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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Debatendo

Cravo sem Canela questionou (leia aqui) algumas coisas a respeito do Complexo Intermodal. Eu decidi, depois de pensar bastante, que deveria contribuir com alguns centavos para a discussão.

Porque o Blogueiro de Cravo Sem Canela é um cara inteligente e gentil.

Porque seus questionamentos são recorrentes, muitos o fazem. No caso, ele cita um texto anônimo, e grifa as partes que ele julga serem relevantes para o debate. Vamos, então.

A parte entre aspas são os questionamentos. O texto seguido de R. são as respostas.

"Exploração de minério é um recurso não renovável. Eles querem criar uma estrutura gigantesca para explorar algo que vai durar quanto tempo? 15, 20, 30 anos?????"

R. "Eles" não são burros. A Estrutura será usada, e muito bem. São empresários, não jogariam um centavo fora. Usarão a estrutura por um período de tempo limitado, é verdade. Mas que sejam 15, 20 ou 30 anos como alardeiam (sem nenhuma fundamentação) alguns. Depois disso, os exploradores de Minério podem até se ir, mas não levarão consigo o Porto, o Aeroporto e a Ferrovia. Esses equipamentos não serão destruídos. Permanecerão anexados à infra-estrutura da região. O Sul da Bahia tem, portanto, 15, 20 ou 30 anos para encontrar alternativas de diversificação de sua economia e terá, nesse intervalo, os valiosos instrumentos do Complexo Intermodal.

Turismo, exportação e importação, Pólo de Informática, parque Industrial, ... é infinita a quantidade de setores que sairão diretamente fortalecidos com o uso dessa infra-estrutura. Fora os empreendimentos indiretos.

"(...) danos ambientais serão irreversíveis"

R. Todo empreendimento humano gera impacto ambiental. Mesmo um "puxadinho" que uma pessoa faz em sua casa. A discussão não é se haverá impacto ao meio ambiente. É o verdadeiro tamanho desse impacto (que muitas vezes são tratados como o colapso da Mata Atlântica), bem como as alternativas de minimização e compensação.

Os estudos já determinaram tamanho real do impacto, bem como as alternativas tecnológicas que podem minimizá-los e as ações compensatórias que podem ser empreendidas para que outras áreas sejam recuperadas e/ou protegidas. Cabe à sociedade, e ao poder público, investigar. Mas o saldo de dano ambiental do empreendimento será nulo, ou talvez positivo (note que não estou dizendo que não há impacto ambiental).

"(...) vão acabar com o turismo na região. Turismo este que vem atraindo grandes investimentos devido a impressionante beleza da região"

R. Compare isto com o que está escrito abaixo:

"(...) um porto, o de Aratu, que tem todas as condições para abrigar o projeto que querem para o Porto Sul."

R. Agora pensemos juntos: se o projeto for levado para lá acabará com o Turismo de Salvador? O Porto de Aratu acabou com o turismo em Salvador? Ou, pelo contrário, Salvador tem se fortalecido a cada dia como um dos destinos turísticos mais importantes do país? Porque o Porto de lá não atrapalha o Turismo (pelo contrário, o fortalece) e o Porto daqui vai "acabar com o turismo na região"? Não parece haver uma pequena incoerência?

"É verdade que é mais distante das minas de ferro, (...) Aratu já tem modal ferroviário ligado ao sudoeste, e está situado na maior baía sub-tropical do mundo. As condições de navegabilidade são excepcionais, calado natural e imensa área para logística, retro-área e etc."

R. Todos esses requisitos são atendidos pela região onde será instalado o novo Porto. A pergunta é: devemos ser um estado que continua, como até tempos recentes, pensando em investimento e desenvolvimento somente para a região metropolitana de Salvador e esquecendo todos os outros municípios, ou devemos olhar para as (enormes) carências do interior do estado?

"Porque cometer esse crime ambiental tendo outras opções"

R. Porque, como discutido acima, não há "crime ambiental" sendo cometido. Há um empreendimento que, como qualquer outro, impacta o meio ambiente, mas cujos estudos já apontam medidas de minimização e compensação. É um tanto exagerado, para dizer o mínimo, os discursos inflamados de que o projeto "vai acabar com os ecossistemas", "destruir a Lagoa Encantada" ou coisa parecida. Não há o menor fundamento.

Haverão impactos? Sim, evidentemente. Mas haverão ações compensatórias. Outras áreas serão recuperadas e protegidas. O saldo, para o meio-ambiente, provavelmente será positivo. Onde está o "crime ambiental" aí?

C' est ça.

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