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sábado, 23 de maio de 2009

Comentário Infeliz

A minha última postagem a respeito da lamentável situação econômica em que se encontra a cidade de Ilhéus, e dos prognósticos nada animadores que se apresentam se nada for feito para mudar o rumo das coisas foi publicado no site do Rabat (podem ler aqui).

Como o texto é polêmico, recebi diversos comentários. Comentários, aliás, dos dois tipos que esperava ver: os que concordam e os que discordam. O primeiro grupo de considera um cronista realista e o segundo grupo me vê como o arauto do sétimo selo.

Bem, nem uma coisa nem outra. Minha análise não é absoluta, e em nenhum momento proponho que o cenário seja imutável. Meu objetivo é muito mais o de fomentar a discussão, para que as pessoas entendam que a economia da cidade não satisfaz à maioria de seus habitantes.

Gostaria que as pessoas de Ilhéus se perguntassem: "Porque a economia da cidade ainda se suporta no binômio Turismo-Cacau, cujos resultados são tão tímidos? A quem interessa isso? Quem ganha com isso?"

De modo geral considerei-me razoavelmente bem sucedido. Vou continuar tentando.

Ainda que tenha sido surpreendido com a infeliz colocação abaixo, que reproduzo aqui, com o devido respeito ao autor anônimo, já que partiu dele a iniciativa de tornar pública sua opinião.

"Degas
Procura outro canto para viver. Va para S Paulo. Lá é uma beleza. Voce ganha muito dinheiro.Deixa nossa gente aqui. Pelo menos ainda podemos sair nas ruas em segurança; Comer nosso acarajé, caranguejo, com preços dentro da realiadade brasileira e sem sobresaltos.Quem muito quer, nada tem.Vá passear no Morumbi, na Consolação, dar umas voltas na S. Efigênia.Pelo menos suas aplicações em Ilheus dê para comprar uma mansão na zona leste de S Paulo. AH! AH! AH!Deixa agente aqui em paz.
"

Há vários aspectos que eu poderia discutir com esse cidadão.

Primeiro que em São Paulo eu não ganharia mais dinheiro do que em Ilhéus. Eu, não ganharia. Bem entendido. Porque isso não é verdade para a maior parte das pessoas da cidade. O êxodo em Ilhéus torna sua população cada vez menor (leia em http://www.ilheusamado.com.br/?q=node/8335), porque as pessoas estão simplesmente deixando a cidade em busca de oportunidades que não encontram aqui. Um duro reflexo do desemprego, em números que já eram muito altos mesmo antes da atual "crise econômica" que, aqui, só veio piorar o que já estava ruim.

Depois poderia esclarecer que, infelizmente, os índices de violência no Teotônio Vilela, em Nossa Senhora da Vitória e na Conquista, por exemplo, não ficam a dever às piores favelas de São Paulo e do Rio.

Poderia mostrar a ele que já não há tantos lugares assim para se comer acarajé e caranguejo, já que as barracas de praia estão faturando tão pouco que não atraem mais as baianas quituteiras da forma como faziam antes (conheço uma, por exemplo, que deixou de ir vender na barraca Guarany). E também que o acarajé de Ilhéus não é nada barato, se comparado aos preços de Salvador, Feira de Santana e Itabuna, por exemplo.

Poderia dizer muitas coisas a ele. Mas decidi que não vale à pena.

Porque que ele é mais uma vítima inocente desse processo todo. Isso é, talvez, a face mais cruel do sistema: tem gente que é estuprada sem perceber.

Mas guardo minhas esperanças de que as pessoas finalmente enxerguem o que há de errado com a economia da cidade. E vejam como as coisas podem ser, se trabalharmos para transformá-las.

Porque é disso que é feito o verdadeiro motor do progresso.

Vontade.

2 comentários:

  1. Eu gostaria de não ter saído de Ilhéus, mas dificilmente volto! O problema da cidade é a própria população, que acha que ainda estão no tempo do coronelismo, ou quando o cacau valia ouro.
    Mas fácil sentar e esperar do que tentar mudar!
    beijocas pra familia

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  2. sou portuguesa e tenho dois filhos gostava de saber se illeus e uma cidade onde devo apostar para construir uma vida ai

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