É interessante a observação abaixo, que eu encontrei no blog do Luís Nassif (leia aqui).
De fato, a TV tem uma característica única - e um tanto nociva a si mesma nesse mundo de transformações - que é a dificuldade de dialogar. A Televisão não dialoga; ela fala. A gente ouve. Ponto final.
Ocorre que a Televisão aglutina duas propriedades que corrompem a possibilidade do diálogo. Primeiro, é uma mídia de informação instantânea. Segundo, pretende ter alcance muito amplo.
A Informação recebida da Televisão é rápida, passada na velocidade dos apresentadores e das reportagens. O expectador assiste uma matéria e, no segundo seguinte, já está sendo fulminado por outra. Isso não permite a reflexão, tampouco o senso crítico.
Some-se a isso o fato de que a vocação da Televisão é abranger o maior número possível de pessoas, de forma a maximizar seu ganho (que é a publicidade): quanto maior a assistência, mais caros os anúncios, maior o faturamento. Ocorre que, para alcançar uma área mais extensa, é necessário afastar-se muito dos expectadores. A Televisão está perdendo a identidade com as pessoas. Esse fenômeno não é tão vigoroso no Rádio, por exemplo, pois apesar de ser uma mídia instantânea, sua vocação regional aproxima as emissoras das realidades locais e possibilita um diálogo mínimo com a assistência.
Com a popularização da Internet, que é provavelmente a primeira mídia de massa que propicia a reflexão, a crítica e o diálogo - a Internet não tem um único dono, logo não tem uma única pauta - a Televisão está se vendo numa posição inédita: sendo cobrada, questionada, debatida, afrontada em seu discurso outrora dominante.
A mídia Televisiva está, assim, numa fronteira difícil. Porque pela primeira vez está lidando com uma dura realidade: conviver com o Contraditório.
O dia em que William Bonner escorregou
"A entrevista de Dilma Rousseff ao Jornal Nacional foi laboratório amplo de como o jornalismo pode utilizar estereótipos vazios em uma campanha eleitoral.
Não se vá exigir de William Bonner e Fátima Bernardes – dois ótimos apresentadores – conhecimento que vá além dos bordões das televisões. Quem detém mais conhecimento são comentaristas, especialmente os que passaram pela imprensa escrita, antes de chegarem à TV.
TV aberta não privilegia conteúdo. Trabalha sempre em cima do bordão, em geral repetitivo para poder alcançar a faixa mais ampla de público. Como tal, há um nivelamento por baixo. A arte na TV aberta consiste no apresentador falar uma banalidade em tom grave e convincente.
Mais que isso, em emissoras partidárias – como é o caso da Globo – cria-se um mundo à parte, força-se a reportagem sempre em uma mão única. E aí sucumbem vítima de um problema bastante estudado na sociologia da comunicação: acreditam que o mundo real é aquele espelhado em suas reportagens; e, como não há o contraditório interno, acredita-se na eficácia de bordões que, na verdade, só são eficientes quando não existe alguém do outro lado para rebater."
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