Eu dei um sorrisinho de canto de boca quando um amigo Petista me falou, um ano atrás: “agora é certo: Dilma será a sucessora de Lula”.
Eu realmente achava que a então ministra, com menos de 5% das intenções de voto, tinha praticamente nenhuma chance. Era um daqueles que dava como certa a volta do PSDB/PFL (DEM) à presidência.
“Ela vai ganhar”, insistiu meu amigo. Mas eu não acreditava. Como reverter uma diferença tão grande, já que José Serra rondava os 40% das intenções de voto?
Eu ainda estava sem entender o porquê de o presidente Lula sempre rechaçar categoricamente a hipótese de ele mesmo ser o candidato. Com 80% de popularidade, e mais de 70% de aprovação de seu governo, não seria necessário grandes esforços para fazer uma manobra e arrumar um jeito de sair candidato.
O seu antecessor, com números bem mais modestos, não teve esses pudores. Atropelou a Constituição e conseguiu um mandato ao qual ele não tinha direito quando venceu as eleições.
Mas Lula não aceitou. “Porque é um democrata de corpo e alma” defendeu meu amigo.
Entendo que seria mais um atentado à democracia brasileira. Caso Lula tentasse tal manobra, entrincheirar-me-ia junto aos que se opusessem a isso. Mas ele não o fez, e como eu não creio tanto assim no altruísmo dos políticos, entendia que havia outro motivo. Só não sabia qual.
Mas agora eis que tudo começa a fazer sentido. O IBOPE apontou em sua pesquisa mais recente que Dilma Roussef aparece em primeiro lugar (leia aqui). O Vox-Poppuli também aponta vantagem para a ex-Ministra e no Datafolha há um empate. Mas em todos a tendência de crescimento da candidata Petista é inexorável. O Meu amigo tinha razão: ela vai mesmo ganhar.
A não ser que surja algum fato novo. Mas que seja realmente importante, não as “ declarações” do Presidente da Colômbia, tampouco as “barbeiragens” do Presidente da Venezuela.
Meu amigo Petista tinha razão. O Lula vai fazer sucessora. Provavelmente ainda no primeiro turno. E eu devia ter visto isso antes, já que as pistas estavam todas ali.
Lula não precisava sair candidato. Sabia que transferiria votos para Dilma.
O crescimento de Dilma não é inédito. Eu devia ter me lembrado de casos como Fernando Collor de Melo, que em 1988 tinha menos de 10% das intenções de voto e em 1989 é eleito Presidente. Ou Fernando Henrique Cardoso, que saiu do status de um quase desconhecido Ministro da Fazenda em 1993 para vencer ainda no primeiro turno em 1994.
Um ano é muito tempo para mudanças no quadro eleitoral.
A História se repete. A Engenharia Política que construiu os vencedores de 1989 e 1994 está terminando de forjar mais um artefato.
Outro sucesso eleitoral.
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