Em Comandatuba, participando de (mais) um Fórum empresarial, o governador Jacques Wagner fez um discurso muito feliz.
Feliz porque destruíu uns velhos argumentos sobre a gestão pública, quando comparada à iniciativa privada.
Wagner, na verdade, apenas apontou o óbvio: não existe corruptos sem corruptores. E são os empresários, a "gestão privada", que para alguns é símbolo de idoneidade e eficiência, os agentes corruptores. Servidores públicos são os corrompidos. Um não é menos culpado do que o outro.
Além desse ponto, Wagner foi além e também mostrou outra obviedade: não se pode esperar do Brasil uma estrutura estatal ágil como a que existe na China, por um motivo muito simples: no Brasil há uma série de entraves que são típicos de uma democracia.
Democracia é bom, não resta dúvidas. Mas exige investimentos (aparelhamento dos poderes) e toda uma estrutura burocrática, a fim de viabilizar a frase genial (supostamente) de Aldous Huxley: "O preço da Liberdade é a eterna vigilância".
E é isso mesmo o que torna cara e burocrática a estrutura necessária para viabilizar e manter um Estado Democrático: polícia, juízes, promotores, cartórios, câmaras parlamentares, órgãos regulamentadores/fiscalizadores, procuradorias, etc. Tudo isso demanda recursos, e todas essas instâncias de poder são entraves potenciais aos processos administrativos.
Porque numa democracia o chefe de estado não toca as obras como quer e deseja. Muito pelo contrário, ele precisa discutir, ponderar, negociar. São entraves, que provavelmente tornam as decisões mais lentas, e os processos mais dispendiosos.
Mas a alternativa, que seria um estado ágil e leve, provavelmente passa pela desestruturação de todo esse ferramental de suporte à democracia. Aí as obras sairiam do papel direto para a construção. Mas não haveria discussão, não se ouviria as pessoas interessadas, não se daria voz à oposição. A Alemanha de Hitler experimentou, antes da guerra, um fortíssimo desenvolvimento em praticamente todas os setores. Era um estado ágil e eficiente como poucos na História. Mas a que custo mesmo?
E é por isso que o Governador foi feliz em seu discurso. Porque ele mostrou que boa parte das críticas à eficiência e aos custos estatais são na verdade um preço inerente à própria democracia.
Lembrar que o preço da liberdade é a eterna vigilância é fácil. Difícil é aceitar pagar o custo dessa vigilância.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente aqui