Dos santos católicos, ele é definitivamente o meu preferido. É assim desde a minha infância, quando travei conhecimento com sua história e com sua afinidade pelos animais, compartilhada por mim desde então. Hoje, por motivos bem menos prosaicos.
São Francisco de Assis.
A sua biografia aponta uma infinidade de atos de devoção católica, bem como milagres lhe são atribuídos. Mas a minha admiração pelo Francisco se dá por motivo diverso.
São Francisco foi um pioneiro, ao trazer a idéia de que a relação entre o Homem e as demais criaturas da natureza deveria ser pautada por um grande respeito. Para Francisco, não só o Homem, mas todos os demais seres vivos são obras divinas. Ele argumenta que o Homem recebeu a natureza viva como um presente de Deus. Dessa forma, quando maltrata um animal, na verdade está desfazendo de um presente divino.
Não iria tão longe quanto ele nas afirmações teológicas, pois me faltam conhecimento e convicção. Mas a proposta de Francisco, do ponto de vista filosófico, merece muita atenção. Não há nenhum argumento fundamentalmente válido que conceda ao Homem a prerrogativa de dispor da natureza, senão para fundamentar e valorizar sua própria vida.
Mas não é essa a principal contribuição de São Francisco. Ele atuou contestando a própria Igreja Católica, e suas históricas relações com o poder econômico. São Francisco se perguntava por que a Igreja precisava de luxo e riqueza. E perguntava isto à própria Igreja.
A ele não parecia muito cristão manter-se na extrema opulência enquanto cercado de miseráveis. E aos clérigos pareceu difícil contestar palavras serenas e severas assim.
São Francisco também questionou a própria organização da Igreja. Com a redação da Regra Primitiva, ele propunha claramente que aos religiosos deveria ser facultado o direito de denunciar e se insubordinar aos “superiores indignos”. Ousado, ele ainda argüia que a todos na Igreja se devia o direito à livre expressão e ao livre pensamento.
Enviado como líder em missões de catequização, buscou sempre orientar seus seguidores a respeitar crenças, os costumes e as leis das sociedades que visitavam.
São Francisco iniciou um processo religioso e político. Em seus ensinamentos restam a necessidade e a sabedoria da tolerância, do entendimento, originando um conjunto até então inédito de valores coletivos dentro da própria Igreja. Sua opção não era tanto pela pobreza, tampouco pelos animais, embora certamente os contemplasse e entendesse. A maior sabedoria de São Francisco ele mesmo a diz, muito claramente, assim que inicia sua oração, pedindo a Deus que faça dele um instrumento de Paz.
Paz e Bem.
Muito bom texto meu primo! São Francisco foi um santo homem admirável no seu tempo e por isso suas idéias perpetuaram-se até os dias de hoje. Ele é conhecido marcadamente pela apologia à Paz.
ResponderExcluirTenho um livro muito lindo sobre a história dele.
Beijo
Andréa Amaral Alves