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quarta-feira, 26 de maio de 2010

A Última Batalha

O Presidente Lula, e sua ministra-candidata Dilma Roussef estão entre os idealizadores do Complexo Intermodal. Entendem, ao que parece, que este equipamento terá importância estratégica para o País, além de promover algum desenvolvimento econômico regional, este que tem sido um dos melhores legados do mandato do PT: o Brasil está vendo o Nordeste e o Norte se desenvolverem mais do que a média nacional, o que mostra um deslocamento do eixo Rio-São Paulo-Minas. Parece que pela primeira vez está se vendo que o Brasil é mais do que o Sudeste e o Sul.

O modelo é (mais) um sucesso da gestão do presidente Lula. Tanto que o candidato de oposição, José Serra, já manifestou sua concordância e já declarou que uma vocação natural do estado da Bahia é a navegação. E planeja incluir fortemente o estado no plano nacional de Portos. Uma constatação óbvia, sendo a Bahia o estado com maior costa Atlântica em todo o país.

Dos principais candidatos à presidência, apenas Marina Silva ainda não se manifestou favorável ao Complexo Intermodal. Mas é importante lembrar que ela era Ministra do Governo quando o projeto foi gestado. Além disso, pessoalmente não creio que ela se posicionará contra o projeto, arriscando a sua candidatura e a candidatura de seus aliados a colher uma votação incipiente na região.

A mesma análise vale para os candidatos ao Governo Estadual, onde Geddel Lima, Paulo Souto e, evidentemente, Jacques Wagner também já se posicionam favoráveis ao projeto.

Tudo isto posto, é forçoso imaginar que a próxima gestão presidencial e estadual, independentemente do vencedor no pleito de Outubro, deverá apoiar e continuar avançando o Projeto do Complexo Intermodal.

Junte-se a isso o fato de a opinião pública regional ser francamente favorável ao Projeto, e não poderia ser diferente haja vista que as alternativas ao complexo são a manutenção do empobrecimento crescente da região. Então, temos um cenário em que esta pouco aos partidários do movimento “Porto Sul Não”.

De fato, perderam o debate regional. Flagrantemente. Até com exageros, que precisam ser condenados, as pessoas de Ilhéus deixam isto bastante evidente.

Da mesma forma, não encontrarão apoio nas administrações Estadual e Federal, a se manterem os cenários políticos atuais.

Onde residirá a luta, então? Nesse sentido uma entrevista do Prof. Rui Rocha, da ONG Floresta Viva, concedida ao Blog do Gusmão (leia aqui) é muito esclarecedora.

Para ele a luta se decidirá na Justiça.

O que não significa que a luta se restringirá aos tribunais.

Um exército de excelentes advogados, que custam muito dinheiro, estará posicionado de um lado e do outro. Isso será bom para desmascarar um pouco os grandes grupos empresariais que tem interesse de parte a parte. Acho que já é mais do que passada a hora de eles mostrarem o rosto. Mas isso não será tudo.

Pois juizes são convencidos por muitos fatores. E muitas pressões. A eles cabe interpretar as leis e a interpretação é, por excelência, um exercício da Consciência. Ocorre que a consciência de qualquer ser humano é suscetível às impressões que são colhidas.

Reportagens, manifestos, abaixo-assinados, tudo isso conta. Tudo isso pode influenciar os juízes. O grupo “Porto Sul Não” já percebeu isso.

Estão preparando o terreno para a disputa. Posicionando-se na mídia, e em rede com outros grupos pelo país inteiro. Esta pode ser a última trincheira, pois todas as demais já lhes foram tomadas.

Só que pode ser a trincheira decisiva.

Não sou dado a conselhos abelhudos. Mas fico me perguntando se o Grupo dos Favoráveis (entre os quais eu modestamente me incluo, embora não seja um militante) já percebeu esta sutileza e já começou a se mover para disputar esta última trincheira. Cobrar compromissos públicos de pré-candidatos é um bom começo. Apresentar, na Rede Globo ou em outra emissora de alcance nacional, a visão da comunidade da região, denunciando a pobreza extrema que se perpetua com o modelo econômico defendido pelos partidários do “Porto Sul Não”. Enfim, ocupar espaços. Imprensa, Política, Internet.

Pois, conforme a sabedoria de Gengis Khan já ensinava, é a última batalha que decide a guerra.

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