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domingo, 1 de novembro de 2009

Fatos: ANAC, Empresas Aéreas e Palavra Empenhada

Há uma discussão interessante a respeito de o que exatamente mantém o aeroporto de Ilhéus sem operar plenamente, usando toda a sua capacidade. Há os que põem a culpa na ANAC e no Governo. Há os que põem a culpa nas Companhias Aéreas.

Na verdade os fatos apontam um pouco de razão nas duas linhas de pensar.

A restrição inicial ao aeroporto de Ilhéus foi para pousos de aeronaves do porte do AirBus A320, da TAM. Com isso a empresa passou a operar com os A319, e isso foi o primeiro dos problemas. O A319 trazia menos espaço para carga – fato que prejudica diretamente as empresas do Pólo de Informática – além de transportar menos passageiros – fato que afeta o Turismo e os Negócios. Além disso, como o A319 é operado na Ponte Aérea Rio-São Paulo, a empresa optou por diminuir a quantidade diária de vôos para a cidade de Ilhéus. É mais lucrativo manter os A319 ente Congonhas e Santos Dumont do que mandá-los ao Jorge Amado.

Portanto, nesse ponto há alguma razão em se dizer que os interesses das empresas afetaram as operações do aeroporto.

Mas é importante observar que tanto a Gol quanto a TAM mantinham, cada uma, uma aeronave estacionada no aeroporto de Ilhéus durante o período noturno. Os aviões pousavam durante a noite e permaneciam em manutenção até que, no final da madrugada, decolavam novamente.

Essa opção das duas empresas foi decidida estrategicamente. Porque elas têm interesse em transportar o máximo de equipamento e material das empresas do Pólo. Gol e TAM operaram dessa forma até que as operações noturnas foram suspensas pela decisão da ANAC de restringir os vôos por instrumentos – e por conseqüência os vôos noturnos – do aeroporto Jorge Amado.

Com isso tanto da Gol quanto da TAM foram demitidos dezenas de funcionários – principalmente aqueles que trabalhavam nas madrugadas.

Além disso, era no decorrer dessas horas que os porões das aeronaves eram convenientemente carregados com os equipamentos do Pólo, já que essa operação demanda algumas horas e não é simples de ser feita durante os vôos diários, cuja escala é de poucos minutos.

Logo, a restrição de vôos noturnos foi mais um duríssimo golpe contra o Pólo de Informática de Ilhéus e, portanto, contra toda a economia do Sul da Bahia.

É importante observar que as empresas aéreas mantiveram a decisão de manter seus aviões estacionados em Ilhéus durante a madrugada, gerando empregos e facilitando a logística do Pólo, até que a ANAC as proibiu de fazê-lo. Logo, as empresas tinham, sim, interesse em operar os vôos naqueles horários. É insustentável creditar apenas às empresas aéreas a responabilidade pelas decisões que tornam cada vez mais precárias as condições de operação do aeroporto. A volta das operações noturnas traria de volta os vôos "corujões", geraria mais empregos e reduziria os custos de logística das empresas do Pólo.

Bem medido, bem pesado, temos que a palavra empenhada e não cumprida do Governador e do Presidente de que o aeroporto voltaria a operar em Outubro foi, sim, mais um golpe contra a economia da cidade e da região.

É o que dizem os fatos. Os argumentos precisam se submeter a eles.

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