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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A Voz da Razão

O texto do Sr. Elias Reis (leia aqui) que foi publicado no Blog do Gusmão é mais do que um mero texto de apoio ao projeto do Complexo Intermodal.

Textos apoiando e criticando veementemente o projeto estão por aí, em blogs e sites de notícias, além dos portais de ONGs de Ilhéus e região.

O que há então para se exaltar no texto do Sr. Elias é o espaço que ele dá à Razão. O texto apresenta dados difíceis de serem digeridos. Mostra uma Ilhéus que nenhum dos ilheenses – naturais ou adotados – gosta de ver. Mostra a cidade com bolsões de pobreza crescentes, com baixíssimos níveis de emprego e renda, índices de prostituição (infantil inclusive) e tráfico de drogas crescente. É tudo isso que, compilado, dá a Ilhéus um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) baixíssimo.

E é realmente uma coisa ruim de ouvir e ler. Ofende o orgulho dos ilheenses. Eu mesmo, ilheense adotado, fico profundamente triste ao ler coisas assim. Portanto, as reações ao texto do Sr. Elias foram, em parte, as previstas: pessoas se indignando, e defendendo a cidade que amam.

Ocorre que não se deve matar o mensageiro porque a mensagem traz uma notícia ruim; o mensageiro não tem culpa e a notícia não melhora.

Mesmo que algumas pessoas execrem o Sr. Elias e outros (eu inclusive), que apontam o dedo para os problemas e para o futuro negro que se desenha à frente de Ilhéus, caso os rumos não mudem, os fatos não mudarão. Ilhéus continuará empobrecendo, seus índices sociais continuarão piorando, sua estrutura urbana continuará se deteriorando. Simples – e duro – assim.

Por isso o mérito do texto do Sr. Reis. Não é um “Sim ao porto porque ele vai salvar Ilhéus”, argumento falacioso que já se lê por aí. Assim como se lê “Não ao porto porque ele vai acabar com o meio ambiente”, argumento igualmente falacioso.

O Sr. Reis dá um diagnóstico (que aliás não é novo). E um prognóstico. E aponta o Complexo Intermodal como uma solução possível – mas cuja execução precisa ser devidamente acompanhada – para que o prognóstico não se concretize.

Parece mesmo com um paciente num hospital. Diagnosticada a infecção, o antibiótico está à disposição. Deve ser administrado com os cuidados devidos, para que se evitem os efeitos colaterais.

Mas sem o remédio, o paciente morre.

E parece que não demora muito.

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