De volta a Madrasta Má

Um dos maiores cabos eleitorais da eleição de Lula em 2002 foi o funcionalismo público federal. Com efeito, o seu antecessor, o presidente Fernando Henrique Cardoso, promoveu ao funcionalismo um período de quase uma década sem que houvesse qualquer reajuste substancial nos vencimentos dos servidores federais.

Foram oito anos sem aumento. E o PT capitalizou isso a seu favor em 2002 e venceu as eleições. E nos primeiros (não exatamente no primeiro) anos do governo Lula deu-se início a pálida uma recuperação das perdas salariais, invertendo a lógica anterior de sucateamento do estado público brasileiro, a começar pelo funcionalismo.

Mas a relação de madrasta má do governo com o funcionalismo está de volta, conforme se vê na figura abaixo, que foi publicada n'O Estadão.

Evolução dos salários do Funcionalismo X Inflação entre 2003 e 2012

Com o endurecimento do governo federal, que se iniciou ainda no governo Lula mas é condizido de maneira particularmente dura no governo da presidente Dilma Roussef, o PT mostra que se assemelha ao PSDB muito mais do que deseja transparecer. Nas piores características.

O funcionalismo, salvo alguns setores ditos "estratégicos", já volta a acumular perdas, se considerarmos o período do PT no governo, entre 2003 e 2012.

Como nos primeiros anos do governo Lula houve uma pequena recuperação, então provavelmente esses números seriam ainda mais cruéis com o funcionalismo caso apenas os últimos anos fossem considerados.

Junte-se a isso a falta de negociação e o endurecimento nas relações com sindicatos e movimentos sociais, e então se vê com clareza onde se está chegando.

É a fragrante volta da política de desvalorização dos servidores, de sucateamento dos serviços públicos. É o PT de novo, e cada vez mais, assumindo seu lado PSDB.

Ou pior.