Manifestação no Bairro Teotônio Vilela
Os moradores interromperam o tráfego na BR 415 para protestar contra a morte de uma garotinha de 6 anos, que acabou ficando no meio de um tiroteio entre gangues pelo domínio do tráfico de drogas no local.
Vítima inocente de uma guerra que não era sua. Que ela, provavelmente não sabia nem que existia. E ainda era incapaz de entender.
Pessoalmente eu apoio totalmente manifestações dessa natureza. E não aceito o argumento de que “eles podem se manifestar, desde que não incomodem os outros”.
Muito pelo contrário.
Tem que incomodar, sim. Tem que fazer a cidade inteira sentir um pouco de incômodo, para evidenciar a dor de toda aquela comunidade.
A dor, aliás, que deveria ser de toda esta pobre, e a cada dia mais pobre, ex-capital do Cacau. Mas essa lição de solidariedade as elites de Ilhéus ainda estão aprendendo.
Para alguns, parece que o problema não é de todos. É só do Teotônio Vilela. Infelizmente para essa parte da elite, não é assim. O problema não é exclusivo do Vilela. A manifestação dos moradores daquele bairro é o menor dos problemas que se avizinham de Ilhéus.
Porque a pressão social, resultante entre outras coisas do modelo de desenvolvimento falido baseado unicamente no Turismo e na Lavoura Cacaueira, só tende a se agravar, como vem se agravando nos últimos anos. Quem matou aquela criança foi um traficante, mas o tráfico, e a consequente guerra de traficantes, é um sintoma da pobreza.
Pobreza que pode até não ter chegado às elites, aos empresários do Turismo, aos fazendeiros de Cacau. Ainda. Ocorre que é apenas uma questão de tempo.
Pois a mazelas decorrentes da pobreza crescente, da falência econômica e da insistência das elites em reproduzir os mesmos modelos que não sustentam mais a economia da cidade não estão circunscritos a localidades como o Vilela e N. Sra. Da Vitória. Os estudos sociológicos são conclusivos a esse respeito: a malha social não resiste muito tempo à pobreza extrema. As pessoas buscarão alternativas para viver. E frente à quase absoluta estagnação econômica da cidade, os caminhos que restam são, a cada dia mais, os da informalidade, da mendicância ou – o mais promissor do ponto de vista financeiro – o crime.
Essas são três atividades que não param de crescer na cidade. Muito sintomático.
O crime organizado é a atividade que mais se desenvolve em comunidades pobres. Ilhéus está se inchando de comunidades assim. Isso pode ser uma bomba relógio.
São evidências de um modelo falido. Que a cidade está entendendo que precisa superar, embora parte de sua elite insista em reproduzi-lo, sabotando qualquer tentativa de mudança. São verdadeiros sabotadores do Futuro.
Parafraseando a frase (supostamente) de Getúlio Vargas: ou Ilhéus acaba com os sabotadores ou os sabotadores acabam com Ilhéus.
É isso aí. Esse pessoal que não quer que Ilhéus avance não liga para nossas crianças morrendo de fome e de bala.
ResponderExcluirO Sarrafo está certo: são Arautos do Atraso.