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quinta-feira, 30 de abril de 2009

Ordem e Progresso

Ordem: a Prefeitura Municipal divulgou nota, que pode ser lida no site do Rabat (http://www.r2cpress.com.br/node/7045), em que esclarece que estará preparando um esquema de condicionamento para o trânsito em função do show de Zezé de Camargo e Luciano que haverá no centro de convenções.

Progresso: a realização de um show desse porte pode significar oportunidades para as pessoas da cidade: muitos vão se divertir. Taxistas poderão trabalhar mais, ambulantes poderão vender algumas mercadorias, restaurantes e bares deverão receber um público superior à média, etc..

Apesar de o público esperado ser muito superior ao que se viu sábado passado no Boca Du Mar, eu posso adiantar que ficarei muito surpreso se houver, neste final de semana, uma fração que seja dos transtornos do sábado último, dia 25/04. Ao contrário, tudo deverá acontecer na maior Ordem possível.

O motivo pelo qual eu não espero grandes problemas com o trânsito são três fatores, muito simples de se entender: a) o local não é a unica artéria que liga duas áreas populosas da cidade. b) a Avenida tem bastante espaço, de forma que é possível se estacionar automóveis e taxis e ainda acomodar os ambulantes sem que se impeça de escoar o tráfego. c) o ponto onde fica o Centro de Convenções tem múltiplos acessos de entrada e saída de veículos, para o trânsito fluir.

Notem que nenhum desses três fatores existem no caso de shows sediados no Boca Du Mar. E alguém pode argüir: “Pôxa, Degas, o Boca Du Mar não tem culpa se não há infra-estrutura no local!”. É verdade.

Mas isso já era verdade no momento em que o Boca Du Mar foi instalado ali. Por esse motivo é que, em minha modesta opinião, a prefeitura não deve expedir alvarás que permitam o Boca Du Mar, ou qualquer outro estabelecimento localizado em local sem a infra-estrutura necessária, a realizar eventos. As pessoas não merecem isso. A cidade não merece isso. Não há que se aceitar o Progresso apenas. É preciso Ordem.

Imaginem se uma empresa de ônibus decidisse instalar o estacionamento de seus veículos no centro da cidade. A prefeitura deveria permitir? Ou, por outro lado, será que se deveria permitir um empresário instalar um curtume ao lado da Catedral e do Teatro Municipal? Um outro poderia querer usar um terreno de sua propriedade para fazer uma enorme criação de porcos do lado do Bob’s, que tal seria? Qual seria o impacto desses empreendimentos sobre os cidadãos?

Isso poderia até ser considerado, pelo menos pelos empreendedores, um certo tipo de Progresso. Mas definitivamente não seria Ordem.

O problema é que a prefeitura, nesses casos, precisa escolher entre o empresário e as pessoas que moram na cidade. E o zoneamento do município serve, em teoria, e entre outras coisas, exatamente para isso: definir que tipo de empreendimento pode funcionar em cada lugar. Daí que não se pode ter indústria no centro da cidade, nem criação de animais. Também não se pode permitir estabelecimentos que façam barulho (igrejas, casas de show, aeroportos, etc.) perto de hospitais. No fundo é tudo apenas uma questão de bom senso.

Voltando aos empresários que desejam atuar no ramo de eventos e shows, em Ilhéus há muitos lugares com ótimo potencial para se instalar casas de Show. Locais com fácil acesso de veículos e pedestres, muito espaço para pessoas e automóveis, fácil de se instalar estruturas de segurança e, principalmente, cujo impacto na vida das pessoas que moram na cidade é mínimo. À prefeitura cabe defini-los bem e fazer cumprir suas determinações. Aos empresários cabe aproveitá-los bem, mas devem fazer isso submetendo-se à Ordem.

Ordem e Progresso.
Ilhéus também merece.

Um comentário:

  1. Caro Degas, sou funcionário público e por isso não irei me identificar, adorei seu comentário sobre o assunto, muito lúcido, o único detalhe, e que ninguém ainda divulgou é que o BOCCA DU MAR, assim como mais de 50% das casas de shouw e dos estabelecimentos comerciais como um todo, não tem alvará pra nada, simplesmente fazem, porque têm sobrenome que não são os silva e souza por exemplo. para esses, a fiscalização de postura fecha os olhos, os ouvidos, a boca e todo o resto.

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