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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Audiências

Eu fui provocado a escrever sobre isso. Mas nem seria necessário. Entusiasta da idéia e do conceito de Ilhéus ter um Complexo Intermodal, mas absolutamente cônscio de que o projeto ainda tem muitas vertentes polêmicas e obscuras, não poderia me furtar de comentar o resultado das audiências públicas ocorridas no final do mês de Julho.

Os dados completos eu não possuo, baseio-me em matérias que foram publicadas no site da ONG acaoilheius (veja aqui ) e reproduzidos no site do Rabat (veja aqui ). Como os interlocutores de quem eu estou buscando essas informações são partidários de que o projeto não seja levado a cabo, então naturalmente estou sendo ligeiramente leviano, pois não considero o contraditório. Talvez sob a ótica de pessoas ou organizações interessadas em que o projeto se concretize as interpretações sejam outras.

Eu mesmo não estive presente, portanto não posso opinar senão segundo informações de terceiros.

Os fatos, porém, dão conta de que em todas as audiências a população local rejeitou o projeto. O que isso significa? Para alguns é a prova inequívoca de que o projeto deve ser abandonado e esquecido. Para outros, a prova inequívoca de que as populações estão sendo manipuladas, e os resultados das audiências foram viciados.

Para mim, porém, a única certeza que eu tenho é que falta diálogo. E respeito. Não se pode desprezar o fato de que as pessoas daquelas localidades não desejam a execução da obra. Mas não se pode também assumir que as diferenças sejam irreconciliáveis. As matérias que li não deixam muito claros os motivos pelos quais as pessoas não desejam o projeto: falam em discursos emocionados, em pessoas depositando produtos agrícolas, e em dados técnicos que – pelo menos para mim, em minha ignorância no assunto – soam complexos ou mesmo inverossímeis.

Independente disso, eu quero crer que seja possível conciliar o projeto que pode ser a redenção econômica de toda uma região com os interesses das populações locais onde o projeto será instalado. Porque isso já foi feito antes em outras partes do Planeta, e pode ser feito de novo. Espero que todas essas questões sejam postas à mesa, discutidas com transparência, e que as soluções sejam encontradas. Há inúmeras tecnologias que permitem evitar o impacto sobre essas populações. Há inúmeras maneiras de compensá-las pelas mudanças a que estarão sujeitas. Diálogo e respeito devem ser suficientes para dirimir tudo isso.

Há muitas formas de o projeto ser implementado. Deve-se discutir, ouvir, debater, e efetivamente escolher qualquer uma delas, a melhor. Só não se pode, certamente, escolher nenhuma.

Porque isso será escolher a débâcle.

4 comentários:

  1. Professor, já foi tudo denunciado no r2cpress, eram pobres ignorantes manipulados! Não sabiam nem o que estavam fazendo ali!

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  2. Pode ser verdade, mas o respeito que lhes é devido, e às suas opiniões, não diminui por esse motivo.
    Na verdade, reitera a necessidade de maior diálogo e entendimento.

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  3. Degas
    O único morador manipulado que se apresentou na Audiência de Caetité, foi trazido pela BAMIN e estava sendo orientada sobre o que falar pela Senhora Auxiliadora que estou em dúvida se presta serviço para a BAMIN ou para o IMA. Eu estava lá e vi. Quem falou, falou sem nenhuma orientação e eram todos moradores dos locais impactados e não querem ser indenizados. O povo falou mesmo, somos responsáveis e respeitamos as pessoas. Além disso, considerando o fato de sermos contrários, certamente que nosso posicionamento crítico, em caso de acontecer o empreendimento,certamente pelo menor impacto, pois se permitirmos que venha de qualquer jeito, sem oposição... O que não faltam são irresponsáveis nos empreendimentos e nos Governos.
    Maria do Socorro Mendonça

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  4. Pois é. Tem havido muitos exageros de parte a parte, em minha opinião. Muito disse-me-disse, até muitas agressões, o que me causa certa estranheza. Os argumentos que tenho lido recentemente são muito pobres, ou mesmo desprovidos de sentido. Muito de passional, pouco de racional. Eu espero que o diálogo prevaleça, afinal. O bom diálogo: respeitoso, construtivo, conciliatório.

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