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sábado, 27 de março de 2010

Auspícios

A visita do presidente Lula à região não trouxe nada de novo, em termos concretos. Mas ajudou a colocar alguns - não todos os que são necessários, infelizmente - pingos nos "ii".

Primeiro: não foi tocado no assunto do aeroporto. Isso significa que tudo permanecerá como dantes no quartel de abrantes. Ou seja, a debandada das companhias aéreas continuará inexoravelmente.

A propósito, e antes que me interpelem novamente, é tecnicamente possível pousar no aeroporto de Ilhéus à noite. Mas as condições são consideradas "adversas". Por esse motivo, o prêmio do seguro que as companhias aéreas tem de pagar torna isso proibitivo. Elas usarão o aeroporto durante a noite somente em situações imprevistas, como atrasos de vôos. Mas não voltarão a operar regularmente, porque o preço do seguro seria tão alto que, ao repassar para a tarifa, não conseguiriam vender uma só passagem.

E essa situação pode efetivamente ser revertida se houver vontade política, e os instrumentos necessários forem instalados para que o aeroporto se torne viável economicamente. Uma das promessas feitas e não cumpridas pelo presidente e pelo governador.

Mas outros pingos foram colocados. Após veemente pedido do prefeito para que a velha "nova ponte" seja construída (e há que se aplaudir o prefeito ao colocar contra a parede, no limite de suas forças, o Governador e o Presidente para tentar viabilizar o projeto), o governador Jacques Wagner fez um discurso escorregadio, prometendo "rever um projeto antigo da nova ponte Ilhéus Pontal e verificar, junto ao Derba, a viabilidade do projeto". Foi aplaudido, pois pareceu que a ponte estava finalmente sendo prometida.

Não estava. Como fica claro no vídeo abaixo, que está disponível no Blog do Gusmão (leia aqui). No vídeo, o Presidente Lula, muito honestamente por sinal, reconhece que não há nenhum projeto para nova ponte e que, portanto, o pedido não está sequer no estágio de promessa. Lula deixa tudo bem claro: Ilhéus não tem nenhuma perspectiva concreta de receber a tão prometida nova ponte.



Finalmente as notícias boas: o Gasoduto está instalado, a Ferrovia parece mesmo que será licitada, e os primeiros resultados - que sejam mesmo apenas os primeiros - aparentemente já começam a aparecer.

Um grupo de empresários pretende montar uma fábrica de motocicletas em Ilhéus. A notícia está no Blog "Sarrafo" (leia aqui), embora não cite a fonte da informação. Isso é o tipo de investimento que só é possível de acontecer em função da infraestrutura prevista para o Complexo Intermodal. Notícia que desmonta, se confirmada, a alegação de alguns grupos de que o novo porto se destinará exclusivamente a escoar minério. A mim, pessoalmente, realmente parece inverossímil. Porque a empresa "dona" do Porto se negaria a aumentar a rentabilidade de seu investimento, agregando funções ao equipamento, vendendo os serviços portuários a outros empreendedores interessados?

Também há notícias de que Ilhéus será incluída nos roteiros turísticos oriundos da Europa, conforme noticiado no Jornal Bahia Online (leia aqui). De acordo com o jornal, Ilhéus recebeu a visita de representantes de uma revista alemã de turismo "com o objetivo de elaborar um diagnóstico sobre as potencialidades do município que serão publicadas em suas edições revisadas sobre o Brasil ainda este ano". Isso será viabilizado com mais facilidade a partir da existência de um Aeroporto Internacional, que poderá receber vôos fretados ou regulares, trazendo os curiosos e exigentes, mas nada avarentos, turistas da Europa para visitar estas terras do sem fim.

Bem medido, bem pesado, foi boa a visita do Presidente. Porque esclareceu algumas coisas mal explicadas, mesmo as notícias ruins como as do aeroporto e da nova ponte. Porque consolidou um pouco mais alguns projetos interessantes para toda a região, como a Ferrovia Oeste-Leste e o Gasoduto. Enfim, colocou mais esperança, sem permitir o embarque excessivo em promessas vãs, no coração das pessoas de Ilhéus.

As coisas não estão como queremos. Mas parece que há uma tendência de melhora. A esperança cresceu mais um pouco, e os tempos vindouros parecem mais auspisciosos.

Ajamos. Pois, como se diz, o Futuro começa agora.

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