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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O que não se quer ver

Há, naturalmente, pessoas que não aceitam ver. Mas, indiferente às preferências individuais de cada um, a Parada Gay, ou melhor dizendo, a Parada do Orgulho Gay, tradicionalmente é um movimento de forte matiz político-ideológico. Trata-se de um sonoro brado dos homossexuais, bissexuais e simpatizantes, denunciando, a seu modo, todo o preconceito de que são vítimas.

Um legítimo direito democrático, que sempre foi exercido pelos manifestantes fazendo absoluta questão de usar o mínimo possível tanto de discrição quanto de violência.

Há os que são indiferentes ao movimento. Há os que consideram a passeata uma “agressão à moral e aos bons costumes”. Há os que, como eu, defendem e apóiam o exercício do direito de liberdade de expressão dos Gays pois são eles quem, afinal, sabem onde lhes doem os calos.

O que não pode acontecer em nenhuma hipótese são as cenas de violência que foram vistas no último desfile do orgulho gay em Ilhéus (leia aqui). As matérias dão conta de tiroteio, correria, feridos... cenas lamentáveis que ninguém gostaria ou mereceria ver.

Falharam a Polícia Militar – tanto por conta do mau aparelhamento dado pelo Governo do Estado quanto por conta da falta de um mínimo de planejamento – e os organizadores do evento, consortes com a prefeitura, que precisam se precaver, considerando a possibilidade, a cada dia mais provável, de ocorrerem incidentes violentos em eventos públicos dessa natureza.

Mas essa não é a lição mais importante. O que realmente fica como alerta é o sinal, mais um, do empobrecimento de uma cidade e de uma região.

Que não restem mais ilusões: a falta de oportunidades para se engajar no processo econômico formal força as pessoas a tomar um dos três caminhos: a) buscar a informalidade, tornando-se camelôs ou negociantes de produtos de origem duvidosa, b) mudar-se, em busca de um lugar com melhores oportunidades de vida ou c) migrar para a marginalidade, onde sempre há uma chance de encontrar um modo de viver, e talvez de morrer.

E numa cidade cuja economia caminha para o colapso, como o caso de Ilhéus, não é de se surpreender que fenômenos assim estejam ocorrendo: diminuição da população, já que as pessoas buscam oportunidades em outros lugares, aumento do número de comerciantes “informais” que negociam produtos mais informais ainda e, infelizmente, o crescimento de todos os índices de violência.

Acumulam-se, para todos os lados que se volta o olhar, as evidências de que Ilhéus, bem todo o Sul da Bahia, precisa o quanto antes mudar o rumo de sua economia. Abrir novas oportunidades. Aceitar novos desafios. Romper com amarras do atraso.

Essa realidade, embora dura, está aí, piscando aos olhos de todos. Brilha mais do que o desfile do Orgulho Gay.

Mas há, naturalmente, pessoas que não aceitam ver.

2 comentários:

  1. Caro professor Degas. Das duas uma: ou o senhor é homossexual, o que pode explicar sua recente separação, ou o senhor não tem a mínima fé cristã, pois está claro na Bíblia que o homossexualismo é uma agressão às leis de Deus.
    Qualquer das duas coisas é um grande desagrado ao Senhor Jesus, pois Ele te deu o dom da palavra, e o senhor deve usá-la para louvá-Lo e para servi-Lo, divulgando a Mensagem da Salvação.
    Tomara que o senhor leia a Bíblia e permita que Deus ilumine sua alma, mostrando o Caminho e a Verdade.
    Homossexualismo é coisa do Inimigo. Todo Cristão deve combater essa sodomia.
    Pastor Paulo.

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  2. Caro Pastor Paulo. Tenho rapidamente duas coisas a responder, pois se for adiante acabarei sendo grosseiro e mal educado.

    1. Não é da sua conta os motivos da minha separação, tampouco admito que o senhor levante suspeitas ou teça qualquer consideração a respeito das minhas preferências sexuais.

    2. Não sei se tenho o "dom da palavra", mas sei que emprego as minhas palavras da forma que acho mais conveniente, guiado unicamente pela minha própria consciência.

    Se for o caso, entender-me-ei com Deus no futuro. Mas jamais com o senhor, ou com sua intolerância religiosa.

    Grato.

    Degas.

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