Juan Manuel Fangio.
Fangio nasceu em Barcarce, Argentina, no dia 24 de Junho de 1911. Desde cedo se interessou por corridas de automóveis que, na época, não ofereciam o status nem o dinheiro de hoje. Isso sem falar de segurança.
Os carros de corrida eram tão inseguros quanto difíceis de guiar. Os capacetes não passavam de "cuias" que cobriam a parte posterior do crânio (semelhante aos utilizados pelos pilotos de avião na 1a e 2a guerras mundiais), e os pilotos não tinham balaclava nem macacão anti-incêncio. Quanto a cinto de segurança... o que é isso mesmo?
O risco extremo a que os pilotos da época estavam submetidos acabou propiciando muitas mortes desnecessárias, e o fim prematuro de algumas carreiras brilhantes. Ainda assim, aos dezesseis anos, o jovem Juan decide abandonar os estudos para se dedicar ao esporte; inicialmente como mecânico e mais tarde como piloto.
Juan Manuel Fangio, em números, dá uma idéia da dimensão deste que foi, indubitavelmente, o maior piloto de corridas de toda a história: cinco títulos mundiais, o que parece pouco perto de Schumacher, por exemplo, que tem sete conquistas. Ocorre, porém, que o argentino disputou apenas oito temporadas completas, o que dá uma incrível média de 62,5% de conquistas nos campeonatos que disputou. Venceu, ao todo, 24 corridas. Todavia, como ele largou apenas 51 vezes, temos que Fangio alcança uma impressionante média de quase uma vitória a cada duas corridas disputadas. Marcou 29 pole positions. Menos do que outros pilotos como Schumacher e Senna, por exemplo. Mas as do argentino ganham outra dimensão quando vistas como 57% de êxito em treinos classificatórios.
Visto em números, Fangio é absoluto.
Embora esses argumentos já sejam suficientes, não é só em números que a magnitude absoluta deste piloto fantástico se impõe: Adversários como Mike Hawthorn, Froylan Gonzalez, Alberto Ascari e Stirling Moss (este foi seguida e cruelmente derrotado por Fangio nos campeonatos de 1955, 1956 e 1957) reconheciam a superioridade do argentino que "era invencível" segundo um engenheiro da Ferrari na época.
Outro dado importante é que, para Fangio, não havia muita diferença de carros. Nos cinco campeonatos mundiais que venceu, o fez correndo por cinco equipes diferentes, sem permitir que uma eventual inferioridade de equipamento barrasse sua alucinante seqüência de vitórias. Era o Piloto, muito mais do que o Carro.
Um mecânico da Mercedes comentou, anos depois, que a fábrica alemã só não estabeleceu uma hegemonia na década de 50 porque Fangio acabou indo correr em outra equipe; "Ele era a única coisa que podia vencer o nosso carro" comentou.
Em recente entrevista, um jornalista da época deixou tudo mais claro: "Hoje se discute que tal piloto é mais frio, aquele outro ajusta melhor o carro, aquele é mais arrojado, etc. Naquela época o melhor em TUDO era Fangio". Absoluto.
Para Juan Manuel Fangio, o segredo da vitória era muito simples: "É preciso ser o melhor, mas nunca sentir-se o melhor". Uma máxima que ele levou durante toda a sua carreira automobilística.
Fangio foi o segundo campeão mundial da Fórmula 1, pilotando uma Alfa Romeo. Depois disso, um acidente o tirou de uma temporada e ele só voltou a vencer em 1954, correndo por duas equipes diferentes no mesmo ano, a Maserati e a Mercedes.
A partir daí a Fórmula 1 poderia ter se chamado Fórmula Fangio: Pela Mercedes venceu o campeonato de de 1955, depois foi para a Ferrari e venceu de novo em 1956, e finalmente voltou à Maserati para devolver à equipe o campeonato mundial em 1957. Foi uma seqüência de quatro temporadas seguidas em que não houve outro campeão mundial. O mundo teve que se render àquele que, até hoje, ainda reina como o melhor da história.
Em 1958, pessoalmente, decidiu abandonar a carreira. Pessoalmente porque muitos convites, tanto de donos de equipes quanto dos próprios colegas, tentaram demovê-lo do seu intento. Fangio, entretanto, nunca mais guiou um automóvel de corrida. Morreu em 17 de Julho de 1995 aos 84 anos de idade.
Uma Corrida Inesquecível - GP da Alemanha, Nürburgring, 1957
Fangio e sua Maserati absolutos em Nürburgring
Uma corrida para a história, sem dúvidas. Fangio já era muito mais rápido o tempo todo, até que faz uma parada, provavelmente programada, nos boxes. Ali, porém, aparentemente enfrenta sérios problemas mecânicos e acaba perdendo quase uma volta parado, que naquele circuito cumpria mais de 14 quilômetros. Volta à pista a poucos giros do final, com 45 segundos de desvantagem para os dois carros da Ferrari. A partir de então, Juan, alucinado, imprime um ritmo ainda mais forte para reduzir rapidamente a distância entre ele e seus adversários. Guiava com uma destreza impressionante, freando e retomando as acelerações no pedal direito de sua Maserati exatamente no mesmo ponto, controlando belissimamente as derrapagens e repetindo as manobras com ímpares paciência e precisão a cada volta. Chega a reduzir a diferença para os demais em quase 8 segundos a cada vez que passa pela reta dos boxes, quebrando sucessivamente o recorde da pista enquanto encurtava a distância para os líderes. Ali, como nunca, o Mestre mostrou aos pupilos como se faz. Dosou todo o arrojo e a frieza necessários para recuperar as posições, indiferente às dificuldades do carro, da pista e dos adversários. No final, acabou por retomar a primeira posição na última volta e vencer espetacularmente.
Conquistou assim seu último campeonato mundial.
Neste vídeo aqui se conta a história daquela corrida.
Se normalmente Fangio dificilmente podia ser batido, naquele dia ele superou o que parecia impossível: ele mesmo.
Encerrou sua carreira nas corridas de automóvel com uma imagem imaculada tanto como Campeão quanto como Esportista. Deixando as pistas, foi parar onde fez por merecer.
Na História.
Não se pode comparar épocas diferentes. Fangio foi Bom. Mas Senna é que ficou como o maior de todos.
ResponderExcluirPessoalmente eu vejo a visão brasileira de que Senna foi o melhor da mesma forma que a dos argentinos dizendo que Maradona foi o melhor.
ResponderExcluir"Magic" Ayrton foi um gigante. "Don" Diego também.
Mas Pelé e Fangio são as referências da História.
Schumacher, Stewart, Prost e Senna, todos vultos sagrados, seguem a lista.
O melhor piloto de todos os tempos: Ayrton Senna do Brasil!!!!1
ResponderExcluirCreio que o maior "defeito" do Fangio foi ter nascido na Argentina.
ResponderExcluirScumaher foi melhor que Senna. Senna estava muito atras de Schumacher no campeonato quando morreu. Prost foi melhor do que Senna. Fez mais pontos do que Senna todos os anos quando correram juntos na Mclarem. Senna era bom. Mas não era tão bom assim.
ResponderExcluirMarcelo
Senna foi o melhor de todos!!!
ResponderExcluirDepois de Senna, vem o Piquet.
Depois, os outros, incluindo o Schumacher.
É sempre polêmico afirmar. Para mim, devido à superioridade dos números e ao fato de trocar de equipe e permanecer vencendo, Fangio é imbatível.
ResponderExcluirMas não se pode esquecer gênios como Senna.
Bem como Schumacher. Stewart. Prost. Jim Clark. Niki Lauda.
Pessoalmente sempre gostei muito de Nelson Piquet. Já escrevi algumas vezes sobre ele:
http://alvarodegas.blogspot.com/2010/03/o-passar-dos-anos.html
http://alvarodegas.blogspot.com/2009/05/o-melhor-piloto-que-o-mundo-viu-na-fase.html
Ah! E esse texto aqui. Com a famosa disputa contra Senna na ungria em 1986.
ResponderExcluirhttp://alvarodegas.blogspot.com/2009/11/nao-fosse-pelo-motivo-que-e.html