Galileu Galilei: 1564-1642 |
Atribui-se a Galileu
Galilei, que viveu na Itália entre 1564 e 1642, a refutação de uma
hipótese comum à época: a afirmação, defendida por Aristóteles,
supunha que, quanto maior a massa de um corpo, maior seu peso e,
portanto, maior a velocidade com que ele seria atraído em direção
à Terra.
O estudo dos Graves,
nome dado ao fenômeno de corpos em queda, ficou conhecido
como Gravidade. Galileu, buscando refutar racionalmente a hipótese
aristotélica, teria sido protagonista de um experimento incomum no
estudo da Gravidade. O sábio teria soltado do alto da Torre de Pisa
(usando a inclinação ímpar do prédio) bolas de 10 gramas e de 1
grama, observando que ambas chegaram ao solo ao mesmo tempo. Este
experimento refutava cabalmente a hipótese da velocidade de queda ser
proporcional à massa dos corpos.
Os historiadores, porém, contestam a veracidade de tal episódio. Os físicos, por seu lado, duvidam de seus
resultados. Com efeito, este experimento só poderia ser efetivamente
verificado caso a queda se desse em ambiente de vácuo total – algo
inacessível a Galileu na época. Em qualquer outro caso a
resistência do ar influiria nos resultados obtidos, invalidando a
observação.
Ocorre, porém, que não
é necessário mais do que um simples exercício do intelecto para
concluirmos, com o simples e elegante expediente de reductio ad
absurdum, exatamente o que Galileu defendia: a velocidade de
queda dos corpos independe de sua massa.
A redução ao absurdo seguirá a seguinte estratégia: vamos supor que a
hipótese de Aristóteles seja verdadeira, ou seja, que corpos caem mais rápido
se sua massa for maior. Mostraremos que esta afirmação acarreta uma
sentença necessariamente falsa e, portanto, absurda. Isto provará ser falsa a hipótese e, por conseguinte, sua negação terá que ser
verdadeira.
Sejam, portanto, dois corpos A e
B, tais que a massa de A seja maior que a massa de B e, por este
motivo, segundo a hipótese dada, o corpo A cai mais rápido que o corpo B. Suponhamos agora um
simples experimento: atarmos os corpos A e B por uma corda e
lançá-los em queda livre para observar sua velocidade.
Forma-se aí um interessante paradoxo.
Corpos de massas diferentes caindo livres e atados: velocidade iguais ou diferentes? |
Por um lado teremos o
corpo A, com mais massa, forçando sua queda mais rápida que a do corpo
B, de massa menor. Como os dois corpos estão atados, o corpo B atuaria como um redutor de
velocidade, forçando a velocidade final dos dois corpos, agora obrigados a
cair juntos, a ser um pouco menor do que a velocidade que o corpo A teria
caso estivesse caindo sozinho. Assim, a velocidade de queda dos corpos A
e B atados entre si precisa ser MENOR do que a velocidade de queda do
corpo A caindo livremente.
Por outro lado, podemos
ver que o corpo A e B atados são, na verdade, um único corpo, cuja massa será a
massa somada do corpo A e do corpo B (mais a massa da corda). Consequentemente, posta a hipótese de
que a velocidade de queda é diretamente proporcional à massa, a velocidade de queda dos corpos A e B atados entre si precisa ser MAIOR do que a velocidade de queda do corpo A caindo livremente.
Ora: como a velocidade de
queda dos corpos atados não pode ser ao mesmo tempo maior e menor do
que a velocidade de queda do corpo A caindo livremente, temos uma situação
inadmissível, o que demonstra ser nossa hipótese falsa. O corpo com
maior massa simplesmente não pode cair mais rápido que o corpo com
menor massa, QED.
A rigor é necessário
também se demonstrar o contrário: os corpos de massa menor também
não caem mais rápido que os de massa maior. Para isso basta
fazermos uma consideração análoga. Fica como um pequeno exercício para o leitor.
Aqui chegamos,
usando apenas nosso intelecto, às mesmas conclusões a que Galileu,
supostamente, teria chegado com seu experimento em Pisa: a velocidade
(e a aceleração) de queda dos corpos não depende de sua massa.
Alguns séculos mais
tarde isso seria objeto de estudo e de esclarecimentos mais
aprofundados de um outro gênio da Ciência: Sir Isaac Newton.
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