Não participar dos debates é hábito entre os candidatos que lideram as pesquisas eleitorais. Pessoalmente tenho visto esse fenômeno desde as eleições de 1989, quando o líder das pesquisas presidenciais, Fernando Collor de Melo, optava por não comparecer.
Contando com a anuência da maior emissora do País, que decidiu não realizar debates senão ao segundo turno das eleições.
A opção pela ausência foi repetida inúmeras vezes por candidatos de todos os matizes: Lula em 1994 não ia aos debates até perder a liderança nas pesquisas para Fernando Henrique Cardoso, que também passou a se ausentar. Em 1998 foi o tucano candidato à reeleição quem se omitiu, estratégia seguida pelo próprio Lula em 2002 e 2006.
O atual prefeito de Ilhéus, Newton Lima, enquanto candidato no ano de 2008, também se omitiu de comparecer a debates. Os exemplos não faltam, basta puxar um pouco pela memória.
Apesar de propiciar reações histéricas (e muito justas) de seus opositores, bem como defesas insustentáveis de seus aliados, observando do ponto de vista da disputa política é fácil compreender o porquê de candidatos que lideram preferirem não debater: eles não tem nada a ganhar.
De fato, como lideram a campanha, serão inexoravelmente os alvos preferenciais dos demais. Além disso, provavelmente estão mais próximos do máximo de votos que conseguirão obter. Há pouco a conquistar, muito a perder.
Ir a debates, então, é extremamente arriscado para os líderes. Desculpas esfarrapadas à parte, a verdade nua e crua é simples assim.
Só que é um grande serviço ao enfraquecimento da Democracia.
Porque a Democracia clama pela troca de idéias, pelos argumentos, pelo contraditório, pela oposição, pela denúncia. Ela suplica pelos elementos que tipicamente figuram num debate.
Pena que a legislação eleitoral não estabelece regras que obriguem todos os candidatos a se enfrentar tête-a-tête. É a melhor e mais clara maneira de se confrontarem programas, destruir discursos, apontar diferenças, apresentar críticas e denúncias.
Não havendo a obrigação, estes candidatos que lideram as pesquisas, de ouvidos muito mais atentos à vontade de seus analistas de marketing do que ao bem estar da Democracia, geralmente optam por preterir o Debate. Melhor aparecer em propaganda, comícios, eventos.
Melhor, e mais seguro, o monólogo.
Como faz o Governador Jacques Wagner que, segundo relatos, vai se ausentar de um debate aqui no sul da Bahia.
Segundo sua assessoria, por problemas de agenda. Mas provavelmente é em função de que o Governador tem pouco a ganhar em debates, e muito a perder.
Principalmente no Sul da Bahia, onde seu mandato praticamente inexistiu em termos práticos.
Cabe a ressalva de que, de uma maneira geral, Jacques tem ido aos debates. Como o da TV Aratu, onde foi, como previsito, o alvo preferencial dos adversários.
Todavia, espera-se que ele, infelizmente, passe cadavez mais a escolher cuidadosamente quando e onde comparecer. Não virá a debates no Sul do Estado, onde não tem o que defender de seu governo. Da mesma forma, não irá a debate nenhum quando sua situação nas pesquisas de intenção de voto estiverem consolidadas.
É relevante registrar que os demais candidatos, provavelmente, se comportariam da mesma maneira que o Governador Wagner se estivessem em sua posição. Não é que Wagner seja pior do que os demais neste quesito.
Ele apenas não é melhor do que eles.
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