Pesquisar

terça-feira, 5 de junho de 2012

À Deriva


Uma constatação sutil, inconveniente e nada alentadora começa a tomar forma. Ainda não se pode afirmar, mas já se pode colocar o dedo na ferida: o Complexo Intermodal, está, literalmente, afundando. E com ele as esperanças de tantas pessoas por dias melhores.

Antes era o aeroporto, que jamais passou de promessas, nunca esteve nem no papel. Agora, mais realistas, já não há mais quem faça nenhuma promessa. Nem o governo do Estado, nem o governo Federal.

Restava o alento de receber o Porto Sul e a Ferrovia. Mas infelizmente o empenho dos interessados, leia-se governo Federal e Estadual mais a empresa mineradora Bamin, parece ser cada vez menos relevante. Com efeito, as ações de divulgação cessaram totalmente, e o cuidado necessário na condução do processo não foi tomado. Talvez subestimando os inimigos do projeto, os documentos e os estudos acabaram se mostrando relativamente falhos, ainda que em questões minúsculas.
Ilhéus seguirá seu caminho: infra-estrutura, segurança e desenvolvimento social

Ocorre que mesmo estas questões menores são suficientes para municiar todo o arsenal que está à disposição dos opositores. Qualquer deslize é usado com a máxima eficiência, tanto na divulgação por parte da mídia associada, quanto no tocante à relevância técnica que lhe é atribuída.

E erros mais graves então, como um suposto plágio de algumas informações a respeito da indústria pesqueira em Ilhéus, são como um verdadeiro banquete.

Deste modo, os erros estratégicos vão se acumulando do lado dos que desejam ver o projeto ser levado a cabo, enquanto os contrários, muito organizados e municiados por ONGs, políticos, empresas e até mesmo pela mídia nacional, começam a reverter o quadro que parecia consolidado.

Os dados estão aí: há uma possibilidade que se avizinha cada vez mais de que haja uma interrupção das obras da Ferrovia. Talvez por tempo indeterminado. Além disso, o projeto de licenciamento do Porto Sul parece cada vez mais complicado, pois a todo momento são interpostos argumentos e levantadas dúvidas que, se não acrescentam nada de concreto à discussão, servem ao propósito de ganhar tempo.

Tempo para a formação de opinião pública no cenário nacional, que quase diariamente é bombardeada com matérias tendenciosas na grande mídia. Tempo para um sutil, mas inegavelmente eficiente, trabalho de reversão da opinião pública regional. Basta observar que um ano atrás se falava em 90% de aprovação do projeto. Depois os números chegaram a algo em torno de 80% e agora já há pesquisas que apontam 73% de aprovação.

O quadro está se revertendo, e já se pode imaginar uma virada no jogo. É assustador, mas simples assim. E este cenário vem se intensificando exatamente porque falta, aos que desejam ver este projeto se realizar, a competência e a organização dos que trabalham contra.

Postas como estão as coisas, a reversão do quadro continuará inexoravelmente. E provavelmente vai-se ouvir, sem que então sequer se dê muita importância, daqui a alguns meses, que o Complexo Intermodal não acontecerá, afinal.

E depois que o Complexo for abandonado, e o Porto for esquecido, então Ilhéus voltará a ser como sempre foi. E como, garantem certas pessoas da elite regional, sempre será. E o Sul da Bahia poderá, então, seguir seu caminho.

Rumo ao Ocaso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente aqui