Interessante as notícias veiculadas de que as empresas Gol e TAM estariam transferindo parte de seus vôos para o aeroporto de Comandatuba. Leiam aqui.
O que se pode dizer a respeito?
Há quem diga que as companhias aéreas Gol e TAM tem interesse nas restrições impostas ao aeroporto Jorge Amado, e que depende apenas delas a volta à normalidade do aeroporto.
Infelizmente isso não se sustenta frente aos fatos.
Escolher espontaneamente operar em Comandatuba ao invés de Ilhéus não é obviamente a escolha mais inteligentes das companhias. Não há tantos passageiros para Comandatuba quanto para Ilhéus. As cargas precisam viajar por terra por mais quarenta quilômetros até chegar às aeronaves (ou sair delas e chegar aos seus destinos), o que encarece o preço dos fretes e aumenta o desinteresse das empresas que usam os serviços das companhias. É bobagem pensar que isso é um complô das companhias aéreas.
Ocorre que lá em Comandatuba há instrumentos, pode-se pousar à noite e com aeronaves de maior porte. Para pousar em Ilhéus durante à noite, dadas as atuais restrições do aeroporto, os custos com seguro tornariam a operação proibitiva. E é apenas esse o motivo que gera o interesse da Gol e da TAM pelo aeroporto de Comandatuba. Simples assim.
Tanto que, enquanto houve permissão para isso, elas mantiveram vôos noturno e operações com aeronaves de porte maior.
Houvessem instrumentos no aeroporto de Ilhéus para permitir tais operações, certamente as companhias prefeririam o velho Jorge Amado. Porque fica mais perto dos centros turísticos de Ilhéus e Itacaré, porque facilita o acesso por terra de cargas de frete, serviço que é contratado por empresas do Pólo de Informática, além de outras nas cidades de Itabuna, Itapetinga, Jequié e Vitória da Conquista.
Logo, a preferência das companhias seria pelo aeroporto Jorge Amado, porque facilita o acesso de cargas, e porque a quantidade de passageiros seria maior.
Mas não é possível. Ilhéus não foi contemplada pela Infraero com os instrumentos necessários. Nem pela ANAC com a conivência que se vê em outros aeroportos.
O problema do aeroporto de Ilhéus é basicamente formado por dois fatos distintos: por um lado a ANAC, com um preciosismo que, aparentemente, não se vê em outros aeroportos. Por outro, a Infraero se nega a instalar instrumentos de aproximação mais eficientes, como o VOR/DME ou o ILS (leia aqui).
No tocante à falta de investimentos por parte da Infraero, a atuação do governador do estado, que é do partido do Presidente, junto ao governo Federal, até agora não surtiu nenhum efeito prático. E de acordo com as declarações do próprio governador e do Secretário de Aviação, parece que não há mesmo força ou vontade política para resolver o problema.
A alternativa que se posa é operar em Comandatuba.
Para os empresários, custará uma hora a mais de transporte de cargas por terra. Em troca de poder usar a noite inteira para acomodar tudo nos porões das aeronaves. Porões, aliás, bem maiores, que comportam mais cargas.
Para as companhias aéreas, incluir um traslado de ônibus de Ilhéus até Comandatuba não é um custo proibitivo. Em troca do aumento do fluxo de passageiros em aeronaves que transportam mais pessoas e em horários mais convenientes.
E, evidentemente, o Hotel Transamérica, que ganha os slots das duas companhias, o que lhe valerá algum recurso financeiro, além de um aporte de hóspedes potenciais.
E a Ilhéus, já que as promessas não se realizaram, restará se conformar com o Velho Jorge Amado, operando aeronaves de pequeno porte, e apenas durante o dia. Até que venha o Novo Aeroporto.
Que, aliás, também não passa de uma promessa.
Finalmente uma reflexão sensata sobre essa questão. Até agora, só tinha lido depoimentos emocionados e bairristas de pessoas que não levam a questão da segurança a sério. O aeroporto Jorge Amado é sim um dos mais perigosos atualmente em operação regular no Brasil. E acima do cliente, vem a segurança. Parabens !! Renato Carone - www.resortsonline.com.br
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