Está no site "Centre for research on globalization" (Centro para Pesquisas em Globalização), cujo endereço fica disponível aqui. "Osama bin Laden’s Second Death" (A segunda morte de Bin Laden).
Para eles, Bin Laden não foi assassinado ontem, como contam as versões do governo e da mídia americana (devidamente repetidas por todo o mundo). Aquilo tudo não teria passado de uma encenação e uma montagem de fotos por computador.
O texto, de autoria do Dr. Paul Craig Roberts pode ser lido aqui. Parece com o caso relatado n'A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água, onde o maior cachaceiro da cidade morre, mas sua morte passa despercebida por todos até que, no final, ele consegue morrer de novo, desta feita de conhecimento público.
É mais uma daquelas teorias da conspiração. Mas nem todas são inteiramente desprovidas de fundamento. O leitor pode agora mesmo fazer uma experiência: procurar no google images por fotografias do atentado ao Pentágono em 11/09/2001. É interessante observar que não aparecem destroços de nenhum avião.
Dá o que pensar. Mas daí às conclusões o passo é gigante.
Voltando ao caso da segunda morte de Bin Laden, os argumentos que sustentam a hipótese se focam em três aspectos. Inicialmente o óbvio: é difícil entender porque o corpo desapareceu tão rápido. Por outro lado, a saúde de Osama já não era grande coisa há 10 anos atrás. O autor alega ser improvável que uma pessoa com problemas nos rins (precisava de diálise), diabetes e hipotensão arterial sobreviva por 10 anos. Além disso, para continuar financiando as atividades como supostamente fazia, a quantidade de dinheiro movimentada por Osama Bin Laden seria tal que o sistema bancário acabaria sendo uma excelente pista para a Inteligência Americana alcançá-lo.
E daí vem a teoria de que Osama Bin Laden estava morto há muitos anos mas, somente agora, para capitalizar isso em apoio à reeleição de Barack Obama, o governo americano anuncia uma operação de sucesso mentirosa que teria matado o terrorista.
São argumentos fortes. Mas nem tanto assim inatacáveis. O sumiço do corpo é explicado, ainda que de maneira um tanto estranha, com o argumento de que foi uma ação em respeito à fé muçulmana. De fato, para os islamitas, o corpo de um crente deve ser sepultado menos de 24 horas após a sua morte. Os americanos teriam respeitado este preceito de sua Fé, e Bin Laden estaria sepultado no fundo do mar a fim de que seu túmulo não ganhasse valor simbólico para os demais terroristas.
Parece-me improvável que militares tenham tanta condescendência assim com a fé de um inimigo. Mas não é impossível, afinal de contas. Além disso, eles usaram, para confirmar sua identificação, exames de DNA com amostras de tecido recente, que foram comparadas com as de parentes do terrorista (leia aqui).
Quanto à saúde de Osama, o fato é que um paciente com problemas renais, diabetes e hipotensão pode sobreviver, sim, por mais de 10 anos. Com efeito, as pesquisas apontam para uma redução da expectativa de vida dos pacientes, mas algo em torno de 6 a 10 no total. Leiam aqui e aqui.
Assim, pacientes podem conviver com estes problemas de saúde por 20 anos ou mais, a depender da idade em que iniciam o tratamento, bem como da qualidade do tratamento que recebem. Sendo uma liderança entre os seus, e tendo acesso a muitos recursos financeiros, não é de se estranhar que Osama tenha tido recebido o melhor tratamento que a medicina pode oferecer e, assim, tenha sobrevivido por todos esses anos controlando os males de sua saúde.
Finalmente a questão financeira. Observando com atenção, podemos ver que não parece assim tão trivial para os militares americanos acompanhar as movimentações financeiras de seus inimigos. É que, se fosse tão simples assim, então as ações dos barões do tráfico na América do Sul já teriam sido anuladas há muito tempo. Ocorre que o sistema bancário é excessivamente capilarizado para ser monitorado com a eficiência que seria necessária. Além disso, as operações bancárias não são transparentes como necessitariam os militares. Bancos operam junto com muitos bancos, em muitos países, sob muitos regimes de fiscalização diferentes, com muitas pessoas diferentes. Além disso, às vezes, parece que os bancos possuem muita flexibilidade moral.
Adicionalmente há o fato de que o Partido Democrata vai obter um grande ganho eleitoral com este episódio. Caso houvesse mesmo sido a morte de Osama Bin Laden tantos anos antes, é difícil explicar porque os republicanos não divulgaram isso na época, a fim de melhorar a imagem de George W. Bush. Também é difícil de entender porque não denunciam a suposta farsa neste momento, a fim de danificar a imagem de Obama e dos democratas.
Osama Bin Laden pode até ter morrido duas vezes, como quer o Dr. Paul Craig Roberts. Não há como afirmar categoricamente que isto não aconteceu.
Todavia, os elementos de prova que ele oferece fazem de "A Morte e a Morte de Osama Bin Laden" apenas uma peça de ficção. Não tão boa quanto a do excelente Quincas Berro d'Água, do genial Jorge Amado.
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