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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

De Yorkshires, Meio Ambiente, Corrupção e Miséria...

Por Mathias Santos de Brito


Muitos debates tem sido travados no Facebook, percebe-se indignação, compaixão, raiva, amor e outros sentimentos incrustados nestes debates. Isso é ótimo, é a sociedade interagindo em um nível jamais visto. Tudo isso graças às redes sociais. Porém deixa-me perplexo como algumas causas parecem ser mais importante que outras para alguns. Ok, você adora animais, outro adora combater a corrupção, outro o meio ambiente. Mas o que me indigna é a tentativa de um ridicularizar a causa do outro dentro das redes sociais. Isso é uma vergonha!


Dentre Yorkshires, Meio Ambiente, Corrupção e Miséria, para mim, e creio que para muitas pessoas, todas as causas são importantes e todas válidas. A análise da tentativa de alguns em ridicularizar determinadas causas é demasiada complexa, porém vou me arriscar a fazer uma análise, mesmo sendo um profissional da área de exatas.

Falta de entendimento da ferramenta. Esta é a primeira coisa que me vem a cabeça, mesmo tendo a certeza de que esta influi menos, nestes movimentos de ridicularização de causas. Será que as pessoas não sabem que em aplicativos de redes socais como Twitter, Facebook ou Orkut, elas podem postar quantas mensagens quiserem? Aí eu me pergunto porque não abraçamos a todas as causas e divulgamos todas elas? Yorkshires, Meio Ambiente, Corrupção e Miséria.

Minha causa é mais importante que a sua. Esta é a que eu acredito ser o principal motivo da “guerra das causas”. Sim, existem causas que necessitam de uma prioridade, mas não acredito que alguma seja mais importante que outra. A prioridade da causa pode ser mostrada nas ruas, com protestos, cobrando do seu deputado ou prefeito, mas no mundo das redes sociais, inicialmente, é uma causa como qualquer outra, por um simples fato, porque lá só existe uma forma de explicitar a causa, criando uma publicação. Aí meu amigo, você vai ter que ser convincente para que as pessoas abracem sua causa para que ela se torne prioridade, fazendo com que as pessoas compartilhem suas idéias.

Chatice intelectualista. Essa é a que mais me deixa angustiado e triste, algumas pessoas se acham melhores que outras, suas idéias, pensamentos e suas causas também. Esses tratam de ridicularizar causas quase que instantaneamente. Estas pessoas, que supostamente, são dotadas de um poder de discernimento superior, acerca do que é bom ou ruim, tentam nos induzir a pensar que a causa dele é realmente importante e que a dos outros é uma grande bobagem, fazem piadas de mal gosto, tentam demonstrar serem politizados e cheios de compaixão e razão apresentando argumentos, que à primeira vista, são eloquentes e cheio de saber. No final das contas elegem ladrões como todo mundo, não vão a manifestações alguma, que dirá organizar uma, sejam estas manifestação a favor ou contra Yorkshires, Meio Ambiente, Corrupção ou Miséria. E estes do alto dos seus tronos cibernéticos se inflamam para ridicularizar as manifestações, mesmo que virtuais, de pessoas alheias.

Ver um animal sendo morto por pura brutalidade é revoltante, presenciar miséria na porta das nossas casas é revoltante, discussões acerca da preservação do meio ambiente são importantes, tirar ladrões do poder é imprescindível. Agora, dar publicidade com responsabilidade, a estes eventos é nossa obrigação. Então parem com a “Guerra das Causas”, apóie as que acha justa e não compartilhe com seus amigos as que acham injustas, e aqui para nós meu amigo, quantas vezes você já clicou em “Curtir” ou compartilhou uma causa justa no Facebook? Quando você falou das suas causas quando não para ridicularizar as causas alheias? Quando convocou uma manifestação? Certa vez convoquei uma manifestação contra os desmandos da saúde na minha cidade, sabe quantas pessoas curtiram? Uma! Quantas comentaram? Uma! Quantas compartilharam? Nenhuma. Sabe quantas vezes ridicularizei causas alheias? Nenhuma! Falsos Intelectuais cibernéticos, supostos donos da verdade e de todo o saber, parem com essa ladainha.

 Mathias Santos de Brito é professor assistente da área de Ciência da Computação na Universidade Estadual de Santa Cruz

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