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terça-feira, 8 de maio de 2012

Marxista lúcido

Um texto lúcido, de um (provável) marxista apaixonado que vê a questão ambiental sob a ótica da luta de classes, sem o desvairio ambientalista que se alastra pelo mundo, contra a humanidade.

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Com a proximidade da conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente, Rio + 20, o debate sobre sustentabilidade, meio ambiente, defesa das florestas etc., vai ganhando contornos irracionais e fora de qualquer parâmetro de mínimo pensamento.


Por Cristiano Capovill*

A última bobagem que acabo de ler sobre o tema está publicado na Folha de S.Paulo deste domingo. Uma entrevista com o biólogo britânico John Sulston, Prêmio Nobel de 2002 por estudos com vermes. Sem meias palavras Sulston defende que só há saída para o meio ambiente se houver um controle sobre o aumento da população e o consumo. Em outras palavras: o súdito da rainha espera que os países em desenvolvimento parem de crescer e ainda parem de ter filhos…


A prevalecer os discursos dos países ricos, a pobreza é a única alternativa "ambientalmente correta".
Sulston retoma uma velha tese do seu conterrâneo Thomas Malthus ( 1766-1834) segundo qual o crescimento populacional seria uma espécie de “praga biológica” e que o planeta ( e não o capitalismo!) não poderia resistir a essa quantidade de humanos. O velho e surrado malthusianismo racista e classista está de volta para salvar a natureza…

Essa é a nova religião da pós-modernidade: salvar o planeta, a natureza, o meio ambiente, as florestas, os animais, os rios… Já se transformou em senso comum a idéia idiota e estúpida de que o “homem vai destruir o planeta”!!!! Em nome dessa nova religião não há diferenças ideológicas ou de classe. Esquerda e direita estão de braços juntos nessa empreitada. Os primeiros por inocência útil e os segundos por puro oportunismo. O vídeo do ex vice presidente dos EUA, Al Gore, já é um clássico da “denúncia” sobre o “aquecimento global”… Sarney Filho é a vanguarda na defesa das florestas… ONGs pagas a peso de ouro na Europa e nos EUA para difundir “santuarismos” na África e na América Latina – condenando esses povos a uma implacável divisão internacional do trabalho e do saber- são consideradas “progressistas” entre os nativos ingênuos…


Basta olhar as atas da Organização Mundial do Comércio (OMC) e veremos claramente que parte considerável das barreiras comerciais aos produtos primários dos países pobres são alvos de “restrições ambientais” impostas pelos lobbies e corporações de agricultores de países ricos. O etanol brasileiro sofre com “restrições ambientais” por parte dos produtores do etanol de milho norte americanos. São essas corporações que investem em ONGs para garantir seus contratos bilionários subsidiados pelos países ricos e industrializados. Esses mesmos países que há muito destruíram suas florestas e mataram seus animais agora querem responsabilizar os pobres, negros e latinos pela destruição do planeta!!!


Para deixar as cartas sobre a mesa: do ponto de vista ontológico é IMPOSSÍVEL o homem destruir a natureza, o planeta etc.. Abstraindo a idade total do universo e do nosso planeta, fazendo um recorte somente da parte que existe vida na Terra, o ser humano nem sequer foi o maior desafio que a vida já enfrentou neste planeta. Mudanças climáticas, extinção em massa de expécies vivas, catástrofes planetárias e desastres naturais que já afetaram nosso planeta, deixam as ações humanas de depredações como um simples arranhão em um tanque de guerra. 


A única coisa que pode acontecer, sem dúvida, é nosso modo de vida se autodestruir na barbárie do capitalismo imperialista! O ser humano pode se destruir… O planeta e a vida continuarão tais e quais como há bilhões de anos.
Qualquer ação que vise despoluição ou conservação da natureza que não leve em consideração a alienação do trabalho pelo capital é inútil e ineficaz. Nós não precisamos salvar a natureza, precisamos salvar nós mesmos, a humanidade. Preservar a natureza é uma ação utópica de quem não quer discutir as causas reais da degradação humana.


*Cristiano Capovill é editor do Pneuma Ápeiron."

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