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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Indigestão

Hoje se estampa a notícia de que “O Ministério Público estadual ingressou com ação de improbidade contra o prefeito de Ilhéus, Newton Lima, e pediu a indisponibilidade dos bens do gestor”. Leia aqui.

A Promotora estadual Karina Cherubini ajusta sua pontaria para um desconto feito na folha de pagamento dos funcionários da saúde, e que deveria ser repassado a alguns bancos para pagamento de empréstimos consignados. O desconto era efetuado, mas o credor não recebia sua parte.

Em sua defesa, a Prefeitura alega que os recursos da saúde não cobririam sequer a folha de pagamento, de forma que davam conta apenas da parte dos salários que era devida, mas não honravam a prestação dos empréstimos. Neste intervalo, a dívida cresceu para mais de 1 milhão de reais, outra despesa com que os combalidos cofres municipais terão que arcar mais cedo ou mais tarde.

Newton Lima

Dá a impressão que o prefeito não sabe ao certo o que está fazendo ali. Newton parece que não sabia o que o esperava quando quis assumir o palácio do Paranaguá. Também parece que não consegue a desenvoltura necessária para desenvolver as ações mais rudimentares da administração municipal. O prefeito Lima vai sendo lentamente limado, com o perdão do trocadilho, e não dá conta de sequer esboçar qualquer tipo de reação. Tudo parecia tão fácil na época do feijão com arroz! Não sabia o prefeito que mesmo o melhor chef não sacia o apetite pantagruélico que existe no meio político?

Para muitos, este modesto escriba incluído, o resultado da gestão Newton Lima não é novidade. Não há como imaginar que um cidadão tenha estado ao lado de Valderico Reis, compondo sua equipe, sem que atenda um dos dois requisitos: ou é muito corrupto para se aquietar frente ao caos (sim, Valderico foi ainda pior!) que se abateu sobre Ilhéus, ou é muito ingênuo para não ver as inclinações e inspirações inconfessáveis daquela gestão e se manter aliado a ela. Seja qual for o caso, não deveria estar ali. Política não é lugar para ingênuos. E não deveria ser para corruptos também.

Bem medido e bem pesado, a verdade é que a Prefeitura de Ilhéus, em termos práticos, hoje não existe mais. Ou, o que pode ser pior, existe apenas para atos condenáveis aos olhos do Ministério Público. Porque alguém descontou do salário dos funcionários e não recolheu ao respectivo credor a parcela a que tem direito. É apropriação indevida, para dizer o mínimo. E é o mínimo mesmo. Nesta gestão as mazelas são tantas, e se avolumam tanto, que é difícil enumerar ou nominar.

Há poucos dias o prefeito quedou-se enfermo. Talvez em solidariedade à própria cidade que ele dirige, enfema há vários anos. Indigestão das piores.

Rogue-se para que ambos voltem a ter saúde o mais rápido possível. Neste ínterim, o vice-prefeito assume o cargo, talvez de maneira definitiva a depender do desenrolar dos acontecimentos. Aí começa a parecer um filme repetido. Ilhéus pode acordar um dia e se surpreender com uma administração eficiente, que ponha a cidade "nos eixos".

Por alguns meses, é claro. Pois as pessoas seriam as mesmas, as coligações também, os interesses idem. A mera reedição do “Feijão com Arroz” indigerível desde 2008.

As pessoas de Ilhéus vão engolir de novo?

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