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quinta-feira, 17 de março de 2011

Porto Velho

Nos início dos anos 90 eu morei na Região Norte. Precisamente em Porto Velho, Rondônia.

É ela mesma, a cidade da ferrovia Madeira-Mamoré, que apareceu na minissérie da Rede Globo.

E das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau.

Foram alguns meses apenas, enquanto desenvolvia um trabalho. Mas desde então a cidade ocupa um espaço enorme em meu coração. Já na época posso lhes assegurar que Porto Velho me surpreendeu muito. Antes de viajar, consultando dados do IBGE, vi que o município contava com algo entre 250 e 300 mil habitantes. Mais ou menos como Vitória da Conquista.

Mas ao desembarcar no Aeroporto (Internacional) percebi que não era como eu pensava. A capital rondoniense possui avenidas largas, excelente iluminação pública e sinalização extremamente cuidadosa. Chove muito, e o clima é bastante quente. Devido às queimadas nos meses de Setembro e Outubro, o horizonte aparecia sempre enevoado. No fim da tarde o Sol descia no meio da fumaça ganhando cores belas e assustadoras.

Debruçada sobre o Rio Madeira, que, para um nordestino como eu, parecia um verdadeiro oceano, Porto Velho mostrava uma infra-estrutura surpreendente. Trata-se de uma cidade muito bem planejada. Impressionou-me como trânsito, limpeza, saneamento, eram problemas que estavam razoavelmente equacionados.

Há um museu, que na época não recebia a devida atenção dos poderes públicos, onde se conta a história da famosa Ferrovia. Ali há uma Maria Fumaça (a “Mad Maria”) e toda uma série de maquinas e equipamentos que foram usados nos tempos áureos da Madeira-Mamoré.

Tempos de ouro que, quando lá estive, estavam no passado. Porto Velho passou décadas mergulhada numa grande estagnação econômica.

Só muito recentemente é que a economia porto-velhense recebeu o precioso impulso das duas hidrelétricas, verdadeiras locomotivas para a retomada do desenvolvimento regional. Inobstantemente a cidade também ficou no centro de uma grande polêmica: apesar das evidentes melhorias que a Capital recebeu, há denúncias de aumento da quantidade de favelas e da violência urbana, em decorrência dos empreendimentos.

Contudo, o fato é que Porto Velho recebeu 5 mil novas empresas em apenas um ano, além de 30 mil novos empregos. Segundo a Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (FIERO), o Estado possui hoje a maior taxa de ocupação da população economicamente ativa da região Norte (94,6%) e a segunda menor taxa de desemprego do Brasil. A renda média do trabalhador porto-velhense é também a mais alta da região: R$ 880,00. Bem acima da média nacional (leia aqui).

Bem medido e bem pesado, a mim não parece que os investimentos Jirau e Santo Antônio tenham sido tão ruins assim. Muito pelo contrário.

E parece que Porto Velho não pára mais. A próxima fronteira a ser explorada é o Turismo, já que a exótica Amazônia sempre despertará a curiosidade e a admiração de todos.



Saudades da Cidade e dos amigos que fiz ali. Do Tacacá na praça Madeira-Mamoré, das tardes fazendo piqueniques na beira dos igarapés, do Pirarucu de Casaca, da Costela de Tambaqui, do sublime Peixe ao Molho de Castanha do Pará, da Catedral do Sagrado Coração de Jesus, das Caixas d´Água.

Meu coração vai me convencer: um dia volto lá.

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