Pesquisar

sábado, 6 de agosto de 2011

Que militares?

Há uma teoria difusa de que a escolha de Celso Amorim para Ministro da Defesa é o primeiro motivo pelo qual anseiam os militares para perpetrar um golpe de estado no Brasil.

A pergunta é: que militares?
Não se vislumbra, no cenário nacional, nenhum movimento dos militares brasileiros contra a ordem democrática. A escolha de Celso Amorim, ou de qualquer outro nome para ministro da defesa pode, naturalmente, agradar mais alguns oficiais de alta patente do que outros. Bem como, aliás, agradará mais algumas pessoas de qualquer patente, ou sem patente, do que outras. Civis e militares tem o direito de gostar ou desgostar das decisões da presidenta.

Mas daí a apontar a iminência do golpe militar em resposta ao descontentamento nas forças armadas é um grande exagero.

Muito injusto, aliás. Erros passados foram cometidos, é verdade. Mas também é fato que os militares tem cumprido patrioticamente seu papel, e restringindo-se a ele, há décadas. Não se vislumbra qualquer fundamento em imaginar que os militares estejam tramando algo contra as instituições do Brasil.

Muito pelo contrário. Na avidez de gerar fatos políticos desfavoráveis ao governo, e na avidez de promover instabilidade na gestão da presidenta Dilma, a oposição, e parte da imprensa, está usando as forças armadas como bucha de canhão.

Deixam a sensação de que eles pretendem se amotinar contra a Democracia. Não passam de meias acusações, sem evidências, e sem argumentos concretos. Cria-se uma pseudo-crise entre o governo e os militares, totalmente inexistente e sem fundamento.

O intuito de passar a imagem de instabilidade e fragilidade do governo.

É fácil ver que o alvo das acusações não são os militares. Só que, ao fazerem isso, arranham a imagem das Forças Armadas. Às vezes falta escrúpulo na política e na imprensa.

No blog O Escrevinhador, Rodrigo Vianna discute isso, tomando por base uma certa emissora.

O original está aqui, e reproduzido abaixo.

"A Globo vai partir pra cima de Amorim: isso prova que Dilma escolheu bem!


por Rodrigo Vianna


Acabo de receber a informação, de uma fonte que trabalha na TV Globo: a ordem da direção da emissora é partir para cima de Celso Amorim, novo ministro da Defesa.


O jornalista, com quem conversei há pouco por telefone, estava indignado: 'é cada vez mais desanimador fazer jornalismo aqui'. Disse-me que a orientação é muito clara: os pauteiros devem buscar entrevistados – para o JN, Jornal da Globo e Bom dia Brasil – que comprovem a tese de que a escolha de Celso Amorim vai gerar 'turbulência' no meio militar. Os repórteres já recebem a pauta assim, direcionada: o texto final das reportagens deve seguir essa linha. Não há escolha.


Trata-se do velho jornalismo praticado na gestão de Ali Kamel: as 'reportagens' devem comprovar as teses que partem da direção.


Foi assim em 2005, quando Kamel queria provar que o 'Mensalão' era 'o maior escândalo da história republicana'. Quem, a exemplo do então comentarista Franklin Martins, dizia que o 'mensalão' era algo a ser provado foi riscado do mapa. Franklin acabou demitido no início de 2006, pouco antes de a campanha eleitoral começar.


No episódio dos 'aloprados' e do delegado Bruno, em 2006, foi a mesma coisa. Quem, a exemplo desse escrevinhador e de outros colegas na redação da Globo em São Paulo, ousou questionar ('ok, vamos cobrir a história dos aloprados, mas seria interessante mostrar ao público o outro lado – afinal, o que havia contra Serra no tal dossiê que os aloprados queriam comprar dos Vedoin?') foi colocado na geladeira. Pior que isso: Ali Kamel e os amigos dele queriam que os jornalistas aderissem a um abaixo-assinado escrito pela direção da emissora, para 'defender' a cobertura eleitoral feita pela Globo. Esse escrevinhador, Azenha e o editor Marco Aurélio (que hoje mantem o blog 'Doladodelá') recusamo-nos a assinar. O resultado: demissão.


Agora, passada a lua-de-mel com Dilma, a ordem na Globo é partir pra cima. Eliane Cantanhêde também vai ajudar, com os comentários na 'Globo News'. É o que me avisa a fonte. 'Fique atento aos comentários dela; está ali para provar a tese de que Amorim gera instabilidade militar, e de que o governo Dilma não tem comando'.


Detalhe: eu não liguei para o colega jornalista. Foi ele quem me telefonou: 'rapaz, eu não tenho blog para contar o que estou vendo aqui, está cada vez pior o clima na Globo.'


A questão é: esses ataques vão dar certo? Creio que não. Dilma saiu-se muito bem nas trocas de ministros. A velha mídia está desesperada porque Dilma agora parece encaminhar seu governo para uma agenda mais próxima do lulismo (por mais que, pra isso, tenha tido que se livrar de nomes que Lula deixou pra ela – contradições da vida real).


Nada disso surpreende, na verdade.


O que surprendeu foi ver Dilma na tentativa de se aproximar dessa gente no primeiro semestre. Alguém vendeu à presidenta a idéia de que 'era chegada a hora da distensão'. Faltou combinar com os russos.


A realidade, essa danada, com suas contradições, encarregou-se de livrar Dilma de Palocci, Jobim e de certa turma do PR. Acho que aos poucos a realidade também vai indicar à presidenta quem são os verdadeiros aliados. Os 'pragmáticos' da esquerda enxergam nas demissões de ministros um 'risco' para o governo. Risco de turbulência, risco de Dilma sofrer ataques cada vez mais violentos sem contar agora com as 'pontes' (Palocci e Jobim eram parte dessas pontes) com a velha mídia (que comanda a oposição).


Vejo de outra forma. Turbulência e ataques não são risco. São parte da política.


Ao livrar-se de Jobim (que vai mudar para São Paulo, e deve ter o papel de alinhar parcela do PMDB com o demo-tucanismo) e nomear Celso Amorim, Dilma fez uma escolha. Será atacada por isso. Atacada por quem? Pela direita, que detesta Amorim.


Amorim foi a prova – bem-sucedida – de que a política subserviente de FHC estava errada. O Brasil, com Amorim, abandonou a ALCA, alinhou-se com o sul, e só cresceu no Mundo por causa disso.


Amorim é detestado pelos méritos dele. Ou seja: apanhar porque nomeou Amorim é ótimo!


Como disse um leitor no twitter: 'Demóstenes, Álvaro Dias e Reinaldo Azevedo atacam o Celso Amorim; isso prova que Dilma acertou na escolha' ".

Um comentário:

  1. Não existem burburinhos na caserna por essa razão. Os movimentos atuais dentro das FA são pela recomposição dos soldos, apenas isso. O que é muito natural. Sempre foi, desde os meus tempos de ativa.

    ResponderExcluir

Comente aqui