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domingo, 5 de agosto de 2012

Fazendo-se Potência


Como se faz uma potência olímpica?

Curiosamente a resposta a esta pergunta é: não tentando fazer uma potência olímpica.

Isso não fará de nenhuma nação um produtor de campeões olímpicos em escala industrial, como acontece nos Estados Unidos e na China, e acontecia na Alemanha Oriental e na União Soviética, antes do fim da cortina de ferro.

Michael Phelps: supercampeão dos EUA
Larysa Latinina: supercampeã da URSS
É que estas nações levam para o Esporte toda uma disputa diplomática e estratégica de imperialismo cultural, econômico e político. Não são potências esportivas, são fábricas de medalhas. Precisam delas para vender a imagem de supremacia.

Numa nação que se ponha no interesse de seus cidadãos, o investimento não é em medalhas olímpicas. Não é nos atletas vencedores. Não é no aprimoramento dos gênios que aqui e ali são garimpados, quase que por acaso.

Deve-se buscar o Esporte como alternativa para as pessoas e seu bem estar. Para Educação. Para diversão e lazer. Para socializar. Para afastar pessoas de situações de risco, como a criminalidade, a prostituição e o uso de entorpecentes.

Tratado assim, com foco na universalidade, o Esporte certamente não gerará a mesma quantidade de medalhas que a China consegue. Não produzirá supercampeões olímpicos como Michael Phelps, dos Estados Unidos.

Mas será o vetor de ganhos muito mais valiosos na formação de cidadãos, na evolução da sociedade para um patamar onde exista mais justiça social, mais ética, mais saúde. Uma sociedade melhor, com certeza.

Qualquer nação que trate o Esporte desta maneira será uma pequena Potência Olímpica. Verdadeiramente Esportiva. Não por haver uma linha de produção de super-atletas, mas pela quantidade de talentos que, espalhados em todos os grupos, lugares e classes sociais, acabarão sendo descobertos e promovidos.

Estes serão os campeões do Futuro. E serão muitos, fatalmente. E o Brasil poderá se orgulhar deles, com certeza. Mas lembremo-nos sempre: este não pode ser o objetivo, e sim a conseqüência do investimento em Esporte.

A lógica, muitas vezes, é invertida do que deveria ser.

Não devemos cuidar do Esporte para produzir campeões. Devemos produzir campeões porque cuidamos do Esporte.

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