Como se faz uma potência olímpica?
Curiosamente a resposta a esta pergunta é: não tentando
fazer uma potência olímpica.
Isso não fará de nenhuma nação um produtor de campeões olímpicos em escala industrial, como acontece nos Estados Unidos e na China, e acontecia na Alemanha Oriental e na União Soviética, antes do fim da cortina de ferro.
Michael Phelps: supercampeão dos EUA |
Larysa Latinina: supercampeã da URSS |
É que estas nações levam para o Esporte toda uma disputa diplomática
e estratégica de imperialismo cultural, econômico e político. Não são potências
esportivas, são fábricas de medalhas. Precisam delas para vender a imagem de
supremacia.
Numa nação que se ponha no interesse de seus cidadãos, o
investimento não é em medalhas olímpicas. Não é nos atletas vencedores. Não é
no aprimoramento dos gênios que aqui e ali são garimpados, quase que por acaso.
Deve-se buscar o Esporte como alternativa para as pessoas e
seu bem estar. Para Educação. Para diversão e lazer. Para socializar. Para afastar
pessoas de situações de risco, como a criminalidade, a prostituição e o uso de
entorpecentes.
Tratado assim, com foco na universalidade, o Esporte certamente
não gerará a mesma quantidade de medalhas que a China consegue. Não produzirá
supercampeões olímpicos como Michael Phelps, dos Estados Unidos.
Mas será o vetor de ganhos muito mais valiosos na formação
de cidadãos, na evolução da sociedade para um patamar onde exista mais justiça
social, mais ética, mais saúde. Uma sociedade melhor, com certeza.
Qualquer nação que trate o Esporte desta maneira será uma pequena Potência Olímpica. Verdadeiramente Esportiva. Não por haver uma linha de produção de super-atletas,
mas pela quantidade de talentos que, espalhados em todos os grupos, lugares e
classes sociais, acabarão sendo descobertos e promovidos.
Estes serão os campeões do Futuro. E serão muitos, fatalmente. E o Brasil poderá se orgulhar deles, com certeza. Mas lembremo-nos
sempre: este não pode ser o objetivo, e sim a conseqüência do investimento em Esporte.
A lógica, muitas vezes, é invertida do que deveria ser.
Não devemos cuidar do Esporte para produzir campeões. Devemos
produzir campeões porque cuidamos do Esporte.
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