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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Novos Gênios

Depois do GP da China, para mim a maior constatação é que esse Sebastian Vettel tem toda a pinta de gênio mesmo. Ainda não é, porque é necessário um conjunto muito grande de elementos que compõem um gênio. Tem que ser rápido, prá andar nas voltas de classificação, tem que ser consistente prá ser rápido durante quase duas horas de corrida, tem que ser paciente, prá entender momentos de atuar com arrojo e momentos para atuar com prudência, tem que saber lidar com a pressão por resultados, que persegue a todos no mundo esportivo, tem que ser sensível e perspicaz prá ajudar a fornecer informações que desenvolva e ajuste o carro de corrida, tem que ter visão estratégica prá saber as reais possibilidades que cada time pode oferecer, tanto do ponto de vista técnico quanto do ponto de vista esportivo.

Somar todas as características: rapidez, consistência, paciência, resposta sob pressão, sensibilidade e visão estratégica. Isso eleva os pilotos à categoria de Gênio. Michael Schumacher, por exemplo, foi provavelmente perfeito em todos esses quesitos, exceto, talvez, correr sob pressão. Alain Prost também. Já o brasileiro Ayrton Senna lidava melhor com as pressões, mas pecava um pouco no quesito sensibilidade para desenvolvimento dos carros, bem como não era o mais paciente, exagerando algumas vezes no arrojo.

E esse Sebastian Vettel até agora ainda não mostrou nenhuma fraqueza. Por isso eu o coloco na direção de se tornar um gênio. “Calma, Degas!”, dirão alguns. “É cedo prá afirmar”.

Não estou afirmando que ele é um gênio, nem estou garantindo que ele um dia o será. O rapaz está no “princípio do princípio” de sua carreira na Fórmula 1. Ainda não foi exaustivamente testado, como com certeza será e, portanto, não foi levado aos limites que revelam as fraquezas mais escondidas de todos nós. Mas pelo pouco que já se viu, até agora não apresentou nenhuma falha. Se seguir essa trilha, certamente conquistará muitas vitórias e títulos, e provavelmente será futuramente reconhecido como um gênio. Moleque ainda, ousa até “batizar” os carros que pilota: o RBR que ele recebeu na Austrália chamava-se “Kate”. Como Kate se acidentou em Melbourne e ficou inutilizada, hoje Vettel guia a “Irmã piriguete de Kate” (tradução à baiana de “Kate’s dirty sister”).

Assim como Vettel, atualmente há apenas mais dois candidatos a gênio na Fórmula 1: um, Fernando Alonso, parece já ter chegado ao máximo de sua carreira. E é um piloto brilhante, talvez o melhor da atualidade. Mas acumula imperfeições que, para um aspirante a trilhar o caminho dos Gênios, já deveriam ter sido superadas. O outro é Lewis Hamilton; sobre o inglês, falhas de caráter e um excesso de arrojo podem ser apontados como obstáculos a serem superados. Mas Lewis é rápido como pouquíssimos pilotos, além de arrojadíssimo nas disputas. Desrespeita algumas vezes os limites da esportividade, sem dúvidas, mas isso não diminui suas possibilidades de um dia ser elevado à categoria de gênio. Para os que acompanharam, é impossível assistir Hamilton correr e não se lembrar dos primeiros anos de Ayrton Senna. São muito parecidos os dois - em qualidades e fraquezas - e, se Hamilton evoluir como se espera, trilhará um caminho tão vitorioso quanto o do brasileiro.

Aliás, falando em semelhanças, até o momento esse Vettel parece muito com seu compatriota, Michael Schumacher. Shummy, em seus primeiros anos, mostrou uma grande rapidez e consistência, além de desenvolver precocemente certas qualidades como desenvolvedor e estrategista que lhe permitiram estar tantas vezes guiando carros vencedores.

O destino não quis que assistíssemos ao duelo Senna X Schumacher. Teria sido grandíssimo. Mas, se tivermos sorte, talvez vejamos duelarem Vettel e Hamilton. E esse tem tudo para se tornar, também, um dos embates épicos da história do Esporte.

Com final imprevisível.

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