Janio de Freitas
Original aqui.Ela se apropriou da política econômica defendida por Aécio, mas Aécio não se deixa abater e já demonstra que pode fazer o mesmo: adere à redução da desigualdade social por meio da distribuição de renda, defendida por Dilma na campanha.
A reviravolta de Dilma foi mais surpreendente, mas a de Aécio é mais original no método. Veio pela TV, na amenidade noturna do fim de semana, e naquele estilo de elegância chamado "curto e grosso".
Nas próprias palavras do ainda pretendente à Presidência da República: "Na verdade, eu não perdi a eleição para um partido político, eu perdi a eleição para uma organização criminosa que se instalou no seio de algumas empresas brasileiras patrocinada por esse grupo político que aí está".
De fato, Aécio não perdeu para um partido político. Perdeu para os eleitores, petistas, peemedebistas e nada disso, que lhe negaram o voto e o deram a Dilma. Qualquer deles agora habilitado, desde que capaz de alguma prova de sua adesão a Dilma, a mover uma ação criminal contra Aécio Neves por difamação, calúnia e injúria, e cobrar-lhe uma indenização por danos morais.
Uma foto em manifestação, uma doação ou um serviço para a campanha, um cartaz ou um retrato na janela, uma propaganda no carro, em qualquer lugar do país podem se juntar às demais provas para dar uma resposta à acusação de Aécio Neves tão gratuitamente agressiva e tão agressivamente insultuosa.
É difícil admitir que Aécio Neves esteja consciente do papel que está exercendo. A situação social do Brasil não é de permitir que acirramentos, incitações e disseminação de ódios levem apenas a efeitos inócuos, de mera propaganda política. Para percebê-lo, não é preciso mais do que notar a violência dos protestos com incêndios ou a quantidade de armas apreendidas.
Se Aécio acha, como diz, que está sendo "porta-voz de um sentimento de indignação", pior ainda: fica evidente que não sabe mesmo o que está fazendo, e aonde isso o leva.
JANGO
O mistério vai persistir, porque as três linhas de perícia foram incapazes de produzir a resposta definitiva sobre a causa da morte de João Goulart. A identificação apenas de drogas para cardíacos não nega, como reconhecem as perícias, possíveis vestígios de veneno extintos pelo tempo. Mas não se justifica utilizar essa ressalva, que segue o critério científico das possibilidades hipotéticas, para questionar a validade com que, desde a exumação técnica do ex-presidente, todo o trabalho foi conduzido pela Comissão da Verdade e demais entidades envolvidas.
A família Goulart tem todo o direito de manter suas suspeitas e a procura de dar-lhes resposta final. Mas a exumação antes do que seriam outras investigações, por exemplo na Argentina, não influiu no exame pericial e não o reduz em nada.
VAI?
O governo tenta logo mais, pela quarta vez no Congresso, a alteração nas exigências legais em que suas contas deste ano não se enquadram. É um assunto conduzido com inabilidade em proporções raras. A oposição festeja, mas o governo padece é nas mãos de muitos dos seus aliados, inclusive petistas. Ainda que afinal consiga livrar-se do problema, fica um prenúncio para votações de arrochos e outras maravilhas que esquentam os tamborins para o próximo ano.
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