Que escolhas levou a Seleção Brasileira a um dos maiores fiascos de sua história?
Quando se trilha um longo caminho, tomando-se decisões ao longo da caminhada, inúmeros trajetos alternativos são deixados para trás. Um em cada encruzilhada.
Quando a caminhada leva ao sucesso, tudo são Louros. Todavia, quando se fracassa, a cobrança por decisões passadas é inevitável. Todos apontam caminhos que não foram trilhados e garantem que ali estava o atalho pelo qual se encontraria o êxito perdido.
Infelizmente, do ponto de vista meramente racional, é impossível saber.
A seleção brasileira fracassou. Estrondosamente. Foi o maior fiasco numa Copa América em décadas. A pior apresentação numa decisão por pênaltis de todos os tempos.
Agora é a hora de os "críticos" mostrarem as escolhas que não foram feitas, apresentando-as como as que salvariam tudo. Típico papel da imprensa e dos analistas de plantão.
Ocorre que é muito fácil fazer isso, já que ninguém jamais poderá testar essas hipóteses.
Claro que alguma coisa saiu errado com a seleção dirigida por Mano Menezes. O desempenho da equipe deixa isso incontestável. Como também ficou claro que algo saiu errado com a seleção dirigida por Dunga na última Copa do Mundo.
O que não é certo é garantir, como fazem tantos, que algum caminho evitado levaria ao triunfo. Em 2010 Dunga foi condenado por suas escolhas: não levar Ganso e Neymar, apostar excessivamente num time que não joga com "arte"... as opções dos críticos são tantas, já que tantas são as escolhas que se tem de fazer. Agora é a vez de se questionar Mano: talvez por levar Ganso e Neymar, ou por apostar excessivamente num time que jogaria com "arte". Não sei ao certo quais serão as escolhas passadas que "condenarão" a seleção de Mano; ainda não li os jornais.
Ora: se por um lado se deseja um time que jogue "bonito", faça belas jogadas, golaços, passes precisos, também se deseja um time que tenha absoluta responsabilidade com a marcação, que não tome gols "bobos", que não deixe o adversário trazer perigo.
Muitas são as escolhas, e talvez os treinadores tenham que escolher entre um ou outro caminho. Se vencer, como fez Parreira em 1994, as críticas serão sempre amenizadas. O resultado é em si um fato, que se impõe aos argumentos. Se perder, como fez Dunga em 2010, a crucifixão é inexorável. Assim é a vida, assim é o esporte, assim é o futebol. Ninguém escapa. Mesmo Telê, o grande mestre, foi crucificado em 1982 e demitido da seleção brasileira (oficialmente ele "pediu demissão", e foi atendido – a matéria da época pode ser vista aqui). Depois voltaria, fracassaria novamente, e novamente seria demitido. A derrota também é um fato inexorável, e impiedoso.
Eis que, considerando apenas os fatos que efetivamente podemos observar independente de preferências e matizes ideológicos, é forçoso reconhecer que Dunga teve, no mesmo período, mais sucesso do que Mano. A bem da verdade, o fato é que a seleção de Dunga, a principal, venceu todos os torneios que disputou antes da Copa do Mundo. Venceu, aliás, de forma maiúscula. Atropelou adversários como a Itália, Portugal e, impiedosamente, a Argentina. A equipe de Mano não mostrou tanto até agora.
Mas ao esmiuçar as circunstâncias e as opções de cada um deles, evidentemente não faltarão pessoas portando argumentos que "expliquem" o sucesso ou o fracasso de um e de outro. Argumentos eventualmente bem construídos e apresentados, mas que serão sempre baseados em escolhas que não foram feitas.
Críticas muito confortáveis de se fazer, suportadas por hipóteses que jamais serão testadas.
Assim é fácil ganhar sempre.
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