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quarta-feira, 10 de março de 2010

O Óbvio Ululante

O termo, uma redundância sarcástica, foi cunhado pelo genial Nélson Rodrigues.

É "óbvio e ululante" o argumento que alguns defendem a respeito dos problemas no aeroporto de Ilhéus e, mais recentemente, da iminente decisão das maiores empresas aéreas, Gol e TAM, que devem passar a operar em Comandatuba.

Dizer que "as empresas aéreas estão indo operar em Comandatuba porque lá é mais lucrativo do que operar no Jorge Amado" é mesmo uma constatação inegável. Vê-se logo a verossimilhança desta frase, e como ela se sustenta pelos fatos e indícios. É o que Nelson Rodrigues chamaria de "óbvio ululante". Eu mesmo já havia comentado sobre isso (leia aqui).

Mas a pergunta que ninguém, nem na ANAC, nem na Infraero, nem no Governo do Estado e nem no Governo Federal responde satisfatoriamente é a seguinte: porque não se envidam esforços a fim de tornar interessante para estas empresas a operação no aeroporto Jorge Amado?

Há soluções, que dependem de decisões administrativas - algo que passa adiante das palavras, e precisa da ação. Basta instalar os instrumentos adequados, como o VOR/DME ou o ILS. Também já tive o desprazer de comentar sobre isso em meu blog, como se pode ler aqui, aqui e aqui.

Promessas, todas vazias, algumas até maldosas, não faltaram. Eu mesmo tive a infeliz oportunidade de comentar algumas (leia aqui, aqui e aqui).

Assim, dizer que as empresas aéreas buscam maximizar o lucro, e por isso passarão a operar em Comandatuba, não isenta os gestores (ANAC, Infraero, Governo Estadual e Governo Federal) de suas responsabilidades: cabe-lhes, em respeito à população de Ilhéus e região, tornar o aeroporto Jorge Amado seguro e, com isso, economicamente viável para operação das grandes companhias. É tecnicamente possível. Mas precisa estar na lista de prioridades.

Nesse sentido sobraram promessas, incluindo aí as do Governador Wagner e do Presidente Lula. Mas inexistiram ações práticas.

O aeroporto de Ilhéus é viável, e pode plenamente operar com segurança e lucratividade pelas grandes companhias aéreas até que seja substituído pelo novo aeroporto (que, aliás, até o momento também não passa de uma promessa). Mas para isso acontecer, depende de investimento, e de decisões estratégicas por parte da Infraero.

Depende de vontade política.

E a cada dia parece mais que é exatamente aí que está o problema.

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