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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

30 Anos Atrás

Era uma tarde de Sábado, e por algum motivo as corridas de Fórmula 1 às vezes não aconteciam no domingo.

Era o estacionamento de um hotel, o Caesar's Palace, e por algum motivo haviam corridas de Fórmula 1 que se realizavam dentro de estacionamentos.

E era a decisão do título mundial de 1981 em Las Vegas, EUA. Matematicamente haviam três postulantes ao título: Jacques Laffite, guiando uma Ligier Talbot-Matra, Nelson Piquet, guiando um Brabham-Ford e Carlos Reutemann, guiando para a equipe que conquistaria o bicampeonato de construtores: Williams-Ford.

Nelson Piquet guiando seu Brabham BT 49, campeão mundial em 1981



Em termos práticos, porém, as chances de Laffite eram pequenas: apesar de ótimo desempenho na corrida anterior, vencendo o GP do Canadá, a matemática era cruel com o francês: ele somava 43 pontos, e na época o vencedor somava apenas 9. O argentino Reutemann ia com 49 pontos.

O páreo mesmo estava entre o Argentino e o Brasileiro, já que Piquet somava um ponto a menos.

Curiosamente, a vantagem de um ponto de Reutemann era menor ainda do que parecia, já que ele contava apenas duas vitórias (Brasil e Bélgica) contra três de Nelson (Argentina, San Marino e Alemanha). Como o primeiro critério de desempate era (e ainda é) o número de vitórias, a missão de Piquet era apenas terminar a corrida à frente de Carlos, desde que somando pontos. Na época se outorgava pontos apenas aos seis primeiros colocados.

A corrida ganhou ares dramáticos quando a classificação colocou Carlos Reutemann na pole position, ladeado pelo seu colega de equipe, o campeão mundial do ano anterior, Alan Jones. Nelson Piquet alinhou em quarto.

A corrida se desenrolaria no calor escaldante do deserto de Nevada. Piquet e Reutemann tiveram desempenhos pífios, ambos lidando com problemas: Nelson com uma virose, Carlos com seu carro, mas foi uma disputa limpa.

Pouco antes da passagem 24, o brasileiro dividiu uma freada e ganhou do argentino a posição que precisava. Piquet estava lutando e mantendo um bom desempenho, enquanto Carlos definhava com problemas de câmbio, indo cada vez mais para trás na tábua de posições, terminando numa modesta oitava colocação. No final, o calor, e o esgotamento físico da luta contra um carro fora das condições ideais, comprometeram também o desempenho de Nelson Piquet, que perderia posições para um novato chamado Alain Prost, bem como Bruno Giacomelli e ainda para um então desconhecido Nigel Mansell. Alan Jones venceu a corrida, mas a quinta posição concedeu a Piquet dois pontos, suficientes para reverter a situação na tabela do campeonato, derrotando seu rival por 50 pontos contra 49. Um ponto apenas. O suficiente.

Foi o primeiro título de um piloto brasileiro depois da era Fittipaldi. E, principalmente, foi o primeiro de uma série de seis campeonatos mundiais que seriam vencidos por pilotos brasileiros, num intervalo de apenas 11 anos.

Era o início da era de ouro do automobilismo no Brasil.

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