Nos séculos XX e XXI (este ainda um embrião), uma avalanche de evoluções tecnológicas permitiu e forçou sucessivas mudanças nos paradigmas dos negócios neste mundo Capitalista.
A estrutura produtiva foi alvo de revoluções com Ford e Taylor, e depois com o “toyotismo”. A tecnologia dos transportes e das telecomunicações permitiu que as pessoas estivessem em vários lugares num intervalo muito pequeno de tempo, e que os fatos, as notícias e as inovações fossem conhecidas quase que instantaneamente.
Foram tantas as mudanças de paradigma que já há os que argumentem que o paradigma definitivo é esse: ausência de paradigmas.
Encontrou-se valor para um novo bem: Informação. E em seguida para o Conhecimento, já que, com a Internet e com o Google, a informação em si não é mais privilégio de ninguém.
E esse pessoal que, inspirado num número igual a 1 seguido de 100 zeros, batizado de “googol” pelo matemático Milton Sirotta (Google também é um monstro de história infantil), bolou uma empresa que oferecia um serviço gratuito: busca por informação.
De lá para cá o negócio vem crescendo rapidamente, e novas e impressionantes funcionalidades vão sendo agregadas ao Google original, como as buscas por imagens, ferramentas de idiomas, o Google Maps, o Google Earth, o GMail, o YouTube, etc.
Virtualmente os internautas estamos todos satisfeitos em sermos clientes dessa corporação que revolucionou o planeta. Certo?
Errado.
Não discutirei se estamos satisfeitos com o Google. Eu estou, e acho que 99% das pessoas que o usam está também. Eles promoveram uma verdadeira Democratização da Informação, universalizando o acesso como jamais antes. Em minha modesta opinião, apenas os adventos da escrita e da imprensa superam o feito “googliano”.
O ponto é outro: por incrível que possa parecer, nós na verdade não somos clientes do Google.
Mais ainda: provavelmente nós, os internautas, estamos mais próximos de sermos o Produto que o Google vende.
Vamos examinar o “Negócio Google” mais atentamente: quando fazemos uma consulta, o resultado vem quase que instantaneamente encher as páginas de nosso navegador. Mas a ordem que os endereços aparecem não é aleatória. O Google “vende” cada palavra de busca, de forma que quanto maior for o valor pago por uma palavra, maior será a probabilidade de aparecer entre os primeiros endereços quando aquela palavra for consultada.
Então, o serviço que o Google presta é, na verdade, um serviço de publicidade. Eles vendem nossa atenção, nós que estamos pesquisando, para empresas que querem se mostrar para nós. Em outras palavras, eles vendem a nós, os internautas.
Pode parecer genial, e provavelmente o é. Mas não é nada original essa idéia do pessoal da Google. A Televisão aberta, que oferece programação gratuita para as pessoas, faz algo semelhante. O mesmo se dá com o rádio. A idéia, então, remonta o início do século XX.
A grande sacada do Google foi o direcionamento: pessoas que buscam no Google estão interessadas em um assunto específico. Isso aumenta muito a probabilidade de sucesso de um anúncio.
Por exemplo: uma empresa que quer vender pacotes de férias para Ilhéus pode anunciar no Jornal Nacional, da Rede Globo. E seu anúncio será visto por inúmeras pessoas, algumas das quais efetivamente estarão interessadas em viajar a Ilhéus.
Mas quando o anúncio está associado à palavra “Ilhéus” no Google, a probabilidade de a pessoa que ler se interessar pelo anúncio é muito mais alta. Esta pessoa tem um motivo, algum interesse, que o levou a digitar “Ilhéus” no seu teclado. O anúncio é provavelmente muito mais efetivo.
E isso ficou bastante claro para os especialistas em publicidade, que não tardaram em buscar os serviços do Google como canal de anúncio aos clientes potenciais, pagando por palavras que lhe interessassem.
E assim os milhões de dólares também não tardaram em aparecer nos cofres da outrora pequena empresa fundada por dois estudantes da universidade de Stanford. Aqueles que resolveram oferecer Informação para atrair a atenção das pessoas, e então vender isso para as empresas.
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