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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O protesto de domingo morreu, tecnicamente, antes de nascer.


Paulo Nogueira
Original aqui.



A causa mortis foi a NOG, a Nova Ordem da Globo, aquela que tira formalmente o apoio ao golpe.

A Globo nunca entra num jogo se pode perder. Ela apoiou os golpistas de 64 porque a vitória era certa, garantida pelos militares e pelos americanos.


Agora, não. Ficou claro, depois de oito meses de desestabilização, que um golpe conflagraria o país, e os resultados para ela, Globo, poderiam ser catastróficos.

Tudo isso posto, significa que os idiotas úteis que vestiam camisas da CBF e iam para as ruas pedir a cabeça de Dilma se transformaram em idiotas inúteis.

Como foram artificialmente erguidos e promovidos, agora serão devolvidos a seu devido lugar.

Como esquecer o protesto de fevereiro, quando a Globo News anunciava a todo instante o número brutalmente mentiroso de participantes passado pela polícia de Alckmin?

Aquela era, aspas, e pausa para gargalhadas, a “festa da família brasileira”.

Um diretor da Globo chegou a convocar publicamente, no Facebook, as pessoas a irem para a rua para derrubar Dilma e seus 54 milhões de votos. (Um dos argumentos desse diretor era uma denúncia que ele lera, logo onde, na Veja, a maior fábrica de infâmias e mentiras da história da imprensa brasileira.)

Novas circunstâncias, nova cobertura.

Os protestos tenderão a ser coisa de lunáticos, gente como Lobão, Kim Kataguiri, Reinaldo Azevedo, Batman do Leblon, Bolsonaro e, à distância, Olavo de Carvalho.

Será o retorno à razão.

Você quer trocar o governo? A cada quatro anos há eleições exatamente para isso.

Democracia é assim.

Tirar um presidente eleito antes disso com base em uma centena de pretextos que se superam em cinismo e desonestidade é coisa de República das Bananas.

A revista America’s Quartely, que reflete o pensamento da elite de Washington, colocou isso exemplarmente num artigo poucos dias atrás.

Um golpe devolveria o Brasil a um triste passado em que a vontade do povo era atropelada.

E acabaria com a ideia, abraçada pelo mundo civilizado, de que emergiu no país, depois dos militares, um “novo respeito” pelas urnas.

A AQ falou também o óbvio. Caso vingue um impeachment absurdo e forçado como este, todo presidente brasileiro, daqui por diante, governará sob a sombra sinistra de ser removido a qualquer momento a despeito de vencer as eleições.

Quem quer isso?

Nem a Globo, depois de enxergar a realidade.

Só os analfabetos políticos que irão às ruas neste domingo, vestidos em seu uniforme da corrompidíssima CBF.

Para eles, o holofote se foi, e sem isso não são rigorosamente nada senão, repito, idiotas inúteis.

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