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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Piquetes

Eu estou em greve.

Mas não usaria este espaço para defender causas pessoais. Eu prefiro que isto aqui seja meu pensadouro, onde exponho e ouço questões de interesse geral.

A greve dos professores da UESC é por demais pessoal - eu componho o comando de greve - para que eu a debata aqui.

Mas, naturalmente, não me nego a debatê-la em outros palanques.

Todavia vou tocar num ponto que me incomoda há muito, e é relacionado às greves. A da UESC e todas as demais. O Piquete.




Para os que eventualmente não saibam, Piquete é uma barreira física que os trabalhadores grevistas colocam para impedir os demais (que porventura não desejem aderir à greve) de acessar seu local de trabalho.

Uma agressão ao direito de ir e vir? Pode ser.

Mas vejamos a questão sob outra ótica: vamos, para começar , estabelecer o princípio de que uma greve é democraticamente decidida. Há uma assembléia de trabalhadores, e estes, em maioria, decidem pela greve.

Democraticamente.

A título de ilustração, imaginemos, por hipótese, que era o ano de 1998. Dessa forma, ao mesmo tempo em que votam a favor ou contra a greve, estes trabalhadores e todas as demais pessoas estejam também indo às urnas eleger o próximo presidente: candidatos Fernando Henrique Cardoso e Lula.

Sabemos que Fernando Henrique Cardoso foi eleito. O que os eleitores de Lula poderiam fazer? Democraticamente, a única saída é resignar-se e aceitar o resultado das urnas: Fernando Henrique será o presidente da república.

Voltando à assembléia de trabalhadores, assumamos que a deliberação por votação é pela greve. Assim, pelo mesmo princípio democrático, a vontade da maioria deve prevalecer. Os trabalhadores devem fazer greve.

Os que não desejam a greve devem se submeter à vontade da maioria, assim como os eleitores de Lula se submeteram à eleição de Fernando Henrique Cardoso.

A decisão democrática se impõe, em defesa da própria democracia.

No caso da decisão a respeito da eleição presidencial, ainda que alguém deseje se rebelar e impor sua vontade à força contra a decisão da maioria, por exemplo atentando fisicamente contra o presidente (leia aqui), deve, naturalmente, ser reprimido.

A decisão democrática se impõe, em defesa da própria democracia.

Sendo assim, seguindo a mesma linha de raciocínio, o que fazer contra os trabalhadores que tentam impor sua vontade contra a decisão soberana de uma assembléia, "furando" a greve?

Poderia ser o caso de a greve ser opcional (e constitucionalmente o é). Mas isso é um atentado ainda maior contra o direito dos trabalhadores.

Poque todo esse discurso de que "a greve não é obrigatória" seria muito justo se os trabalhadores que não entrassem em greve também não tivessem direito às conquistas do movimento (ganhos salariais, condições de trabalho, etc.).

Mas, infelizmente, isso jamais será possível.

Porque nenhum empregador vai negar aos seus "aliados" (os fura-greve) os direitos que aceitou dar aos seus adversários.

Os "fura-greve" não arriscam nada. Só tem a ganhar.

Assim, a única solução justa é que, uma vez sendo democraticamente decidida, a greve seja simplesmente imposta a todos os trabalhadores.

A decisão democrática se impõe, em defesa da própria democracia.

E, no caso das greves, isso se faz com Piquetes em porta de fábricas, lojas, escolas, universidades.

A greve é um direito democrático. E, como todo direito democrático, precisa dispor, em Lei, da força necessária para que se faça cumprir.

2 comentários:

  1. Greve é coisa de professor vagabundo. Piquete é coisa de bandido.
    Só isso.

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  2. Senhor (a) Anônimo, em que mundo você vive??? Você trabalha???

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