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sábado, 23 de abril de 2011

No calor da disputa

No calor de uma disputa eleitoral corre-se o risco de cometer exageros. Alguns, potencialmente danosos.

Na última campanha eleitoral, levantando o assunto "Aborto", o candidato do PSDB, José Serra, tentava gerar um fato novo que favorecesse sua candidatura. Contudo, o resultado acabou levando o debate eleitoral para um nível político inscipiente e imaturo. Um completo desserviço à Democracia.

No calor da disputa, o candidato cometeu um exagero que precisa ser devidamente reprovado.

Mas houve pelo menos um outro ainda pior. Quando acusou o governo da Bolívia de ser cúmplice do tráfico de drogas. E, por conseqüência, o governo do Brasil de ser conivente com isso.



Ocorre que, naquele momento, os governos do Brasil, da Bolívia e dos Estados Unidos estavam costurando um delicado acordo de combate mútuo às drogas. Mais especificamente ao plantio ilegal de Coca.

Um acordo que atenderia os interesses americanos - que desejam reduzir ao máximo a produção de cocaína na América do Sul - e bolivianos - que desejam manter o direito cultural de seu povo ao plantio da coca (para produzirem o chá de coca, bebida tradicional nos Andes).

Considerando a dificuldade de fazer Evo Morales e Barack Obama entrarem em um acordo sobre qualquer coisa, e considerando as imensas vantagens estratégicas e humanitárias decorrentes disso, há que se considerar que a acusação inteiramente infundada do candidato José Serra foi mais que reprovável. Foi belicosa, mentirosa e irresponsável. É fácil imaginar o surgimento natural de inúmeras arestas diplomáticas entre Estados Unidos e Bolívia quando um candidato à presidência faz uma acusação como essas.

Serra, com sua atitude enquanto candidato, poderia acabar inviabilizando um acordo entre dois países que atualmqnte entendem-se pouco no campo diplomático. Por sua culpa quase se perdeu a oportunidade de instituir um acordo que é tão difícil quanto desejável.

Abaixo um texto do blog Tijolaço sobre o assunto.

"Pouco menos de um ano atrás, no furor de criar polêmicas que o projetassem eleitoralmente, o Sr. José Serra criou um sério incidente diplomático, ao acusar o governo boliviano de ser cúmplice do tráfico de drogas.

Agora, matéria da Folha diz que o governo brasileiro negociava “há anos” um acordo entre a Bolívia e os Estados Unidos para monitoramento e represssão ao plantio ilegal de coca – cuja produção, para a mascação, é um hábito de séculos das populações andinas, nada tendo a ver com cocaína.

O acordo, que deve ser assinado em um mês, exclui a prática anterior dos EUA – absurda – de enviar agentes americanos para realizarem o combate ao plantio. Mas a cooperação americana é bem-vinda, na forma de equipamentos de de georreferenciamento por satáelite (GPS) e interpretação de imagens de satélite, que serão geradas pelo Brasil. Os dados serão propriedade do Governo da Bolívia, mas abertos à agência antidrogas da ONU.

Qualquer pessoa de bom-senso imagina o estrago que a irresponsabilidade e o eleitoralismo barato de Serra causaram nessa negociação, difícil, por envolver a soberania boliviana.

Se não o inviabilizou, felizmente, certamente o atrasou e dificultou.

O comportamento de Serra foi daninho e, na prática, retardou o combate ao cultivo ilegal. O mínimo que ele devia, agora, era pedir desculpas pela ofensa ao governo boliviano."

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