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domingo, 26 de abril de 2009

Boca Du Mar

Quando eu me mudei para Ilhéus, lá nos idos de 2002, fiquei encantado com tantas coisas na cidade que nem conseguiria enumerar. Mas particularmente me chamava à atenção, entre outros, os bares/restaurantes Sheik e Boca Du Mar. O primeiro pela vista ímpar que propiciava aos seus freqüentadores, e o segundo pela aprazividade do lugar. Ambos somavam ótimas cozinhas e, no Boca Du Mar, ainda havia um dos melhores rodízios de sushi que já provei. Lugar interessante, de pessoas diferentes e agradáveis, era um dos endereços certos quando eu levava pessoas a um city tour por Ilhéus. Foi no Boca Du Mar que eu conheci Hassam, um garçom de Zâmbia, muito simpático e falante, com tantas aventuras a contar desde seus tempos na África, passando pela expatriação e chegando ao Brasil. Onde se encontra pessoas assim hoje em Ilhéus?

Hoje em dia nem Boca Du Mar nem Sheik existem mais como bares ou restaurantes. Reflexo da decadência desta cidade, particularmente acelerada a partir de 2004 com a escolha estúpida que seus eleitores fizeram.

O Boca Du Mar ainda existe, como “Casa de Show”. E aí vou “pongar” no texto de Zé Carlos, que foi publicado no site do Rabat (http://www.r2cpress.com.br/node/6969), para relatar que eu também, assim como milhares de outras pessoas, tive meu direito de ir e vir cerceado pelo caos que se instaurou no trânsito em função de mais um “evento” que ocorreu no Boca Du Mar na noite de sábado, dia 25 de Abril. Foi engarrafamento prá reforma de ponte nenhuma botar defeito.

Zé Carlos ponderou que a prefeitura deveria fazer alguma coisa para evitar os problemas do trânsito, já que “Proibir o Boca Du Mar de realizar festas é impossível”. Pessoalmente discordo de Zé Carlos. Por dois motivos.

Primeiro porque não há solução possível para a prefeitura apresentar: é simplesmente impossível conciliar o tráfego regular da Ponte Lomanto Júnior numa noite de Sábado com o deslocamento de milhares de pessoas em direção a um ponto localizado pouco mais de 100 metros distante da saída da ponte. Não há prefeitura nenhuma capaz de organizar o trânsito nessas condições. Os fiscais de trânsito estavam lá, suando a camisa prá fazer o que podiam e ouvindo poucas e boas dos motoristas, sem ter culpa nenhuma do caso. Mas é um problema que absolutamente não tem solução. Simples assim.

O segundo motivo de minha discordância de Zé Carlos é a respeito do Direito do Boca Du Mar. Na verdade, aos olhos da Lei, a prefeitura pode, sim, proibi-los de fazer eventos ali. Locais apropriados para shows são determinados pela prefeitura, com a expedição de alvarás. Não há o menor sentido em permitir eventos numa localização como aquela. Nada justifica a prefeitura sujeitar a si mesma e a tantos habitantes da cidade sofrer tal falta de respeito. Não sei como o Boca Du Mar conseguiu permissão para fazer eventos ali. Mas com certeza não tem sentido nenhum.

No local onde existe o Boca Du Mar pode funcionar tranquilamente um bar, um restaurante, uma boite, ou até mesmo uma igreja! Desde que use o próprio estacionamento, a fim de não importunar o tráfego normal da Avenida Lomanto Júnior. Não é possível se admitir que façam shows naquele local. O resultado sempre é o caos, com centenas de carros estacionados em local proibido, engarrafamentos que perturbam a vida de milhares de pessoas e o trânsito totalmente inviabilizado. Fico imaginando como se resolveram as pessoas que tinham ônibus à noite (para Salvador, por exemplo, sai às 10 e 40) ou, não sei se foi o caso, como se atendeu alguma emergência hospitalar. Poderia ter acontecido uma ou mais tragédias. Tudo isso a troco de que?

Espaços para eventos e shows precisam ser espaçosos, de fácil acesso, e com estacionamento amplo. Em Ilhéus há muitos lugares assim. Inclusive nas praias, tanto na costa Norte quanto na costa Sul.

Mas o Boca Du Mar não é um deles. Tomara que a prefeitura tenha finalmente percebido isso. Pelo bem dos ilheenses.

Tomara que um dia tenhamos de volta o velho e querido Boca, bar agradável, restaurante magnífico, lugar de gente interessante e divertida. Tenho muitas saudades da Musse de Coco que serviam ali, coberta com uma Calda de Chocolate espetacular.

Delícias que a cada dia se vê menos em Ilhéus.

Um comentário:

  1. É triste ver minha cidade em vez de evoluir, involuir! Cidade cheia de potencial, belezas naturais, enfim...
    Quantos restaurantes, barzinhos, lojas com potencial já fecharam? Que praga é essa que jogaram na cidade?

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