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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Dia do Idoso

O dia do Idoso. Esta data era celebrada no dia 27 de Setembro. Todavia, desde a promulgação do Estatuto do Idoso em 1º de Outubro, o dia do idoso foi transferido para hoje de acordo com a lei número 11.433 de 28 de Dezembro de 2006.

Portando hoje é o Dia do Idoso.

Dever-se-ia dizer "Dia da Melhor Idade", pois a cada dia mais, devido aos avanços da Ciência e da tomada da consciência, por cada vez mais pessoas, de que ficaremos velhos – se tivermos sorte – a vida do idoso vem melhorando.

Emociona muito saber de histórias como a de dona Enedina Pereira da Silva, que completava 100 anos no dia em que concluía seu curso de alfabetização, encerrando o TOPA (Todos Pela Alfabetização), um dos mais importantes programas do governo do estado da Bahia.

De fato, não se pode negar que viver na “melhor idade” tem sido de fato cada vez melhor. A Ciência tem proporcionado longevidade às pessoas e, além disso, pesquisas em Bioquímica, Medicina Preventiva e Geriatria permitem cada vez mais que os nossos queridos velhinhos possam gozar (literalmente às vezes!) dos prazeres da vida por muitos e muitos anos. Mudanças legislativas modificaram as relações da sociedade com os idosos, garantindo-lhes mais dignidade e respeito, ressaltando um dos mais sábios entendimentos da Lei: que não se pode tratar com igualdade pessoas que são desiguais. Os idosos merecem as conquistas que vão obtendo. Isso é algo que a humanidade inteira tem que comemorar.

Mas ainda é pouco. Por exemplo, no estatuto do idoso se estabelece que eles tem o direito de não aguardar o mesmo tempo que os mais jovens pelo atendimento em filas de bancos, estabelecimentos comerciais, autarquias, etc. O espírito da Lei é óbvio: com músculos e ossos mais envelhecidos, é justo que os velhinhos e as velhinhas não fiquem tanto tempo quanto os demais em posição desconfortável – normalmente de pé – esperando por um atendimento qualquer. O desejável, e o que motivou a Lei, é que jovens aguardem mais para que velhos tenham prioridade.

Mas eis que surgem as “filas preferenciais” para Idosos, gestantes e portadores de deficiência física!

Não conheço o texto exato da Lei a esse respeito. Portanto, não cometeria aqui a leviandade de declarar ser a “fila preferencial” uma solução ilegal. Mas uma coisa se vê facilmente: as tais “filas preferenciais” afrontam humilhantemente o Espírito da Lei. Pois os idosos que pegam a “fila preferencial” acabam esperando pelo seu atendimento, e sofrendo com o desconforto, da mesma forma que os demais usuários. Algumas vezes até mais.

Por exemplo, certa vez, numa agência bancária, fiz uma conta bem simples: havia um caixa atendendo a “fila preferencial”. E haviam 12 idosos de pé nesse fila. Os demais clientes, que eram atendidos pela “fila não preferencial”, somavam 21 pessoas. E haviam 3 caixas para atende-los. Assim, na média, havia 7 pessoas para cada atendente na fila dos clientes “não preferenciais” e 12 idosos para cada atendente na fila “preferencial”. Isso sem considerar o fato de que, devido às inerentes dificuldades de audição e visão, o tempo médio de atendimento de cada um dos idosos é maior do que o dos demais clientes.

Pode até não ser contra a lei. Mas a “Fila Preferencial” é uma clara afronta ao direito dos idosos. É uma maneira de as empresas e organizações em geral atenderem ao que está disposto no Estatuto do Idoso, mas sem arcar, de fato, com o ônus de conceder o tratamento que o idoso merece: um atendimento de fato diferenciado.

Naturalmente, esse procedimento de “fila preferencial” não se resume a bancos: supermercados, repartições públicas, autarquias, etc. costumam seguir o mesmo procedimento.

Talvez este protesto aqui não passe de uma grande bobagem, mera perda de tempo, pois não há nada legal que possa ser feito. Mas permitamo-nos o direito de refletir, protestar e denunciar.

Os nossos velhinhos, que vivem sua “melhor idade” têm muito a comemorar e merecem que comemoremos com eles, a cada conquista. São, em metáfora (e realmente também), os pais, tios, avós, bisavós de todos nós. Merecem amor e respeito.

Mas ainda há muito a conquistar, para que se possa dizer que concedemos a dignidade merecida a quem já viveu uma vida inteira, e agora têm o direito de verdadeiramente gozar uma Melhor Idade.

Mais do que uma Lei, é preciso que tenhamos o coração sempre repleto de carinho e respeito por eles.

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