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terça-feira, 30 de junho de 2009

Duas para pensar

Hoje eu tou muito sem tempo prá escrever. Então colhi duas matérias para todos nós lermos e pensarmos um pouco sobre essa época de mudanças.

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A primeira, do nada reverente Paulo Henrique Amorim, publicada em seu blog, refere-se à determinação do STF, particularmente representada na pessoa do ilustre juiz Gilmar Dantas, sobre o uso das algemas pela polícia. PHA faz um paralelo de como atua a Justiça nos Estados Unidos e no Brasil.

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Que horror !

Onde já se viu um branco, rico, amigo dos ricos e dos poderosos, elegantíssimo, que mora na Park Avenue, homem do jet set sair da cadeia algemado ?
Onde já se viu isso ?
Na Rússia soviética ?
Na Alemanha de Hitler ?
Que vergonha: a que ponto chegou a decadência americana !
Deus livre e guarde os brasileiros.
Ainda bem que temos o Supremo Tribunal Federal para nos proteger dessa “espetacularização”.
Para nos proteger do avanço assustador das forças do Estado Policial !
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Paulo Henrique Amorim

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A segunda é um artigo, publicado na Carta Capital, e assinado por Ivana Bentes, que fala de recentes decisões do governo federal a respeito de sua relação com a imprensa.

Por um lado a distribuição das verbas de publicidade, que contemplarão uma quantidade maior de órgãos de comunicação - ao invés dos velhos jornalões e representantes da Grande Imprensa que se acostumaram a dividir o bolo sozinho.

Por outro lado a decisão de instituir canais diretos de comunicação com a pessoas - internet, principalmente, como por exemplo o Blog da Petrobras - tomando da Grande Imprensa a exclusividade da interpretação dos fatos políticos e oferecendo a versão real dos fatos, sob a ótica do governo evidentemente, sem a intermediação dos jornalistas.

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Quem é contra?

26/06/2009 17:07:24

A verba publicitária governamental para a grande mídia nunca foi assunto de jornal enquanto serviu a poucos grupos beneficiados. Quanto recebem em publicidade do governo os jornais e revistas de grande circulação?

Agora, os novos critérios de regionalização e investimento publicitário do governo para pequenos veículos, democratizando as verbas publicitárias, virou tema do editorial do jornal O Globo de 24/06/2009 com o título pouco sutil de "Para cooptar", que argumenta em benefício de poucos e de olho na divisão do bolo publicitário entre novos e diversos veículos, que passaram de 499 beneficiados em 2003 para 5.297 veículos em 2008. Descentralização das verbas e democratização que para o editorial do Jornal O Globo é "projeto autoritário de subjugação da sociedade".

Ou seja, enquanto o dinheiro ia para poucos veículos, tínhamos o quê? Concentração de poder econômico e político. O editorial tenta argumentar que "Não há justificativa técnica para a inserção de anúncios neste tipo de veículo", leia-se, os pequenos jornais, o midialivrismo, os cinco mil e tantos veículos das mais diversas linhas editoriais e propostas que podem "pulverizar" a verba publicitária e concorrer com a grande mídia naquilo que mais pode atingí-la: descentralização de poder econômico, descentralização de verbas publicitária$$$ e a "biodiversidade" política.

Outra pérola do Editorial: "Não é ilegal, mas se trata de indiscutível desvio de verba pública para pequenas empresas de comunicação que tendem a ficar dependentes da propaganda oficial —, ao contrário da imprensa profissional de grandes centros. (...)" Ou seja, pelo texto se deduz que o governo só deve distribuir o dinheiro público para...."a imprensa profissional dos grandes centros", ou seja, as grandes empresas de Comunicação, que já recebem esse dinheiro e que seriam "independentes" do governo, contribuindo dessa forma para aumentar ainda mais a concentração de poder econômico e político em poucos grupos.

Poder econômico concentrado na mão de poucos nunca foi sinônimo de democracia, mas justamente de poder de "chantagem" política. Por isso a reivindicação midialivrista de democratizar, re-distribuir, ampliar as verbas publicitárias para todo tipo de midia é lida pelo avesso como "o pendor dirigista e intervencionista" do governo, segundo o texto.

Estranho que a mesma mídia que celebra o uso (ainda tímido) das novas mídias pelo presidente dos EUA, Barack Obama, em contato direto com a multidão, numa experiência de democracia participativa e interativa através da internet, condene o Blog da Petrobrás por entrar em comunicação "direta", via site, twitter, novas mídias com um leitor/produtor de informação, crítico e analistas de fatos. Disputando a "interpretação" e construção das notícias, antigo privilégio das mídias de massa.

Durante o I Fórum de Mídia Livre em 2008 no Rio de Janeiro, uma das principais reivindicações e propostas do Grupo de Trabalho sobre a democratização das Verbas Publicitárias foi combater a distribuição e concentração de verbas públicas apenas para a grande imprensa e mídia do eixo Rio-São Paulo, grande beneficiária do "bolo publicitário" e das verbas do governo.

A concentração de verbas publicitárias para grupos restritos, auto-intitulados "profissionais" e que usam o critério "técnico" da audiência ou tiragem para "exigir" exclusividades privilégios no recebimento das verbas publicitárias do governo vai contra as propostas de combate a concentração de poder econômico na mão de poucos e necessidade de incentivar a pluralidade e diversidade de midias e veículos, com politicas transparentes de verbas para os pequenos veículos, a mídia regional, a internet, plataformas colaborativas de conteúdos, etc.

Depois de Obama on-line celebrado como inovação, a democracia participativa brasileira só tem a ganhar com a comunicação direta, não mediada, interativa, entre governo e sociedade, essa é a nova governança, "sem" mediadores ou com "novos" mediadores dispensando os "gatekeepers", e "guardiões" da mídia clássica que também agem como "embarreradores" da comunicação, criando "dificuldades" para a emergência de uma democracia direta no Brasil, com uma multidão de mídias.

As propostas do Fórum de Mídia livre para a Democratização das Verbas Publicitárias podem ser lidas em: em http://fml.wikispaces.com/propostas-todas--gt-verbas-publicitarias "

Ivana Bentes

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