Muito rumoroso esse episódio – ou suposto episódio – envolvendo a equipe Renault, e o piloto brasileiro Nélson Piquet (o Jr.) no GP de Cingapura de 2008.
Pelos elementos que se tem até o momento, é difícil afirmar que o caso tenha de fato ocorrido, pelo menos da maneira como está sendo relatada.
O que ocorre é que a alegação, ou a suposta investigação, é de que Nelsinho teria deliberadamente batido o carro numa posição tal que inevitavelmente provocaria uma bandeira amarela, com a conseqüente entrada do safety car naquele momento. E aquele era o exato momento em que o primeiro piloto da equipe, Fernando Alonso, havia acabado de parar para reabastecer. Os demais ainda teriam que fazê-lo. Como, pelo regulamento daquela temporada, aguardava-se algumas voltas para os boxes serem abertos em caso de acidente, houve uma reaproximação dos carros e, após a parada dos demais, o piloto espanhol herdou tranquilamente a liderança da corrida, trazendo com sua reconhecida competência, sua Renault àquela que seria a primeira vitória da equipe na temporada.
Há elementos que corroboram a tese do acidente proposital: o mais óbvio, evidentemente, a incrível coincidência de fatos que favoreceram Fernando Alonso. Mas esse não é o único motivo que levanta suspeitas sobre o episódio: o desempenho de Piquet naquela temporada (como nesta também) estava muito abaixo do esperado. Não obstante, seu contrato foi renovado. Imaginar o que teria feito Nelson Piquet Jr., apesar de seu desempenho, merecedor da renovação de seu contrato, torna as coisas ainda mais suspeitas.
Mas ao mesmo tempo é de se perguntar: porque a necessidade de um acidente? Porque não poderia Nelson simplesmente ter estourado o motor no meio da reta, ou travado as rodas, ficando impossibilitado de se mover, causando a mesma interrupção e o mesmo resultado – entretanto sem os riscos iminentes de uma batida?
Alguns podem alegar que esses dados apareceriam na telemetria. Não obstante, a pergunta é: o que exatamente apareceria na telemetria? Que o limitador de giros do motor falhou e houve um estouro? Que uma válvula qualquer abriu e derramou o óleo, provocando o comprometimento das peças do motor? Que uma engrenagem se desprendeu e travou a caixa de câmbio?
Nada disso seria mais suspeito do que o que está sendo atualmente investigado, que são coisas como a trajetória escolhida por Piquet naquela curva e as reações do carro no momento do acidente. Nada seria conclusivo, tanto num caso quanto no outro.
Assim, sem querer defender a Renault, nem o piloto brasileiro (cujo desempenho, independente de qualquer análise, foi muito ruim até o momento), acho improvável que essa investigação traga algum resultado definitivo.
Não que eu creia desvairadamente na idoneidade de dirigentes e pilotos de Fórmula 1. Sei que eles não são santos.
Mas também não são burros.
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