Uma constatação
sutil, inconveniente e nada alentadora começa a tomar forma. Ainda
não se pode afirmar, mas já se pode colocar o dedo na ferida: o
Complexo Intermodal, está, literalmente, afundando. E com ele as esperanças de tantas pessoas por dias melhores.
Antes era o aeroporto,
que jamais passou de promessas, nunca esteve nem no papel. Agora,
mais realistas, já não há mais quem faça nenhuma promessa. Nem o
governo do Estado, nem o governo Federal.
Restava o alento de
receber o Porto Sul e a Ferrovia. Mas infelizmente o empenho dos
interessados, leia-se governo Federal e Estadual mais a empresa
mineradora Bamin, parece ser cada vez menos relevante. Com efeito, as
ações de divulgação cessaram totalmente, e o cuidado necessário
na condução do processo não foi tomado. Talvez subestimando os
inimigos do projeto, os documentos e os estudos acabaram se mostrando
relativamente falhos, ainda que em questões minúsculas.
Ilhéus seguirá seu caminho: infra-estrutura, segurança e desenvolvimento social |
Ocorre que mesmo estas questões menores são suficientes para municiar todo o arsenal que está à disposição dos opositores. Qualquer deslize é usado com a máxima eficiência, tanto na divulgação por parte da mídia associada, quanto no tocante à relevância técnica que lhe é atribuída.
E erros mais graves
então, como um suposto plágio de algumas informações a respeito
da indústria pesqueira em Ilhéus, são como um verdadeiro banquete.
Deste modo, os erros
estratégicos vão se acumulando do lado dos que desejam ver o
projeto ser levado a cabo, enquanto os contrários, muito organizados
e municiados por ONGs, políticos, empresas e até mesmo pela mídia
nacional, começam a reverter o quadro que parecia consolidado.
Os dados estão aí: há
uma possibilidade que se avizinha cada vez mais de que haja uma
interrupção das obras da Ferrovia. Talvez por tempo indeterminado.
Além disso, o projeto de licenciamento do Porto Sul parece cada vez
mais complicado, pois a todo momento são interpostos argumentos e
levantadas dúvidas que, se não acrescentam nada de concreto à
discussão, servem ao propósito de ganhar tempo.
Tempo para a formação
de opinião pública no cenário nacional, que quase diariamente é
bombardeada com matérias tendenciosas na grande mídia. Tempo para
um sutil, mas inegavelmente eficiente, trabalho de reversão da
opinião pública regional. Basta observar que um ano atrás se
falava em 90% de aprovação do projeto. Depois os números chegaram
a algo em torno de 80% e agora já há pesquisas que apontam 73% de
aprovação.
O quadro está se
revertendo, e já se pode imaginar uma virada no jogo. É assustador,
mas simples assim. E este cenário vem se intensificando exatamente
porque falta, aos que desejam ver este projeto se realizar, a
competência e a organização dos que trabalham contra.
Postas como estão as
coisas, a reversão do quadro continuará inexoravelmente. E
provavelmente vai-se ouvir, sem que então sequer se dê muita
importância, daqui a alguns meses, que o Complexo Intermodal não
acontecerá, afinal.
E depois que o Complexo
for abandonado, e o Porto for esquecido, então Ilhéus voltará a
ser como sempre foi. E como, garantem certas pessoas da elite
regional, sempre será. E o Sul da Bahia poderá, então, seguir seu
caminho.
Rumo ao Ocaso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente aqui