Com o temor de um grande acidente nuclear na usina de Fukushima, no Japão, volta à pauta o debate sobre a segurança e, portanto, a viabilidade das usinas termo-nucleares. Antes, cabe uma explicação do termo "termo-nuclear": a usina usualmente chamada de "nuclear" é, na verdade, uma usina termelétrica. Só que a água não é aquecida por carvão, e sim pela fissão controlada de material radioativo. E, naturalmente, este material radioativo fica totalmente isolado, sem ter contato com o meio externo.
Pessoalmente não tenho nenhuma opinião fortemente embasada sobre essas usinas. Era adolescente quando aconteceu o acidente de Chernobyl na União Soviética (aqui), em que uma usina com tecnologia ultrapassada, mesmo para a para a época (anos 80), simplesmente explodiu. Como todo mundo, também fiquei bastante aterrorizado com aquilo. Há quem garanta que a explosão efetivamente equivaleu a uma nova bomba nuclear.
Um estudo da ONU aponta que, no total, contando as vítimas da exposição imediata e as que carregarão o fardo radioativo ao longo dos anos, mais de 4000 mortes podem ser atribuídas ao acidente na usina soviética.
Isso deixa as pessoas temerosas, e é muito razoável que assim seja. Ninguém quer morar ao lado de uma nova Chernobyl.
Mas ocorre que não existem mais Chernobyl. Nem na Rússia nem em nenhum país do mundo. As usinas de hoje são muito mais seguras, e desde aquele episódio de triste lembrança não houve mais nenhum acidente com vítimas em usinas nucleares.
Nem mesmo em Fukushima. Observa-se que até o momento há muitos temores, plenamente justificados, e uma série de medidas profiláticas que foram tomadas, muito apropriadamente.
Mas o número de vítimas do acidente na usina nuclear é zero.
E isso é verdade há décadas.
Considerando o número de acidentes com vítimas, as usinas hidrelétricas, por exemplo, parecem ser muito mais perigosas. Vejam este vídeo sobre um acidente em que morreram mais de 70 pessoas, na usina de Sayano-Shushenskaya, na Rússia.
Ao contrário do acidente na usina de Chernobyl, que já conta décadas, este aconteceu a menos de 10 anos, em 2004.
Mais relatos de acidentes com vítimas fatais em hidrelétricas podem ser lidos aqui ou aqui. Exemplos não faltam.
Bem medido e bem pesado, não parecem ser tão perigosas assim as usinas nucleares. pelo menos quando comparadas às suas equivalentes de outras tecnologias.
Do ponto de vista econômico, vale observar que o custo do Kwh de energia produzido em termo-nucleares, termelétricas (a gás ou a carvão) e hidrelétricas é bastante similar.
A grande vantagem das usinas termo-nucleares, por incrível que pareça, é ambiental.
Ao contrário das usinas a carvão e gás, não há despejo de gases na atmosfera. Efeito zero sobre o aquecimento global.
Da mesma forma, ao contrário das usinas hidrelétricas, não há grande impacto ambiental, tampouco qualquer desequilíbrio ecológico. Não é necessário desmatar nem inundar nada. E, importante ressaltar, as demais tecnologias "limpas" não possuem potência (quantidade de energia gerada por unidade de tempo) comparável às termo-nucleares.
O único problema, que já é equacionado, são os dejetos. Os restos radioativos produzidos nas usinas termo-nucleares são perigosos e precisam ser tratados com cuidado.
Entre as alternativas para se resolver este problema estuda-se a reciclagem e o isolamento geológico. Ambas parecem ser viáveis, embora ainda careçam de estudos específicos (leia aqui).
Sendo uma alternativa de energia barata, limpa e segura, é de se perguntar o porquê de não ser largamente adotada em todo o planeta. Países cuja economia é mais desenvolvida a usam com sucesso há décadas. Os acidentes com vítima parecem ser coisa muito rara. O impacto no ambiente é praticamente nulo. Considerar a alternativa nuclear deveria estar na pauta tanto de governos quando de ambientalistas.
Poucas vezes se vê algo que agrega tão bem o interesse de todos.