vez veio acabar com a festa. Era muita água, e os carros da Fórmula 1 moderna são absolutamente indomáveis nessas condições.

Aí a prova foi interrompida. Mas como a largada havia sido no final da tarde, o restante do espetáculo acabou tendo que ser cancelado em função da iminente ausência do Sol, inflexível aos desejos de pilotos, torcedores, patrocinadores e cartolas.

Que não se culpe o Astro. Fossem minimamente ouvidas as ponderações dos organizadores locais a respeito dos altos riscos de ocorrência de chuva no final da tarde, e a corrida poderia ter-se iniciado no horário de todos os anos, e decorrido por mais tempo.

Mas o hábito de ouvir opiniões sensatas é algo que está, a cada dia, perdendo-se mais no meio de tantos interesses. Hoje, o bom senso sucumbiu aos interesses comerciais de transmissão da prova para a Europa em horário "conveniente".

No fim, valeu à pena ver Kimi Raikkonen de bermuda e chupando picolé enquanto os demais permaneciam nos carros - ou próximos deles - esperando o recomeço que não houve.
Deveria haver mais cabeças como a de Kimi na fórmula 1.

sábado, 4 de abril de 2009

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Minha primeira postagem a sério, afinal. Hoje surgem as primeiras notícias do resultado da última inspeção da ANAC no aeroporto de Ilhéus.

No site R2CPress hoje foi divulgado que o Deputado Veloso se irritou com os primeiros dados que ele conseguiu obter, ainda em "off", sobre o relatório da ANAC. A notícia completa pode ser vista em http://www.r2cpress.com.br/node/6644. A notícia dá conta do fato de que AS RESTRIÇÕES DO AEROPORTO NÃO SERÃO SUSPENSAS. Ou o aeroporto cai para categoria 2, e não pode operar aeronaves AirBus A319 e Boeing 737, ou fica em categoria 3 com operação sem instrumentos.

Não consigo entender uma série de coisas, e tenho algumas perguntas que não são respondidas:
a) Se o aeroporto tem problemas de visibilidade, porque não se estuda a instalação de instrumentos de aproximação mais sofisticados, como o ILS e o VOR/DME? Porque nem a Infraero, nem a ANAC, nem o governo do estado jamais colocou essa alternativa à vista?
2) Se o aeroporto passou a operar com restrições por causa dos obstáculos, porque as restrições permanecem mesmo depois que os obstáculos foram retirados?

Jamais acusaria quem quer que seja de má fé ou de descomprometimento ético sem provas. Portanto não é esse o caso. Mas infelizmente eu não consigo encontrar uma resposta satisfatória para isso.

Blog do Degas

Estou começando agorinha a editar o blog. Minha primeira postagem não é interesante prá ninguém, exceto prá mim mesmo.