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sábado, 27 de junho de 2009

Esses tais "Foguetinhos"

Existem fenômenos na natureza que são caracterizados pela longa e silenciosa estagnação, seguida de intensa e transformadora perturbação. Furacões e vendavais aparecem espaçados no tempo e, após se instalarem, derrubam e edificam muitas coisas no ambiente em atuam. Vulcões podem passar séculos parados e em seguida reconstruir violentamente toda a geologia de um lugar. Terremotos, tsunamis, El Niño, La Niña, a lista é quase sem fim.

Meu amigo (amigo é um eufemismo, já que tenho-o amistosamente sem sequer conhecê-lo pessoalmente - no máximo alguns diálogos virtuais) Zé Carlos Júnior é um fenômeno assim. Sabe-se pouco ou nada dele por algum tempo e, de repente, lá no site do Rabat, aparece o Etna em erupção com seus famosos "Foguetinhos". Sempre um grande estrondo.

Parabéns, Zé. Nem sempre concordo contigo. Mas reconheço que você presta um ótimo serviço a toda a comunidade. E eu vou (mais uma vez) pegar carona em seu texto, que foi publicado no site do Rabat (leia aqui).

Zé Carlos fala do trânsito da cidade. Isso por si só já deveria dizer tudo, pois qualquer pessoa que já tenha freqüentado a área de comércio no centro de Ilhéus tem uma boa idéia do que, verdadeira e matematicamente, se define como "O Caos".

Ilhéus sofre com sua idade: suas ruas são estreitas, planejadas para uma época em que os veículos eram escassos e movidos à tração animal.

Ilhéus sofre com o aumento do número de veículos em época de alta estação, porque o turista que tipicamente freqüenta a cidade vem de carro (aluga casa e não consome nada, ou quase nada, mas isso é outra história) o que causa ainda mais impacto na circulação de veículos.

Ilhéus sofre com a excessiva centralização do comércio e das atividades administrativas e bancárias que se concentram todas numa só região da cidade.

Tudo isso, por si só, já seria um problema e tanto. Mas há, como bem aponta Zé Carlos, uma série de problemas adicionais com o próprio comportamento dos condutores de veículos. Basta dar uma circulada no centro para se ver: veículos parados em fila dupla, estacionados em local proibido, além daquela famosa "paradinha prá descer um passageiro", que interrompe toda uma artéria por preciosos e cumulativos segundos.

O interessante é que o maior prejuízo fica para o comércio da cidade (além do usuário do trânsito, é claro), pois essa atividade depende fortemente de que as pessoas tenham acesso aos pontos comerciais. Considerando que toda a atividade econômica da cidade, comércio inclusive, está sofrendo uma forte retração, essa ajuda que o tráfego caótico dá, empurrando tudo para o fundo do poço, definitivamente bem poderia ser dispensada.

Curiosamente a prefeitura pode (e deve) tomar uma decisão a respeito. Há forte respaldo em lei. O Código de Trânsito Brasileiro, para ser mais preciso. O município pode estabelecer regras de circulação e estacionamento e os infratores podem (e devem) ser punidos. Basta uma boa gestão política para estabelecer acordos com a polícia Militar e para ativar a fiscalização municipal.

Seria bom para o comércio, para os usuários do trânsito e até para a administração da cidade, já que o quinhão sobre o valor arrecadado com as infrações que caberia à prefeitura seria um aporte muito bem vindo aos combalidos cofres do tesouro municipal.

Embora possivelmente desagradasse alguns condutores que se considerem acima da Lei e do interesse coletivo. Mas o Poder Público não pode ser sensível a isso. E um prefeito que foi eleito com 60% dos votos também não precisa se curvar a essas pessoas.

Não é, evidentemente, uma medida suficiente para resolver todos os problemas. Mas melhorar o trânsito de Ilhéus, exigindo a simples punição dos infratores é algo que pode ser feito com relativa facilidade.

E vai ser bom para quase todo mundo. Ou, se preferirem, para todo mundo que merece.

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